Na quinta-feira (27), chegou aos cinemas “Um Completo Desconhecido”, a cinebiografia de Bob Dylan que mergulha na vida e na obra de um dos artistas mais enigmáticos e influentes da história da música. Dirigido por James Mangold, o filme traz Timothée Chalamet no papel do ícone folk e rock, explorando os primeiros anos de sua carreira, quando Dylan se transformou de um jovem desconhecido em uma voz revolucionária.
Para quem ainda não conhece a fundo a trajetória de Dylan ou quer revisitar sua obra, a lista a seguir é um guia essencial. Selecionamos 5 discos que capturam a essência de sua genialidade, mostrando por que ele é, até hoje, uma figura incontornável da música popular. Cada álbum é uma janela para um momento único de sua carreira, servindo como uma introdução perfeita para quem quer entender o impacto de Bob Dylan na cultura mundial.
The Freewheelin’ Bob Dylan (1963)

O segundo álbum de Dylan é um marco não só para sua carreira, mas para a música folk como um todo. Lançado em 1963, The Freewheelin’ Bob Dylan é um retrato cru e poético de um jovem artista em ascensão, com letras que misturam protesto, amor e reflexões existenciais.
Destaques como “Blowin’ in the Wind” e “Don’t Think Twice, It’s All Right” mostram Dylan como um mestre da narrativa, capaz de condensar questões sociais em versos simples e diretos. A produção é minimalista, com Dylan e seu violão no centro, o que reforça a intimidade e a urgência de suas mensagens.
O álbum também marca o início de Dylan como voz de uma geração, capturando o espírito de mudança dos anos 1960. Suas canções de protesto, como “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”, são atemporais, ecoando até hoje em contextos políticos e sociais.
Highway 61 Revisited (1965)

Se The Freewheelin’ consolidou Dylan como um ícone folk, Highway 61 Revisited o transformou em um “traidor do folk” ao abraçar o rock. Lançado em 1965, o álbum é uma explosão de energia criativa, com guitarras e baixos elétricos, harmonias ricas texturizadas ao som de um poderoso órgão e letras surrealistas que desafiam a lógica convencional do “antigo’ Dylan.
A faixa de abertura, “Like a Rolling Stone”, é uma obra-prima que revolucionou a música popular. Com seus seis minutos de duração e letra ácida, a música quebrou paradigmas e se tornou um hino de rebeldia. A produção, liderada por Bob Johnston, é lendária, com destaque para os solos de guitarra de Mike Bloomfield, que dão ao álbum uma textura sonora única.
Outras faixas, como “Ballad of a Thin Man” e “Just Like Tom Thumb’s Blues”, mostram Dylan em seu ápice lírico, misturando poesia e crítica social com uma dose de ironia. Highway 61 Revisited é um divisor de águas, não só para Dylan, mas para o rock.
Blonde on Blonde (1966)

Considerado por muitos o auge da carreira de Dylan, Blonde on Blonde é um álbum duplo que combina rock, folk, blues e soul em uma mistura única e expansiva. Gravado em Nashville com uma banda de estúdio de primeira linha, incluindo membros da The Hawks, o álbum é uma jornada sonora que vai do caótico ao sublime.
Músicas como “Rainy Day Women No. 12 & 35” e “Just Like a Woman” mostram Dylan em seu momento mais experimental, com letras que brincam com imagens surrealistas e melodias cativantes. A produção, mais polida que em álbuns anteriores, permite que cada instrumento brilhe, criando uma tapeçaria sonora rica e complexa.
Blonde on Blonde também marca o fim de uma era. Pouco depois de seu lançamento, Dylan sofreu um misterioso acidente de moto que o afastou dos holofotes por um tempo. O álbum, no entanto, permanece como um testemunho de sua genialidade e versatilidade.
Blood on the Tracks (1975)

Após uma década de altos e baixos, Dylan voltou com tudo em 1975 com Blood on the Tracks, um álbum profundamente pessoal e emocionalmente carregado. Inspirado pelo fim de seu casamento com Sara Lownds, o disco é uma exploração crua do amor, da perda e da dor.
Faixas como “Tangled Up in Blue” e “Simple Twist of Fate” são narrativas cheias de detalhes e nuances, que mostram Dylan em seu melhor como contador de histórias. A produção é mais contida, com arranjos acústicos que destacam a voz — já envelhecida de Dylan — e as letras do artista.
Blood on the Tracks é um álbum que ressoa com qualquer um que já tenha amado e perdido. Sua universalidade e profundidade emocional o tornam um dos trabalhos mais aclamados de Dylan.
Bringing It All Back Home (1965)

Antes de Highway 61 Revisited, Dylan já dava sinais de sua transição para o rock com Bringing It All Back Home. Dividido em um lado elétrico e outro acústico, o álbum é uma ponte entre o folk tradicional e o rock moderno.
O lado elétrico, com faixas como “Subterranean Homesick Blues” e “Maggie’s Farm”, é uma explosão de energia e irreverência, com letras rápidas e cheias de referências culturais. Já o lado acústico, com “Mr. Tambourine Man” e “It’s All Over Now, Baby Blue”, mostra Dylan em sua forma mais poética e introspectiva.
O álbum é uma prova da versatilidade de Dylan, capaz de transitar entre gêneros e estilos sem perder sua essência. Bringing It All Back Home é um marco não só para sua carreira, mas para a música popular como um todo.
Menções honrosas
Aos 83 anos e com 65 anos de carreira, a obra de Dylan é tão vasta que é impossível resumi-la em apenas cinco discos. Por isso, aqui estão algumas menções honrosas que também merecem atenção:
- Nashville Skyline (1969): Uma incursão ao country, com vocais suaves e melodias cativantes.
- Infidels (1983): Um retorno às raízes, com letras políticas e produção moderna.
- Love and Theft (2001): Uma mistura de blues, jazz e folk, com letras cheias de humor e sabedoria.
- Modern Times (2006): Um álbum que prova que Dylan ainda é relevante, décadas após seu início.
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