Primeiramente, começo esta minha review de Kingdom Come: Deliverance II sendo realista como ele, pois tenho, tenho plena convicção de que Kingdom Come: Deliverance 2 será eleito RPG do ano. Dessa forma, sua indicação na categoria de Melhor Jogo do Ano no The Game Awards é amplamente esperada.
A Warhorse Studios entregou um trabalho que honra as expectativas. Eles não apenas refinaram e organizaram a sequência, mas também responderam às críticas do primeiro jogo, considerado desajeitado. Ainda assim, o estúdio manteve sua identidade, focando em experiências hardcore e temas controversos.
Kingdom Come: Deliverance II se destaca como uma sequência impressionante. A história é bem elaborada, os diálogos são superiores a muitos outros jogos, e as mecânicas de jogo são desafiadoras e justas. Contudo, para alcançar o topo do gênero, o estúdio precisa resolver as deficiências técnicas, que são o único obstáculo para uma classificação máxima.
Esta review de Kingdom Come: Deliverance II foi realizada na versão do PlayStation 5 do título, com um código cedido pela Deep Silver.

Uma continuação direta
Neta review de Kingdom Come: Deliverance II não revelarei detalhes do enredo para manter o mistério. A história se inicia após o primeiro jogo, com Henryk em uma missão que o leva a uma jornada de crescimento em terras desconhecidas. Jogadores que não jogaram o primeiro jogo podem perder nuances importantes, como a relação com os antagonistas e a presença dos Cumanos, que aparecem em papéis diferentes. Recomendo jogar o primeiro jogo para uma experiência completa.
Adicionalmente, o jogo utiliza referências a eventos passados sem preparação, estabelecendo um cânone fixo. Consequentemente, o jogador descobre o destino do sermão de Henryk, a reconstrução de Przybysławice e outras decisões importantes, sem a possibilidade de alterar o passado.
Enredo brilhante
A narrativa e os diálogos se destacam no jogo. A história se desenvolve de forma fluida, com um final satisfatório que resolve a maioria das questões e abre caminho para uma possível sequência. Mesmo sem sequência, o final é quase completo, com algumas aberturas para expansões.

Muitas missões e tarefas
Kingdom Come: Deliverance II se diferencia pela qualidade superior das missões. Apesar de algumas tarefas repetitivas, as missões secundárias se destacam por sua extensão e complexidade, oferecendo histórias surpreendentes e escolhas morais significativas.
A exploração também é um ponto forte. Além das missões principais, os mapas revelam locais e personagens interessantes, como um ladrão de bêbados, que enriquecem a experiência. A ausência de marcadores incentiva a exploração e torna as descobertas memoráveis.
Dedique um momento para observar os viajantes nas trilhas, independentemente da velocidade da sua viagem, além disso, essa prática pode revelar missões exclusivas. Ao explorar a área ao redor de Kuttenberg, você descobrirá o valor dessa dica.

Kingdom Come: Deliverance II não é para todos
A jogabilidade é o pilar de Kingdom Come, e os desenvolvedores dedicaram atenção especial a este aspecto. Eles implementaram novas mecânicas de ferraria e refinaram as mecânicas existentes, preservando a natureza hardcore da série. Contudo, algumas simplificações foram introduzidas, motivadas por duas questões distintas.
A primeira questão envolve as habilidades de Henry. No primeiro jogo, o personagem começava com habilidades limitadas, tornando as primeiras tarefas desafiadoras. As estatísticas refletiam essa falta de habilidade, com muitas habilidades começando zeradas. Ao final do jogo, Henry acumulava vasta experiência.

A sequência precisou abordar o problema do progresso de alguma forma. Os desenvolvedores optaram por reduzir os coeficientes de habilidade. Contudo, eles não zeraram o progresso de Henry. Após o prólogo, os jogadores percebem que cada habilidade começa com um mínimo de cinco pontos em 30, o que proporciona um início mais vantajoso em relação ao primeiro jogo.
Os desenvolvedores também implementaram simplificações nos combates. Eles modificaram a mecânica central do jogo, corrigiram soluções desajeitadas e reconstruíram outras, realizando ajustes para aprimorar a jogabilidade.
Um combate realista e preciso
Os desenvolvedores reformularam o sistema de combate, que foi alvo de muitas críticas e elogios no primeiro jogo, portanto, eles simplificaram a interface de combate, facilitando o controle do posicionamento. Os jogadores agora possuem quatro opções de ataque com espadas e três com armas pesadas.
Além disso, jogadores que enfrentaram dificuldades no primeiro jogo podem simplificar o combate usando machados e maças. Para defesa, eles podem usar bloqueios e golpes magistrais. Os combos são aprendidos com treinadores, em vez de através da árvore de habilidades.
As batalhas agora são mais fluidas e rápidas, com um nível de dificuldade que aumenta com o número de inimigos. Jogadores que preferem ações mais sofisticadas podem focar em quebrar a defesa do oponente e usar movimentos espetaculares, principalmente com armas de corte.

Os desenvolvedores reorganizaram as habilidades de combate, oferecendo mais opções aos jogadores. Eles moveram os combos para uma seção separada, o que permitiu que eles reformulassem as vantagens de cada arma. Espadas mantêm sua categoria de talentos, enquanto eles combinaram machados e maças. Eles também introduziram habilidades de combate com armas de haste e integraram o arco à categoria geral de tiro, que agora inclui bestas e petrinas.
Os jogadores podem escolher entre o arco, bestas e armas de fogo, cada uma com suas vantagens e desvantagens. O arco oferece versatilidade, as bestas oferecem dano superior e as armas de fogo oferecem alto poder de dano, mas com recarga demorada.
O artesanato complexo e complicado de Kingdom Come: Deliverance II
Os desenvolvedores aprimoraram a experiência de alquimia, oferecendo mais controle e opções aos jogadores. Eles introduziram o ajuste de altura do caldeirão para controle de temperatura e removeram o cozimento automático, permitindo a criação de mais bebidas com a mesma quantidade de ingredientes, mediante vantagens específicas.
Kingdom Come: Deliverance 2 exige a preparação manual das bebidas, mas oferece opções para jogadores que desejam obter mais elixires rapidamente. Isso afeta a gestão do schnapps salvador, que permanece como a principal forma de salvar o progresso. Os jogadores agora podem comprar bebidas econômicas em grandes quantidades, devido à redução de preços.
Os desenvolvedores também introduziram a criação de poções de diferentes qualidades, permitindo que os jogadores personalizem seus elixires. A qualidade do produto final depende da precisão da preparação, com efeitos adicionais. Os jogadores encontram três níveis básicos de cada elixir, e quatro com o privilégio de maestria ativado.
O uso dos ingredientes
A Warhorse expandiu a variedade de ingredientes e aprimoraram o sistema de culinária. As plantas e a carne se deterioram com o tempo, exigindo que os jogadores sequem os ingredientes em salas de secagem espalhadas pelo mundo do jogo. Essa mecânica expande a ideia do DLC Przybysławice do primeiro jogo. Contudo, eles limitam a criação de bebidas de alta qualidade, exigindo ervas frescas.
Os secadores permitem que os jogadores explorem a variedade de ingredientes, preservando-os indefinidamente. Eles colocam os alimentos nos secadores e, após o tratamento, os alimentos permanecem preservados.
Seja um ferreiro de qualidade
O jogo implementa a ferraria como uma novidade completa, uma adição que se encaixa perfeitamente no perfil do protagonista. Eles incluíram um minijogo de criação de itens, onde os jogadores forjam armas usando projetos. A ferraria permite a criação de armas superiores às disponíveis nas lojas.
Embora a ferraria não tenha me motivado a me dedicar a ela em grande escala, aprecio a adição do módulo. Ele contribui para a imersão e expande as atividades do herói. Os jogadores também podem criar armas únicas, como espadas e machados lendários.

Além disso, os desenvolvedores ajustaram o sistema de comércio na sequência. Na primeira parte, os jogadores podiam enriquecer os comerciantes rapidamente. Portanto, agora, os comerciantes possuem valores de base limitados, incentivando a troca, especialmente para armaduras valiosas.
Qualidade de vida
Inúmeras pequenas mudanças permeiam o jogo, tornando uma descrição detalhada impraticável. Praticamente todos os aspectos da jogabilidade sofreram modificações. Destaco o novo sistema de detecção de crimes, que considera tanto a observação direta das atividades suspeitas quanto a suposição dos NPCs sobre o envolvimento do jogador em crimes, caso eles tenham registrado a presença do jogador na área. Os NPCs agora verificam seus baús, trocam fechaduras após perderem suas chaves e reconhecem roupas e objetos roubados.
Além disso, a lista de punições recebeu novas abordagens, corrigindo falhas do primeiro jogo. Antes, crimes graves resultavam em no máximo 10 dias de isolamento na masmorra. Portanto, agora, as prisões aparecem apenas na história, com novas regras no mundo aberto. A pena mais leve é o acorrentamento público, e a mais severa é a flagelação, que causa ferimentos.

Ao irritar as autoridades locais, o jogador sofre estigmatização, e comerciantes e artesãos se recusam a oferecer serviços. O contato com ferro em brasa leva à execução. Todas as punições resultam em perda de reputação, que pode ser restaurada por peregrinações penitenciais, organizadas por clérigos.
Para enriquecer a experiência, introduziram melhorias de qualidade de vida. Arbustos “blindados” foram removidos, e a interface do inventário foi reformulada, exibindo informações detalhadas dos itens. Henry pode sacar armas e beber poções da barra rápida, com o número de espaços dependendo dos cintos e bolsas. Três conjuntos de roupas podem ser trocados instantaneamente.
O protagonista pode seguir outros personagens em missões e interagir com eles enquanto cavalgam. Opções como acesso rápido ao comércio e reparo foram adicionadas. Essas melhorias aprimoram significativamente a experiência e tornam KCD2 superior ao primeiro jogo.

Quase 10, quase!
Apesar de suas qualidades, não dou nota máxima nesta review de Kingdom Come: Deliverance II, pois, ele apresenta algumas deficiências técnicas. Primeiramente, as grandes batalhas de enredo parecem limitadas, com poucos participantes. Os desenvolvedores tentam contornar isso com túneis e ruas estreitas, mas em espaços abertos, a limitação fica evidente. Além disso, os cercos são caóticos, com inimigos e aliados se esbarrando, o que prejudica a experiência. Os minijogos de cerco também são problemáticos, muitas vezes falhando quando há muitos personagens na tela.
Várias deficiências técnicas afetam o jogo. O carregamento de arquivos salvos se tornou lento no segundo mapa, e o relógio do jogo fica mais lento durante o descanso. A viagem rápida também é demorada em longas distâncias. O pior problema é a gagueira em Kuttenberg, mesmo no modo de desempenho, o que prejudica a experiência geral.
Erros de roteiro e bugs
A sequência também sofre com erros de roteiro, similares aos do primeiro jogo. Missões podem falhar devido a NPCs que param de realizar suas atividades. Por exemplo, um NPC exilado ainda aparece no mapa, e NPCs que oferecem missões secundárias não podem ser contatados. Além disso, o torneio de Kuttenberg para de funcionar, e o NPC responsável pelas inscrições perde a opção de diálogo para iniciar as lutas.
Bugs relacionados ao fechamento do aplicativo também ocorrem. O jogo trava ao abrir baús fechados após completar uma missão secundária. Além disso, o jogo trava ao passar o cursor sobre missões no diário. Completar a missão resolve o problema, mas a experiência é prejudicada.
Considerações finais: candidato forte ao GOTY
Finalizo esta minha review de Kingdom Come: Deliverance II declarando que o título se destaca como um forte candidato a melhor jogo de 2025. Como fã de jogos realistas e complexos, tinha expectativas elevadas, mas o Warhorse superou todas elas. Obtive tudo o que esperava e muito mais.
As Novas Aventuras de Henry de Skalica é um jogo essencial para os fãs de jogos imersivos. É uma obra completa, rica em conteúdo e com um final satisfatório. Embora algumas simplificações possam desagradar os puristas, o jogo mantém sua essência hardcore.
Os desenvolvedores tchecos mantiveram o conceito original, tornando-o mais acessível para jogadores acostumados a jogos de mundo aberto com elementos de RPG. Acredito que o jogo conquistará os fãs do primeiro título. No entanto, os erros técnicos podem afetar as avaliações positivas. Existe a possibilidade de que o Warhorse corrija esses problemas antes que se tornem muito incômodos.
De qualquer forma, Kingdom Come: Deliverance 2 é um jogo que vale a pena experimentar. O Warhorse demonstra que pretende criar RPGs únicos, desafiando as tendências atuais. Em um mercado saturado de jogos genéricos, não podemos permitir que essa visão seja interrompida.
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