Review | The Talos Principle: Reawakened é um grande Puzzle filosófico e existêncial

The Talos Principle: Reawakened é uma remasterização de uma “Hidden gen” do gênero de puzzle que foi lançado originalmente em 2014. Desenvolvido pela Croteam – famosos pela série de jogos Serious Sam e publicado pela Devolver Digital, Reawakened além de um ajuste geral nos gráficos e na qualidade de vida do jogo, é também o relançamento do jogo para as plataformas modernas, que inclui também as expansões de Talos Principle original.

Não era familiarizado com o jogo original, e para ser bem sincero, não conhecia o jogo até então, o que me envergonha.

O que me chamou a atenção é que além de ser um jogo de puzzle em que você controla um robô dentro de um tipo de simulação, o seu setting é também bastante peculiar com cenários cheios de ruínas que lembram a Grécia antiga, antigos templos religiosos, e até a arquitetura egípcia.

E temos também o “Elohim” (que significa literalmente Deus em hebraico) te guiando e falando em seu ouvido durante a sua jornada.

The Talos Principle é uma mesclagem muito diferente e original, os temas que o jogo aborda tem em mente filosofia existencial, e é sensacional o clima misterioso e estranho que isso gera.

Uma jornada existencial

Nós temos uma percepção do que está ocorrendo em Talos Principle por coisas sutis como diálogos de Elohim que são baseados e remetem a vários filósofos famosos, e por logs de texto e áudios. Estamos dentro de um tipo de simulação em um lugar chamado de O Jardim, em que somos testados para conseguir sigilos, evoluir e então alcançar a vida eterna, o que é algo curioso, já que obviamente somos um robô.

Somos Adão para Elohim, as suas falas remetem o que Deus disse a ele quando ele então foi concebido ao mundo, somos livres para explorar as suas terras, contanto que nós não exploremos a grande torre de seu Jardim, pois como ele diz “no dia em que você o fizer, você irá morrer”.

No decorrer da jornada, somos introduzidos a um tipo de computador de livraria chamado de Milton, e ele nos faz questionar o tempo todo, seja o comportamento humano a própria existência, esse assistente seria uma espécie de Satã nessa simulação, nos fazendo questionar e desobedecer às leis de Elohim.

O jogo não te joga uma narrativa cinemática, mas assim como toda a premissa do jogo, o que está acontecendo nesse lugar, o que aconteceu e o que exatamente estamos fazendo ali é tudo parte de um grande quebra cabeça.

Questões filosóficas sobre a existência humana e o mistério em torno disso são bastante discutidas durante o jogo, e ele é enraizado nessa premissa.

Os cenários também compõem a narrativa do jogo, como já citei exploramos ruinas estranhas com aspectos gregos, e as vezes nos deparamos com típicos computadores antigos, a estranhas tecnologias junto com uma arquitetura robusta e antiga, é fascinante as vezes como eles mesclam as coisas, e os cenários são um dos grandes incentivos a irmos em frente, além do mistério do jogo em si.

Pare, pense e aja

O gameplay do jogo gira em torno do nosso robô, temos pouco o que fazer em relação a movimentação além do básico, e não temos nenhum tipo de ataque.

A coisa aqui gira em torno dos puzzles que encontramos nesse estranho mundo, eles variam de puzzles de timing, puzzles que parecem tetris a puzzles que nos obriga a posicionar bem caixas ou parar as turrets explosivas próximas de nós, então o jogo gira em torno de resolver essas quebras cabeças, e muitas vezes ele te dá uma ótima liberdade para pensar fora da caixa, usando a física e outros métodos poucos convencionais para realizar esses desafios.

Podemos também jogar em terceira pessoa, apesar de preferir em primeira, é uma alterativa boa para quem gosta de ver o personagem e não gosta de câmeras em primeira pessoa, o jogo ainda funciona muito bem, diferente de vários que fazem a mesma coisa.

Exploração também é um bom forte do jogo, em grande parte do tempo não temos muito o que fazer além de ir em locais específicos, resolver puzzles e pegar partes que parecem peças de tetris, mas temos a liberdade de explorar os cenários na ordem que quisermos, e que em muitas vezes são vastos e curiosos, e é claro que podemos achar um segredo ou outro por eles, além de também achar coisas esquisitas e outros mistérios de áudios, diálogos e visuais.

Melhorias significativas, mas sem perder a essência

Graficamente o jogo foi reconstruído, mas mantem a mesma estrutura de fases, tendo apenas uma revisão visual em alguns lugares, temos uma iluminação mais dinâmica e melhorada também.

A engine do jogo mudou da Serious Engine para a Unreal Engine, e apesar da mudança de engine, o visual continua intacto, mantendo a mesma vibe do original. Aparentemente nada mudou na área de físicas de acordo com a pesquisa que eu realizei em comparação ao jogo original, o que significa que os exploits, os bugs e tudo que era possível no jogo original, também é possível aqui.

Melhorias foram feitas na mecânica de recorder que aparentemente era bem frustrante no jogo original, além disso o jogo tem um sistema de rewind que é bem amigável, então se o jogador se sentir preso em alguma situação maluca na exploração do jogo, ele pode voltar e não comprometer a experiencia do jogo.

 O jogo também tem mais formas de conseguir dicas quando os jogadores estiverem presos em uma das sessões de puzzle, o jogo apesar de ainda manter muito do original intacto, também faz melhorias para deixá-lo mais acessível sem perder o charme do quebra-cabeça que ele é.

De novidades temos uma nova expansão chamada “E no Começo” que se passa antes dos acontecimentos do jogo, e dá uma visão e clareza maior para os jogadores sobre o que está acontecendo no universo de Talos Principle, e mesmo sem conhecimento geral, devo dizer que a premissa é muito interessante, acompanhando Alexandra – que é uma das principais responsáveis da simulação, enquanto ela ensina um Elohim infantil sobre a sua missão no futuro.

As outras expansões do jogo original também se encontram nessa versão, então deve ser de longe a melhor forma de jogar Talos Principle atualmente.

A trilha sonora do jogo é poderosíssima, compondo toda a atmosfera contemplativa e divina que o jogo passa, todas elas compõem bem os mundos que exploramos durante a nossa jornada no jogo.

E a dublagem também é muito boa, o jogo é dublado em PT-BR e eles fazem um ótimo trabalho, Elohim tem aquela vibe forte de Cid Moreira sensacional, e ele não poderia ter uma voz melhor que essa.

No mais, os efeitos sonoros do jogo são bem característicos e muito bons, alguns deles são um pouco esquisitos pois eles têm esse jingle de 8-bit, mas é outra coisa que se casa bem com o jogo, ainda mais por ele se passar dentro de uma simulação, o pessoal da área de áudio está de parabéns.

Considerações Finais

Jogos de puzzle em um geral não são o meu forte, o tempo que eu levo zerando eles são o dobro do que eu levo zerando qualquer outra coisa, mas eu me sinto um pouco decepcionado comigo mesmo por não ter conhecido Talos Principle antes dessa oportunidade de escrever sobre o jogo.

O jogo toca em temas interessantíssimos e é de longe um dos jogos mais profundos que eu já joguei na vida, toda sua narrativa e a forma que ele apresenta os temas são inspiradores e extremamente bem pensados, toda a atmosfera que isso se cria é fantástica, e isso é um grande combustível para continuar a jornada dentro do Jardim de Elohim.

The Talos Principle é extremamente “underrated” e desconhecido pelas massas, ele é bem parecido com Portal (essa comparação era inevitável!) na forma em suas apresentações visuais, e claro, em seus puzzles. Mas Talos Principle é muito especial e único, em partes eu o prefiro a série Portal. Portal provavelmente atrai mais pessoas pelo jeito que a sua narrativa é contada, mas The Talos Principle é simplesmente o tipo de coisa que é a minha vibe.

Se você busca uma experiencia quase de descobrimento sobre a existência em geral do ser humano, gosta de histórias baseadas em vários contos mitológicos e ainda questionar a sua realidade, esse é sem dúvidas um jogo que merece muito a sua atenção, e se você gostar de jogos de Puzzle 3Ds, melhor ainda!

Mesmo se sua praia não for esse tipo de jogo, eu acho que ainda vale a pena checar The Talos Principle, aproveitando que Reawakening é uma das melhores formas de jogar esse clássico cult.

É de longe um dos melhores jogos que eu tive o prazer de jogar esse ano, e é uma pena que ele não seja tão conhecido como ele deveria ser.

Um agradecimento a Devolver por terem disponibilizado esse grande jogo para Review! The Talos Principle: Reawakened foi lançado no dia 10 de abril de 2025, para PlayStation 5, Xbox Series, e PC.

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Escritor Freelancer, tenho como paixão primária em videogames e principalmente em JRPGs, apesar de amar cultura pop em geral.