Capcom Fighting Collection 2 é uma coletânea de jogos de luta lançados lá para o começo dos anos 2000 pela Capcom, faz parte de um dos projetos de relançamentos da empresa onde ela reúne seus jogos de luta clássicos em coletâneas únicas, cheias de features e funções online, além de algumas surpresas novas.
Essa coletânea em específica era uma das que eu mais estava empolgado a respeito, por ela ter jogos que eu nunca imaginaria que iriam ver a luz do dia fora emulações e Fighcade no PC. Aqui temos os jogos de luta 3D da Capcom como Star Gladiator; Project Justice; e os grandiosíssimos Power Stone 1 e 2.
Já na parte de jogos de luta tradicionais temos Street Fighter Alpha 3 Upper (que estava preso no Dreamcast); Capcom Fighting Evolution (falo dele mais tarde); e para a surpresa de todos, Capcom vs SNK 1 (Pro) e 2, o primeiro sendo muito especial de se ver na coletânea, pois ele não teve releases como o segundo jogo, e era bem mais fácil achar a versão de PlayStation 1, que é bem inferior à do arcade.
Apresentação de UI confortável e decência na qualidade visual

A Capcom evoluiu muito em apresentação visual desde a collection de 30 anos de Street Fighter – que tecnicamente seria a primeira dessas coletâneas, e ela além de ter um input delay horrendo na UI (e nos jogos), também tinha efeitos sonoros e visuais que estragavam toda a experiencia dos jogos, e principalmente de Street Fighter 3, que é um jogo com uma vibe predominante.
Essa coletânea não é um remaster e nem um remake desses jogos, são apenas relançamentos, então o visual dos jogos continua intacto com o que eles eram em suas vidas passadas, mas isso não quer dizer que não temos melhorias nesses aspectos.
Temos a opção de melhoria de resolução interna, que faz os gráficos 3D dos jogos se adaptarem bem as TVs modernas, então eles deixam de ter serrilhados e possuem uma qualidade gráfica mais suave nas telas.

Mas infelizmente não temos maiores opções nos consoles de mesa, apenas no PC, então em uma TV 4K pode até ficar bom, mas não tão bom quanto deveria ser, ainda assim, é uma ótima melhoria gráfica e realmente melhora bastante os jogos 3Ds.
Já para ajudar na visualização das sprites, temos vários efeitos de filtros com scanlines e um filtro horroroso de smooth. As scanlines que variam de scanlines suaves a fortes para emular a suavidade que tínhamos com as sprites nas grandiosas TVs de tubo. Eu pessoalmente não sou um grande fã desse efeito, eu acho que muitas vezes elas deixam a tela muito escura, mas as opções que essas coletâneas propõem são ótimas, é uma suavidade que não estraga muito a experiencia, o trabalho que fizeram no filtro scanline é excepcional.

Então o visual dos jogos em geral está intacto, todos eles são emulações da versão de Arcade desses jogos que rodavam na placa Naomi que era uma placa que tinha basicamente o mesmo poder de um Dreamcast, então Power Stone tem toda a glória visual de um típico jogo de Dreamcast.
Meu precioso Capcom vs SNK Pro tem tudo que a versão de arcade tinha direito, as aberturas sensacionais das stages estão aqui, junto com os belos efeitos visuais que só as stages desse jogo proporcionam, como a sombra dos personagens refletindo no fundo, ou o fogo criando um efeito visual nas sprites dos personagens, tudo simplesmente divino.

Eu amo CvS 2 de coração, e eu acho que ele é um dos melhores jogos de luta já feitos, mas ele perde feito em apresentação visual em comparação ao 1. Os cenários do 2 são sensacionais ainda, mas eles empolgaram muito no 3D e não entregaram as VIIBES e o carinho nas apresentações que o 1 tinha.
Mas o narrador do 2 sem dúvidas é bem melhor que a IA esquisita do 1.

Por falar em vibes, o campeão de identidade visual forte aqui sem dúvidas é Project Justice, que MEU SANTO CRISTO, esse jogo respira estilo e identidade, tudo nele é estiloso!

A UI de escolher os personagens; a arte dos personagens; os efeitos sonoros dos menus; até mesmo a UI da barra de vida e especial dos personagens, é tudo incrível e é uma das maiores inspirações visuais que eu tenho na minha vida, em minha opinião, ele foi o ápice do estilo visual da Capcom.

Já no restante não tenho muito o que dizer, Street Fighter Alpha 3 Upper tem o mesmo visual que SF A 3 sempre teve, e Star Gladiator é bem inferior aos outros 3Ds que também estão presentes nessa Fighting Collection 2, mas ainda tem uma forte identidade visual, é o nosso Star Wars da Capcom e não fica melhor que isso.

E claro, vamos tirar o elefante da sala. Capcom Fighting Evolution continua com esse visual lavado e esquisito que só ele tem, com stages que parecem uma grande colagem aleatória de PNGs da Capcom, e com sprites jogadas de jogo para jogo, nada aqui combina visualmente e é um terror feito por alguém com bastante “paixão” por design gráfico.

Mas ainda assim, eu não consigo odiar esse jogo visualmente, em gameplay ele não é lá essas coisas, e eu definitivamente não jogaria esse jogo mais de uma vez, mas eu o acho muito único visualmente, e ele é uma lembrança distante de uma das piores épocas dos jogos de luta da Capcom, uma época em que ela quase abandonou os jogos de luta.
Mesmo com todo esse burburino, ele tem muito o que ser elogiado, a arte do Shinkiro para esse jogo é de longe um dos melhores trabalhos dele, e seu shade na arte desse jogo é lindo e espetacular, uma pena que in-game o jogo não reflete esse belo trabalho artístico.

Gameplays intactas e boas melhorias na qualidade de vida:
Capcom Fighting Collection 2 não altera nada na parte de gameplay dos jogos, até porque não tem o que alterar, sinceramente, podemos escolher tanto a versão japonesa quando a versão americana dos jogos no menu, mas pouco muda o gameplay delas.
Aqui de novidades temos modos de treino para todos os jogos, onde eles possuem a visualização das hit e hurt boxes, para melhorar o desempenho no treino, além de modos online como Ranked, Casual, Lobby etc. Infelizmente o maior pecado da collection é não ter crossplay entre as plataformas, não sei os detalhes técnicos para isso não ser possível, mas é algo que faria uma grande diferença, já que o netplay dessas coletâneas é excelente.
Jogar Power Stone 2 com 4 players online é um sonho realizado, e é tão divertido como deve ser, faltou apenas o crossplay e quem sabe eles não adicionem no futuro… quem sabe.

Para quem não tinha conhecimento, Power Stone 1 e 2 são diferentes dos jogos de luta tradicionais, ele é um tipo de Arena Fighter (o possível pioneiro no gênero) com a bagunça de Smash Bros, e ele é extremamente único por isso, ele deveria ser o jogo que todo jogador casual deveria testar antes de ver o restante, pois a diversão que ele proporciona é única demais.
Belos remixes e novas pegadas nos efeitos sonoros

Na coletânea de Street Fighter como eu citei acima, a Capcom errou a mão nos efeitos sonoros dos menus. A Capcom rapidamente corrigiu isso na Fighting Collection 1, onde eles se atentaram a colocar músicas e efeitos sonoros agradáveis nos menus, que se casam com a vibe geral que a toda coletânea carrega.
Mas a segunda coletânea me surpreendeu um pouco, mais ainda que a do Marvel vs Capcom, pois além deles terem feito remixes de TODAS as músicas dos jogos, eles também mudaram os efeitos sonoros de vários deles.
Então Capcom vs SNK 2 tem um novo narrador, mas não se preocupe, pois podemos alterar entre os SFXs clássicos e novos no menu de opções do jogo.
Então foi um trabalho primoroso que eles fizeram aqui, uma verdadeira celebração do que fez esses jogos tão especiais.
Considerações finais

A maior surpresa aqui é sem dúvidas ver que a Capcom e a SNK voltaram a serem parceiras recentemente, e finalmente tiraram esses clássicos de suas prisões além das parcerias em seus jogos de luta do momento.
Com o Terry e a Mai sendo personagens jogáveis em Street Fighter 6, e Ken e Chun-Li sendo os mesmos em Fatal Fury: City of the Wolves, tudo indica que Capcom vs SNK 3 não está tão longe de ser uma realidade.
Essa coletânea é praticamente um sonho realizado, demorou muito para termos esses jogos com boa acessibilidade nas plataformas, e na época que eu jogava bastante jogo de luta, era muito difícil emulá-los, então ter eles com uma boa acessibilidade assim é algo muito gratificante, são excelentes jogos de luta que todos deveriam experimentar.

Outra coisa que Capcom Fighting Collection 2 nos traz também é uma época meia sombria para jogos de luta, onde os jogos de luta em 3D reinavam e os 2D ficaram bastante de escanteio, a Capcom não conseguiu se encaixar bem na turma de 3D apesar vários jogos excelentes, e depois do fracasso monumental de Fighting Jam, eles meio que largaram de mão.
Está difícil criticar negativamente a Capcom recentemente, temos quase todos seus jogos de luta clássicos em nossa disposição, e da melhor forma possível, além de um ótimo online-play. Eu acho que somente os Street Fighters precisariam dessa revisão em geral, a primeira coletânea infelizmente pecou muito, e se eles tivessem esse tratamento, teríamos a melhor forma de jogar os Street Fighters.
É uma felicidade e tanto poder jogar Power Stone 2 com meus amigos, e eu não poderia estar mais feliz com a Capcom, uma pena que o crossplay não é suportado por esses jogos.
Apenas traga Breath of Fire de volta também, já que ele teve um bom auê com o relançamento na GOG, por favor!
Para mais informações adicionais sobre os jogos, eu recomendo acessarem o site oficial da Capcom sobre a coletânea.
Um agradecimento a Capcom Brasil por terem disponibilizado a key para review! Capcom Fighting Collection 2 foi lançado no dia 16 de maio de 2025, para PlayStation 4 e retrocompatibilidade com PlayStation 5, Xbox One e retro com o Series, Nintendo Switch e PC.
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