Esta review de Elden Ring Nightreign chega após quatro meses desde minha primeira análise preliminar, quando a prévia já havia deixado sinais mistos. Naquele momento, o potencial do jogo era evidente, mas algumas dúvidas pairavam sobre sua real identidade dentro do legado da From Software. Agora, com o jogo completo em mãos, fica claro: embora Nightreign ofereça momentos de diversão, ele não consegue carregar o peso e a profundidade que consagraram o estúdio
Portanto, temos aqui um título que entretém até certo ponto, com um combate funcional e um mundo visualmente interessante. No entanto, falta-lhe a alma, a tensão e o impacto narrativo que marcaram obras anteriores como Bloodborne ou o próprio Elden Ring. Assim, convido você a mergulhar nesta análise completa para entender por que Nightreign pode divertir, mas dificilmente irá cativar como seus antecessores.

Um ciclo repetitivo com poucas surpresas
Nesta review de Elden Ring Nightreign, fica evidente já nas primeiras horas que o título adota uma estrutura bem diferente da fórmula consagrada da FromSoftware. O jogo se organiza em ciclos de três dias, cada um com duração de aproximadamente quinze minutos. Durante esse tempo, os jogadores precisam explorar rapidamente, reunir recursos e eliminar inimigos menores.

Entretanto, assim que a noite cai, uma chuva corrosiva começa a tomar conta da área de jogo, reduzindo continuamente o espaço disponível e forçando os jogadores a avançarem até o chefe da noite. Portanto, a mecânica lembra diretamente a lógica de zonas seguras dos battle royales, criando uma tensão artificial que exige deslocamento constante.
O terceiro dia reserva o maior desafio, culminando em batalhas finais que exigem preparação e cooperação. No entanto, o mapa, inspirado na já conhecida Sepulchre, recicla muitos dos ativos do jogo original. Embora sua estrutura procedural altere o posicionamento de inimigos e pontos-chave, a variedade logo se mostra limitada, resultando em repetições perceptíveis após poucas sessões.

Reciclagem e pouca inovação
Desde o início, Elden Ring Nightreign demonstra sua natureza derivativa. A ausência de novidades significativas evidencia uma tentativa clara de capitalizar o sucesso monumental de Elden Ring. Assim, ao repetir as expedições, rapidamente se percebe que:
- As variações de cenário são mínimas;
- A disposição dos inimigos segue padrões previsíveis;
- As mudanças de rota pouco influenciam a estratégia geral.

Portanto, a proposta roguelike, que poderia trazer frescor, acaba reforçando a sensação de um produto montado para manter a marca viva, mas sem o mesmo cuidado artesanal que caracterizou a franquia.
Personagens fixos e progressão aleatória
Ao iniciar uma partida, os jogadores escolhem entre oito personagens pré-definidos, cada um com habilidades únicas. A progressão ocorre através de relíquias permanentes, obtidas tanto em vitórias quanto em derrotas. No entanto, essas melhorias são aleatórias, e muitas vezes as recompensas recebidas oferecem pouca ou nenhuma utilidade para as próximas tentativas.

Além disso, o desafio solo é brutalmente punitivo. Tentar finalizar toda a jornada sozinho beira o impossível, e mesmo em duplas a dificuldade permanece desbalanceada. Portanto, o jogo encontra seu equilíbrio ideal em partidas com três jogadores, quando as habilidades específicas de cada personagem começam a se complementar de forma eficaz.

A frustração do multiplayer aleatório
Entretanto, por se tratar de um jogo fortemente dependente da cooperação, Elden Ring Nightreign também sofre com um problema crônico: a qualidade inconsistente dos companheiros aleatórios. Não é incomum encontrar:
- Jogadores individualistas, que não cooperam;
- Falta de coordenação e comunicação entre o grupo;
- Grupos desorganizados que comprometem toda a sessão.

Assim, o prazer de jogar aparece somente quando o time encaixa perfeitamente, com comunicação eficiente e sinergia nas ações. Nestes momentos, o jogo revela um potencial que, infelizmente, é difícil de atingir de forma constante.
Uma simplificação excessiva
Ao contrário do Elden Ring original, onde a construção do personagem envolvia escolhas cuidadosas de atributos e estratégias a longo prazo, aqui a progressão é automática. Cada morte reduz o nível do personagem em um, mas nunca abaixo do nível inicial. As runas perdidas podem ser recuperadas ao derrotar os inimigos que as tomaram ou ao retornar ao local da morte — um sistema reminiscente de Bloodborne.
No entanto, a simplificação elimina parte fundamental do charme dos soulslike:
- Não há construção profunda de builds;
- A estratégia a longo prazo foi diluída;
- O planejamento meticuloso cedeu lugar à agilidade e ao improviso.
Assim, a profundidade estratégica, marca registrada da FromSoftware, cede espaço a uma experiência mais ágil, mas também menos gratificante.
Roguelike, mas sem alma
A introdução das mecânicas roguelike em Elden Ring Nightreign marca uma ruptura radical com o DNA da FromSoftware. Como explicou o diretor Junya Ishizaki, a ideia da área em constante redução surgiu durante o desenvolvimento, com o objetivo de manter os jogadores em movimento. Entretanto, essa escolha sacrifica por completo a exploração detalhada e a construção cuidadosa de mundo, elementos tão celebrados em Elden Ring.

Além disso, a ausência de um enredo denso e de personagens marcantes reduz a imersão narrativa. A falta de tempo para o planejamento estratégico enfraquece ainda mais a ligação emocional que os jogadores normalmente constroem com o mundo.
Um título construído para o cooperativo casual
É importante deixar claro nesta review de Elden Ring Nightreign: o jogo foi claramente pensado para ser uma experiência cooperativa casual, centrada em grupos de três jogadores. A escolha do chefe final ocorre através do menu da Fortaleza da Távola Redonda e exige alguma coordenação prévia sobre:
- Seleção de armas específicas;
- Definição de habilidades complementares;
- Adaptação aos inimigos sorteados.

No entanto, até mesmo esses momentos de estratégia são frequentemente anulados pela alta dose de aleatoriedade que rege o sistema de loot e eventos.
Alguns acontecimentos especiais — que não vamos revelar aqui — surgem durante o avanço no castelo, marcando pequenas reviravoltas à medida que os chefes principais são derrotados. Entretanto, essas variações não compensam a carência de profundidade estrutural.
Conclusão: diversão passageira, sem o peso da FromSoftware
Este título deve ser analisado com sobriedade. Portanto, esta review de Elden Ring Nightreign deixa claro que o título se sustenta principalmente pelo enorme legado que carrega nas costas. A estrutura básica ainda diverte por algumas horas, principalmente quando jogado com amigos e comunicação fluida. Entretanto, as repetições, a dependência excessiva da sorte e a simplificação generalizada rapidamente minam a vontade de persistir.
Assim, o jogo entrega diversão pontual, mas está longe de alcançar o impacto, a profundidade e o magnetismo das produções anteriores da FromSoftware. Para fãs que buscam a essência dos soulslike, Nightreign soa como uma versão simplificada, que diverte temporariamente, mas será dificilmente lembrada com o mesmo carinho e respeito que seus antecessores conquistaram.
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