Se você curte roguelites com combate insano, Kiborg tem tudo para te prender desde os primeiros socos. Criado pelos russos do Sobaka Studio e lançado em abril deste ano, o jogo mistura beat’em up com roguelite em arenas compactas, lembrando um “Hades” acelerado — mas com identidade própria, para o bem e para o mal.

Porrada com esteroides digitais
O que realmente sustenta Kiborg é o combate corpo a corpo. Fluido, dinâmico e viciante, ele coloca Morgan, o protagonista, em sequências de pancadaria com três golpes básicos — leve, pesado e giratório — que se conectam bem e permitem combos satisfatórios. É como se os clássicos do gênero tivessem sido reimaginados com uma camada moderna de velocidade e responsividade.
A personalização adiciona profundidade: durante cada run, você injeta implantes e upgrades que não só alteram estatísticas, mas também modificam a aparência de Morgan. Aos poucos, ele se transforma em uma máquina de guerra, tanto no visual quanto no gameplay. A variedade de builds é impressionante, embora confusa no início.

Por outro lado, o combate à distância fica devendo. As armas de fogo carecem de impacto: o tiro não “pesa”, falta feedback e a experiência soa quase descartável. Além disso, a curva de aprendizado é irregular — jogadores casuais podem sentir que o sistema esconde mais do que revela nas primeiras horas. Apesar da fluidez da luta, a movimentação e os visuais transmitem uma estranha rigidez, com cara de algo ainda em estado beta.
Um futuro que parece passado
No quesito estético, Kiborg entrega apenas o mínimo. Cenários industriais, iluminação aceitável e ambientes metálicos sustentam a ideia de prisão futurista, mas nada vai além disso. A sensação é de estarmos duas gerações atrás em termos gráficos: texturas genéricas, repetição cansativa e pouca inspiração artística.
A tentativa de usar cel-shading misturado com algo mais realista soa mal resolvida, gerando uma identidade visual inconsistente. Falta personalidade.
No PC, o desempenho é estável, mas relatos de demos anteriores já apontavam travamentos, stuttering e problemas de otimização — inclusive em máquinas parrudas.
O áudio repete o padrão: funcional, mas esquecível. Trilha repetitiva, dublagem irregular e um design sonoro que não passa do básico. Nada gruda, nada envolve

Espresso metálico: direto ao ponto
Se Kiborg fosse café, seria um espresso forte e metálico — direto, brutal, sem espaço para enrolação. Não espere narrativa elaborada ou cenários de cair o queixo: o foco é pura pancadaria, builds experimentais e ação sem pausa.
Para quem busca adrenalina rápida e diversão de impacto, o jogo cumpre bem o papel. Mas quem espera profundidade narrativa, atmosfera marcante ou visuais memoráveis vai se frustrar.
Kiborg é intensidade sem poesia: ótimo para sessões curtas de porradaria, mas longe de ser um épico para se perder por horas.
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