Nu Metal e suas letras sobre dor, sentimentos e vazio
Colagem: Hellorayo

Nu Metal e suas letras sobre dor, sentimentos e vazio

Há quem olhe paro o nu metal e enxergue ali só o peso das guitarras, o grito rasgado, o caos. Mas quem parar para ouvir de verdade o gênero musical, perceberá coisas escondidas dentro daquela aparente desordem. Suas principais bandas mostram um jeito cru de falar sobre dor, identidade e o vazio que a gente carrega.

As bandas do estilo nunca se preocuparam em soar bonitas ou confortáveis. Elas sempre expuseram o que era feio, o que não cabia no padrão. É como se quisessem dizer: a vida é contraditória, cheia de feridas, mas também cheia de energia pra transformar isso em algo vivo e libertador.

Se a filosofia clássica buscava respostas sobre o sentido da existência, o nu metal escancara a pergunta: “o que eu faço com esse peso todo que eu carrego?”. É uma música que não entrega soluções prontas, mas valida sentimentos que muita gente preferia esconder. Afinal quantos de nós nãp escondemos o que sentimos evrdadeiramente com medo de julgamentos sociais?

Vulnerabilidade não é fraqueza

Um exemplo é o Korn em um de seus maiores sucessos. Em Freak on a Leash, eles traduzem essa sensação de viver preso em algo que drena sua essência. Outro grande expoente do estilo, o Linkin Park, fala diretamente sobre a luta interna de se sentir dominado por inseguranças e dores que não desaparecem ou que não conseguimos resolver facilmente em Crawling.

O Limp Bizkit encontrou em Behind Blue Eyes, o clássico do The Who lançado em 1971, essa mesma inquietação. Não surpeende que a cover tenha ecoado tão fortemente no século 21. A música traz justamente essa vulnerabilidade de ser incompreendido e, ao mesmo, tempo buscar a redenção.

Os mascarados do Slipknot em“Snuff” revelam a fragilidade escondida por trás da raiva e do ressentimento. A dificuldade de seguir em frente depois de uma desilusão está no centro da música.

No fundo, é isso que conecta tantas pessoas a esse estilo musical. Quando alguém fragilizado emocionalmente ouve um refrão que fala sobre se sentir destruído e de não se encaixar em lugar nenhum, não é só música pesada, é autorreconhecimento.

Formação da banda de nu metal Slipknot com Eloy Casagrande
Slipknot com Eloy Casagrande na formação (Foto: @jonathan.weiner) ; Credit: Rolling Stone

É preciso reconhecer que a vulnerabilidade não é sinal de fraqueza. Ela pode ser sussurrada, cantada ou até mesmo “gritada”. Permitir-se sentir e expor o que se passa dentro de nós é um passo essencial para evoluir como ser humano que compreende e acolhe suas próprias emoções.

O peso de ser autêntico

O Papa Roach em Last Resort mostra essa explosão de sentimentos com metáforas extremas e uma forma até mesmo assustadora de pedir socorro. Os Deftones em Change cantam o desconforto de se transformar em algo que não se reconhece mais e vive em profunda alienação.

Então, talvez a filosofia do nu metal não esteja nos livros, mas na coragem de transformar dor em música. E, quem sabe, esse grito tão incomodo para alguns, seja o que mais se aproxima da verdade humana. Aquela de que todos nós estamos tentando dar algum sentido para todo esse caos.

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Acredito que séries, filmes e rock são mais do que entretenimento, eles dizem muito sobre quem somos. Redatora, crítica e teorizadora, escrevo para provocar reflexão, compartilhar paixões e explorar o impacto da cultura pop na vida real.