No próximo dia 13 de novembro a comunidade de Super Onze receberá um novo jogo após quase 12 anos de hiato: Inazuma Eleven: Victory Road promete, após diversas mudanças em seu desenvolvimento e longos adiamentos, trazer de volta a franquia aos holofotes, essa que possui um carinho muito grande do público brasileiro, apaixonado pelo “super futebol”.
Prova disso é o recente projeto de tradução do até então mais popular game da franquia, Inazuma Eleven GO Strikers 2013, nomeado agora em português como Super Onze GO Strikers 2013. O título original foi lançado para Nintendo Wii em 13 de dezembro de 2012 no Japão e rapidamente conquistou fãs ao redor do mundo.
Os segredos por trás do sucesso de Strikers 2013
É possível apontar diversos pontos técnicos que justificam o sucesso do jogo de 2012, porém um é essencial: a popularidade do anime. Inazuma Eleven, conhecido no Brasil como Super Onze, é uma adaptação em animação da franquia de jogos de mesmo nome, que teve início ainda na era do Nintendo DS. Não demorou muito para que o anime se tornasse ainda mais popular que os jogos, sendo distribuído mundialmente – inclusive aqui no Brasil, pela RedeTV.
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Strikers 2013 trás um estilo único de gameplay na franquia, muito mais próximo do que estamos habituados nos console de mesa, com uma câmera horizontal, nos permitindo uma experiência que mescla bem o universo do anime com algo ao menos um pouco mais próximo do nosso futebol real.
Além disso, é possível montar o seu próprio elenco com a grande maioria dos jogadores presentes nas duas sagas do anime que existiam até aquele momento, enfrentando times marcantes e revisitando cenários da história de forma única.

Mini review | Mas o jogo realmente é tão bom assim?
Antes de entrarmos nos detalhes da tradução em si, vale destacar alguns pontos do jogo original, dentro de minha vivência com o mesmo. Tive minha primeira experiência com o título e, sem dúvidas, a tradução me proporcionou aproveita-lo ao máximo sem muitos problemas.
Além da versão original para Nintendo Wii, há a possibilidade de emular o jogo com o Dolphin, sendo este o modo em que eu e, acredito, a maior parte da comunidade tem acesso ao game da Level 5.
Diversão garantida para os fãs
Aqui não tem muito segredo: se você é fã do anime Super Onze ou de jogos anteriores da franquia Inazuma Eleven vai conseguir se divertir muito. Poder criar times únicos que sempre imaginamos e tudo isso com um gráfico muito próximo da animação é uma experiência indescritível – a nostalgia bate forte, ao mesmo tempo em que passamos a ver alguns personagens “escanteados” no anime de uma forma diferente, visto que podem completar nosso time de maneira perfeita e inesperada.
A mecânica de passar pelos mundos da franquia clássica e GO nos permite não só revisitar de forma nostálgica elementos da animação no Modo História (Caravana) como também nos prende na possibilidade de jogar amistosos entre clubes que a Raimon enfrentou no decorrer da narrativa em todos esses anos.
Nível baixo de dificuldade é um grave problema no game
Porém, algo negativo precisa ser destacado. Para ter a experiência original, optei por não correr atrás de modificações e já sabia que teria vida fácil, mas ainda assim fui surpreendido com tamanha ineficiência da inteligência artificial do game.
Conforme aprendemos as mecânicas, se torna ridiculamente fácil aplicar goleadas extremamente largas e, ao melhorar nosso time no decorrer da Caravana, até mesmo os times mais fortes do jogo se tornam alvos fáceis.
Para os fãs do anime, que apreciam as técnicas, poder fazê-las sem muita dificuldade pode ser suficiente para se manter até o final, mas principalmente após percorrer toda a Caravana pela primeira vez, não ter uma dificuldade real faz com que a vida útil do jogo seja bem curta. Um modo Difícil até está disponível, mas além de não dificultar tanto assim, o mesmo só pode ser selecionado fora do Modo História (Sala do Clube).




Mod Xtreme: quando a comunidade eleva a experiência a outro nível
No entanto, o jogo vira nesse aspecto quando recorremos aos mods da comunidade. E o Mod Xtreme merece destaque nesse aspecto, visto que o mesmo nos coloca para enfrentar a versão definitiva de todos os times enquanto passamos pelos três mundos disponíveis na Caravana. Treinar e evoluir nosso time se torna primordial e, dependendo dos adversários, é possível ficar na ponta da cadeira para vencer uma partida.
Comecei na última semana com o mod, para ter a experiência de zerar o jogo pela segunda vez e o quesito diversão está muito mais alto na versão Xtreme. E não só pela maior dificuldade, mas também por diversas adições ao jogo, como técnicas inéditas em vários personagens e o acesso fácil a possibilidade de montar times próprios no auge, o que é perfeito para criadores de conteúdos e fãs mais criativos. Além disso, a adição de músicas de diversas eras do anime na trilha sonora são a cereja do bolo da versão modificada por fãs.

Super Onze GO Strikers 2013: o presente de fãs para a comunidade brasileira
Se a Level 5 demorou para dar a devida atenção para a comunidade brasileira – Victory Road será o primeiro com uma versão oficial em português -, os fãs se movimentavam para, seja trocando ideias e aprendendo japonês ou recorrendo a versões europeias, aproveitar ao máximo os jogos de Inazuma Eleven.
Durante todo o período de sucesso de Super Onze no Brasil, diversos projetos de traduções, principalmente dos primeiros jogos de DS, foram criados, mas nenhum obteve o resultado tão próximo do material original quanto Super Onze GO Strikers 2013.
Para entender melhor os bastidores por trás do projeto, o Conecta Geek conversou com Nicolas Lima, conhecido pela comunidade como Nicolau, o principal responsável por liderar e concluir a tradução do título para português.
Entre lembranças do processo de tradução, Nicolau relembrou também como tudo começou. Ele confessa que não se lembra exatamente de como conheceu Super Onze, mas acredita que tenha sido vendo o anime aleatoriamente na TV aberta. “Super Onze impactou bastante a minha vida — hoje em dia posso dizer que boa parte do pontapé inicial que tive para aprender outro idioma veio assistindo ao anime”, recorda.
Além do idioma, o projeto trouxe lições que ele leva até hoje, além de destacar o apoio da comunidade para o processo da tradução:
Com o projeto de tradução adquiri muita experiência com organização de projetos, engajamento com o público e trabalho em equipe. Sou bastante grato à comunidade de Super Onze. [Ela] está bem presente na minha vida.
Além do aprendizado que carregará muito provavelmente para o ambiente profissional, Nicolas define o projeto como um marco pessoal:
Me marcou de verdade, porque considero o meu maior feito na adolescência. Comecei com 14 anos e terminei quase aos 17, então realmente marcou uma parte importante da minha vida. Levo esse feito com muito carinho e orgulho.
Apesar do toque profissional presente na tradução – que faz até mesmo com que pareça algo oficial por parte da Level 5 de tão detalhista – antes da tradução do Strikers 2013, Nicolau nunca havia se envolvido em nada parecido: “Bem, eu nunca tinha mexido com nada antes, apenas com um patch de texturas em HD do Strikers 2013 em português — que acabei não completando porque saiu uma versão gringa superior na época.”
Segundo ele, o verdadeiro início do projeto aconteceu em novembro de 2023, quando publicou uma mensagem na Lemonade Eventos, declarando o desejo de traduzir o jogo. Logo ele percebeu que não estaria sozinho nesta empreitada.
A partir dali, nasceu algo muito maior do que ele imaginava. Conforme relatado por Nicolau, a equipe trabalhou com uma combinação de diferentes versões. “Fizemos um mix da versão espanhola com a francesa e a japonesa.”
A seleção dos participantes começou de forma espontânea: “Originalmente, eu selecionei o pessoal que queria participar através desse texto. Nessa primeira leva éramos eu (Nicolau BR), Gouenji e CKJoker no texto do jogo. O Garasureona ficou responsável pela adaptação dos textos das Hissatsus (técnicas especiais) e descrições.”
Depois que o texto foi finalizado, Nicolau mergulhou nas texturas a serem alteradas no jogo: “A maioria das texturas de menu já estavam feitas pelo pessoal da Inazumaniaco e pela Lemonade Eventos (Bia), que apoiou bastante o projeto — então só precisei colocar no jogo e dar um rework nas que precisavam.”
Ao jogar a versão traduzida, fica claro o carinho da equipe com as técnicas especiais, sendo muitas delas adaptadas pelos próprios membros do projeto, visto que a maior parte do conteúdo original não possui versão oficial no Brasil. No entanto, o processo esteve longe de ser fácil e as dificuldades aumentaram quando o computador de Nicolau quebrou:
A parte das técnicas foi a mais demorada, pois eu não sabia usar o Photoshop […] meu PC quebrou, e eu tive que juntar dinheiro para consertar. Na época eu tinha 14/15 anos e trabalhava como jovem aprendiz em um caixa de mercado. O projeto ficou alguns meses em hiato enquanto eu juntava dinheiro […] Foi uma das partes mais solitárias do projeto, porque literalmente todos os arquivos modificados foram colocados por mim. Tinha dias em que eu virava a noite testando e inserindo arquivos. Hoje olho para isso com muita felicidade, porque consegui entregar.”
Quando questionado sobre o que o motivou a se dedicar tanto a um projeto sem retorno financeiro direto, Nicolau responde com sinceridade: “Foi uma série de coisas, na verdade. O principal motivo foi querer trazer mais pessoas para jogar o modo competitivo do jogo — essa era uma das formas.”
Ele também confessa que havia um sentimento de representatividade por trás da ideia:
Desde pequeno, eu via vídeos do jogo em japonês, e isso me inspirou a colocar um ‘tempero brasileiro’ nele. E, pra ser sincero, também teve um pouquinho de raiva e inveja (risos), porque o espanhol tem o jogo traduzido, o francês também, e nós, que gostamos tanto de Super Onze, não tínhamos (sequer) uma fantradução.
Qualquer possibilidade de transformar o projeto em algo rentável, segundo ele, nunca foi motivação. Para Nicolau, o maior retorno foi o reconhecimento dos fãs de Super Onze e a sensação de dever cumprido: “Sobre o retorno financeiro: não era o meu foco. Na época eu já trabalhava, então quis fazer o projeto como uma espécie de presente para a comunidade.”
Nicolau também fez questão de reconhecer o esforço coletivo. “Mesmo trabalhando como embalador em um mercado, ainda consegui enviar um valor simbólico — não muito, mas de coração — como forma de agradecer o pessoal que ajudou. Vai um grande abraço para o Ronny e o Gouenji por acompanharem e ajudarem por tanto tempo. Sem vocês, nada teria sido possível!”
Por fim, ele ainda reforça sua gratidão. “Também deixo um agradecimento especial a todos que doaram e ajudaram o projeto com a ISO de apoio. E um agradecimento pelas divulgações: Ronny Remaster, Lemonade Eventos, ConOnze no Twitter e, recentemente, Lira Zorks no YouTube.”

Vale a pena revisitar o jogo em 2025?
Se você, assim como eu, não teve a experiência anteriormente, vale muito a pena jogar o Strikers 2013 antes ou depois de jogar o Victory Road. Porém, se você já se divertiu com ele no passado, acredite, sua experiência pode ser ainda melhor com o jogo traduzido e a versão Xtreme. Ou seja, apenas baixe o Dolphin, assista ao tutorial de como instalar o jogo e traduzi-lo no YouTube e seja feliz!

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“Obrigado pelo convite.
Foi ótimo conversar com você, Nicolas. Eu que agradeço por ter topado participar do nosso especial!