Em meio a tantos jogos sem propósito claro, sempre busco aqueles que carregam visão própria e liberdade criativa. Skate Story, publicado pela Devolver, foi justamente o tipo de experiência que decidi experimentar com calma.
Em Skate Story, controlamos um demônio feito de vidro que vaga pelo submundo e sente uma dor constante causada pelo brilho da Lua. Cansado desse tormento, ele decide acabar com o problema da maneira mais extrema possível: devorando a Lua. Para isso, aceita um trato com o Diabo em troca de um skate, a única forma de alcançar a superfície. Sem entender completamente o preço desse acordo, ele aceita o risco para seguir adiante.
O poder das manobras
A estrutura do jogo gira em torno das manobras. Avançamos pelos capítulos encontrando obstáculos, itens e criaturas que exigem truques específicos para liberar caminhos e recompensas. Essas recompensas normalmente são almas, usadas como moeda para comprar novos shapes e adesivos que personalizam o skate. Curiosamente, os adesivos se desgastam com o uso, refletindo o caminho percorrido.

As manobras são simples de executar graças a comandos diretos. O sistema de timing adiciona um desafio a mais, por exemplo: um cursor indica o momento ideal de soltar o botão e, quando acertamos, a pontuação cresce bem mais. Errando, o ganho é menor, e o único jeito real de perder pontuação é cair, geralmente batendo em obstáculos que surgem no trajeto.
A mais pura arte
O que mais prende a atenção é o jeito como Skate Story apresenta seu mundo. Cada cenário parece construído como um sonho fragmentado, com elementos estranhos e mudanças de cor que reforçam a sensação de que tudo está ruindo enquanto avançamos. A estética passa essa impressão constante de limite, como se o mundo estivesse se transformando junto com o protagonista.

A trilha sonora acompanha essa ambientação de forma precisa. Durante a exploração, as músicas seguem com batidas mais suaves, criando uma sensação de calma dentro do caos do submundo. Nos combates, o ritmo acelera, o que combina bem com a necessidade de reagir rápido e encadear manobras sem perder o fluxo.
A história é apresentada em textos com linguagem mais literária, descrevendo cada ação e ambiente com bastante cuidado. Em vários momentos, o jogo adota até uma abordagem poética, especialmente ao final de cada capítulo, quando tudo que vivenciamos é reinterpretado em forma de poema. As legendas em português ajudam bastante a acompanhar esse estilo e a entender as nuances da narrativa.
Vale a pena?
Skate Story é um daqueles jogos que dividem opiniões. Ele aposta em uma abordagem mais artística e pessoal, que pode soar confusa ou distante para quem prefere algo direto. Ainda assim, para quem gosta de projetos autorais, ou simplesmente sente curiosidade por experiências fora do padrão, vale muito a tentativa.
Para quem é assinante da PlayStation Plus, o jogo estará disponível completo. Se a curiosidade bateu, recomendo baixar e conferir por conta própria, principalmente se você já tem alguma afinidade com skate e aprecia jogos que tratam movimento como linguagem.
Agradecimento a Devolver por nos fornecer uma cópia para review.
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