Forestrike é um roguelite de ação inspirado em artes marciais. Publicado pela Devolver Digital em novembro deste ano, o jogo aposta em uma proposta incomum para o gênero: antes de cada combate real, o jogador pode “prever” a luta, testando mentalmente sequências de movimentos até encontrar a melhor solução. Essa mecânica não é apenas um diferencial criativo, mas o verdadeiro coração da experiência, transformando cada confronto em um quebra-cabeça tático.
O game pode ser visto como um primo de “Sifu”, mas não se preocupe, é aquele tipo de primo que tem o sangue, mas muita coisa diferente. Em Sifu, a derrota é, de certo ponto, inevitável, mas em Forestrike você pode ensaiar quantas vezes quiser, até que se torne confortável entrar em batalha para valer. Cada movimento importa. Um passo fora do planejado joga a sua jogatina no lixo. E isso não causa raiva, muito pelo contrário, é um dos principais pontos fortes: Forestrike brilha justamente nessa mistura entre ação e estratégia. O game conta com a habilidade “presciência”, que permite que o jogador visualize e teste mentalmente combates antes de executá-los “de verdade”. Essa abordagem transforma cada confronto em um puzzle tático, incentivando aprendizado e experimentação.

O combate exige leitura de padrões, posicionamento e timing, recompensando o planejamento mais do que reflexos rápidos. Serão minutos e minutos planejando uma batalha que vai durar segundos… a paciência se torna realmente uma virtude já que você joga menos pela velocidade e mais pela inteligência. O game gera mapas de forma procedural, ou seja, você nunca vai decorar de fato um mapa: A etapa de análise e ensaio vai ser usada em todas as gameplays, sem exceção.
O game te prende logo nos primeiros minutos. Sabe, de fato, trabalhar a recompensa ao jogador na hora certa. Por mais que você se canse planejando uma luta, o disparo de dopamina é feito quando vence. A sensação de finalmente executar, no mundo real, a estratégia que funcionou na presciência é extremamente satisfatória e faz valer todo o esforço.
Uma prova de que o jogo sabe o que está fazendo é que, no final de cada partida, aparece a opção de salvar o clipe da luta – uma das formas do jogo te dizer “eu sei que está orgulhoso, compartilhe com os amigos”.
Dois lados de uma moeda…
Por outro lado, os pontos fracos são reflexos dos bons. A curva de dificuldade é rígida e não oferece opções de ajuste, o que pode afastar jogadores menos pacientes ou menos familiarizados com o gênero. Além disso, em runs mais longas, também pode surgir uma sensação de repetição, já que nem todas as variações de combate e estilos se mostram igualmente equilibradas.
A movimentação de Yu, o protagonista, é fluida e responsiva dentro das lutas propriamente ditas, permitindo que o jogador execute estratégias com precisão. Ainda assim, essa fluidez nem sempre se estende às transições entre telas e fases, onde tempos de carregamento mais longos podem dar uma sensação de lentidão. Embora não seja algo que prejudique o combate em si, esse fator acaba diluindo a experiência de movimentação como um todo, especialmente em um título que depende de ritmo e repetição de runs.
Ambiente
Forestrike apresenta um estilo artístico em pixel art que, à primeira vista, pode parecer simples, mas demonstra cuidado nos detalhes e na direção visual. Os personagens e inimigos são bem animados, e os efeitos de impacto e ataques têm um charme retrô que combina com o tom de artes marciais. Toda esta vibe retrô e tranquila constroem uma ambientação convincente dentro de um cenário de arte marciais, lembrando até clássicos filmes de luta. As fases variam o suficiente para dar identidade a diferentes regiões.

Além disso, a trilha sonora de Forestrike acerta ao complementar a ambientação com composições que evocam clima de batalha e foco estratégico. As músicas ajudam a sustentar o tom de tensão e perseverança, especialmente durante combates mais desafiadores. Ainda que as faixas não se destaquem como memoráveis por si só, elas cumprem bem seu papel de reforçar a atmosfera e não se tornam repetitivas ou intrusivas, o que é um ponto positivo significativo para jogos de ritmo tático como este.
A direção artística em pixel art e a trilha sonora ajudam a construir uma atmosfera marcial consistente, enquanto a narrativa contribui para dar propósito à jornada. A estrutura procedural e os desbloqueios garantem uma boa longevidade, incentivando múltiplas runs.

No fim, Forestrike é um jogo ousado e inteligente, que propõe uma abordagem diferente para o combate em roguelites e acerta em cheio na originalidade. Ao mesmo tempo, sua exigência elevada e as limitações técnicas fazem com que ele seja mais indicado para jogadores dispostos a encarar desafios mentais e alguma frustração no caminho. É uma experiência marcante, mas que pede paciência – e, idealmente, alguns ajustes técnicos para atingir todo o seu potencial.
Forestrike pode ser jogado no Nintendo Switch e PC via Steam.
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