Desde o seu início, a banda britânica Bring Me The Horizon (BMTH) sempre buscou quebrar barreiras sonoras e visuais em uma carreira que já ultrapassa as duas décadas. Nos últimos anos, o grupo levou essa proposta a outro nível. Oli Sykes, líder e mentor do projeto, mergulhou em temas como inteligência artificial, distopias digitais, vício em redes sociais e o impacto da hiperconexão na saúde mental em nossas vidas.
Um exemplo é “Top 10 Statues That Cried Blood”, do álbum “Post Human: Nex Gen”, do ano passado. Para o compositor, a faixa explora o que é ser humano em um tempo em que a tecnologia transforma nossa própria natureza. A estética do clipe mistura o artificial com o orgânico, mostrando que já não sabemos mais onde termina a máquina e começa o humano.
Essa reflexão não é isolada. Outras faixas como “Parasite Eve”, com sua atmosfera de videogame e glitches digitais, retratam um mundo tomado pelo caos tecnológico. Já “Teardrops” escancara a sensação de sufoco. A música traduz a dependência das redes sociais e o impacto emocional intensificado durante o confinamento da pandemia. Em “Obey”, a metáfora dos robôs gigantes simboliza o controle social e a manipulação invisível que molda nossas decisões diárias.
O que significa viver hiperconectado?
Viver em um mundo hiperconectado é estar permanentemente ligado a redes sociais, notificações e fluxos infinitos de informação. Além disso, essa conectividade promete proximidade e agilidade. Mas também gera ansiedade, sobrecarga mental e vazio. A hiperconexão se torna, ao mesmo tempo, ferramenta de progresso e prisão invisível, e é essa dualidade que está presente nas músicas do BMTH.
Quando o palco vira uma experiência digital
Na turnê Next Gen: Post Human, o Bring Me The Horizon transformou essa discussão em experiência. Utilizando inteligência artificial em tempo real, a banda conseguiu criar ambientes que conversam com cada música, tornando o show um híbrido entre performance e simulação futurista. O resultado do experimento, fez com que o público mergulhasse em um universo onde arte e tecnologia se misturam.

O BMTH não fala apenas sobre futuro, mas sobre o presente em que já estamos presos. O mundo conectado promete unir, mas ironicamente produz solidão. Somos alimentados por informações em excesso e esvaziados de silêncio, cercados por algoritmos que dizem “nos conhecer”. Resultado: estamos cada vez menos íntimos de nós mesmos. Ao falar sobre dor, vício ou pós-humanidade, Oli Sykes mostra que a luta real não é com a máquina, e sim com a ruptura que ela causa em nós.
No fim, o quarteto não entrega apenas rock moderno e pesado. Eles nos fazem encarar perguntas urgentes: ainda somos donos da nossa mente em meio ao ruído digital? Até onde vamos entregar nossa essência humana para acompanhar um mundo que já não espera?
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