A cineasta brasileira Bárbara Marques, de 38 anos, foi detida pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) dos Estados Unidos. A prisão aconteceu durante uma reunião agendada com o objetivo de avançar o processo de obtenção do green card da diretora. O caso ocorreu há mais de uma semana e foi tornado público por meio de postagens feitas pelo marido da artista, o norte-americano Tucker May.
Segundo ele, a prisão aconteceu logo após a suposta conclusão bem-sucedida da entrevista. “Ao final do que nos disseram ter sido uma reunião bem-sucedida, o policial usou a desculpa de uma copiadora quebrada para induzi-la a se afastar do nosso advogado. Uma vez separada de seu advogado, ela foi presa”, escreveu Tucker em seu perfil nas redes sociais.

O motivo da detenção teria sido a ausência em uma audiência judicial migratória realizada em 2019. A defesa afirma que Bárbara nunca foi notificada sobre esse compromisso. Segundo o advogado da cineasta, Marcelo Gondim, a brasileira entrou legalmente nos EUA com um visto de turista e solicitou extensão do prazo de permanência. No entanto, a negativa do pedido não teria sido comunicada a ela de forma eficaz, possivelmente por mudança de endereço.
Nascida em Vitória, no Espírito Santo, Bárbara Marques reside desde 2018 em Los Angeles, onde desenvolveu sua carreira e conheceu o marido. Os dois se casaram em abril deste ano. Ela é sobrinha da atriz Elisa Lucinda e dirigiu os curtas “Dia de Cosme e Damião” (2016) e “Cartaxo” (2020). Ela ainda atuou como atriz e produtora no início da carreira.
O advogado afirma que, diante da falta de antecedentes criminais, o procedimento correto seria interromper temporariamente o pedido de residência permanente até a regularização da pendência. “Não havia justificativa para a detenção”, afirmou Gondim em entrevista à BBC News Brasil.
Tucker relata que a esposa foi transferida entre diferentes centros de detenção, enfrentando condições precárias. Em publicação recente, ele afirma que Bárbara foi levada a uma unidade no estado da Louisiana. Ali, ela teria permanecido algemada por cerca de três dias, com longos períodos sem alimentação, água ou sono. “Ela não recebeu uma cama nesta unidade. Enquanto escrevo isto, ela está tentando dormir no chão”, escreveu o marido.
O caso ocorre em meio a críticas sobre as políticas de imigração implementadas durante o governo Donald Trump. Organizações como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), dizem que essas ações têm resultado na prisão arbitrária de imigrantes e na violação do devido processo legal. Segundo a entidade, há uma meta de deportação em massa de pessoas sem documentos, mesmo que não apresentem antecedentes criminais.
O Itamaraty informou que acompanha a situação e presta assistência consular à brasileira. Até o momento, não há informações sobre uma possível data de audiência para revisar o caso ou previsão de liberação da cineasta.
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