Crítica | Agatha Desde Sempre 1×4 - Feitiços de Proteção e Maldições Quebradas
Marvel Studios/Divulgação

Crítica | Agatha Desde Sempre 1×4 – Feitiços de Proteção e Maldições Quebradas

O 4º episódio é uma jornada empoderadora e encantadora pela Estrada das Bruxas, e o melhor episódio até agora

O episódio 4 de Agatha Desde Sempre é, sem dúvidas, o melhor da série até agora, e ouso dizer, o mais gay? “Se Eu Não Puder Alcançar Você, Que Minha Canção Te Ensine” segue o coven, menos a pobre e doce Sharon (Debra Jo Rupp), enquanto continuam pela Estrada das Bruxas e enfrentam o segundo julgamento, desta vez focado especificamente em Alice (Ali Ahn) e seu trauma geracional.

Esse texto contém spoilers dos quatro primeiros episódios de Agatha Desde Sempre

Leia também: Crítica | Agatha Desde Sempre – Primeiras Impressões

Recapitulando…

Antes de continuarem pela Estrada, as bruxas fazem o possível para dar um enterro digno para Sharon, apesar da insistência de Agatha (Kathryn Hahn) para que sigam rapidamente. O restante do coven argumenta que precisam encontrar outra bruxa Verde para continuar, já que a balada especificamente diz que elas devem percorrer a Estrada “com o coven verdadeiro”.

Assim, as bruxas se reúnem para invocar outra bruxa Verde, e quem aparece rastejando da terra como um pequeno gremlin atraente e assustador senão Rio Vidal (Aubrey Plaza). Depois da aparição dos Sete de Salem no episódio de estreia, este é um dos momentos mais assustadores da série até agora, tanto para nós quanto para Agatha, ao que parece. Depois de terminar de estalar suas juntas de volta ao lugar, Rio, de forma provocante, dá uma flor para Agatha, apesar de ela ter tentado matá-la da última vez que se viram. Mas o que posso dizer? Relações sáficas são complicadas!

Com não apenas uma bruxa Verde, mas a bruxa Verde se juntando ao grupo, o coven segue pela Estrada até uma casa que Alice reconhece instantaneamente e tenta evitar. Mas a Estrada claramente tem outros planos para elas. Assim que entram na casa, parece que o coven pisou em um videoclipe do Fleetwood Mac ou em um episódio de “Daisy Jones & The Six”.

Crítica | Agatha Desde Sempre - episódio 4
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Nesta casa que mistura era dos anos 70 com estúdio de gravação, vemos vestígios do passado de Alice e da carreira de sua mãe, uma pista de que este julgamento é sobre família – especificamente a de Alice. O Teen (Joe Locke) toca um disco, achando que é uma pista, mas acidentalmente acaba amaldiçoando o coven, já que a versão de Lorna Wu da “Balada da Estrada das Bruxas” começa a tocar ao contrário.

Há um plano de dioptria (lente de foco dividido) fascinante assim que o Teen percebe o que fez, provando que a Marvel ainda pode fazer coisas interessantes tecnicamente, quando quer. É bem chocante, não apenas porque não estamos acostumados a ver esse tipo de tomada nesses produtos enlatados da Marvel, mas porque isso inicia o julgamento de uma forma muito emocionante.

Relações de desconfiança

Antes disso, temos uma ótima cena entre Rio e Agatha, onde finalmente temos mais informações sobre o relacionamento delas. Rio está impaciente, aparentemente esperando que Agatha inevitavelmente traia o coven para que ela possa coletar seus corpos para alguma coisa, mas também querendo misturar um pouco de “trabalho e diversão”. Agatha transmite a conversa delas para o restante do coven pela cabine de gravação, provavelmente para fingir inocência.

Crítica | Agatha Desde Sempre - episódio 4
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O resto do coven não fica muito satisfeito com essa revelação, mas não têm muito tempo para refletir se confiam ou não em Rio, ou em Agatha, já que Lilia (Patti LuPone) é atingida pela maldição. À medida que cada membro sucumbe, Alice revela que sua mãe e avó morreram por conta de uma maldição geracional – e que ela não queria acreditar que era real. Ela lança feitiços de proteção em quem consegue, mas não antes de o Teen ser violentamente arremessado através da janela da cabine de gravação.

Elas logo percebem que a única maneira de quebrar essa maldição é lançar o feitiço de proteção definitivo tocando a versão de Lorna da Balada, que ela escreveu e gravou como forma de proteger Alice da maldição.

Se a “Balada da Estrada das Bruxas” não estava presa na sua cabeça antes, estará agora, enquanto o coven faz uma emocionante homenagem à mãe de Alice que termina com Alice enfrentando a entidade assustadora que atormentou sua família por gerações. Assistir alguém romper com maldições geracionais de forma literal e figurativa é incrivelmente poderoso, e é difícil não se emocionar ao ver Alice se conectar com sua mãe, canalizar seu poder e finalmente derrotar essa coisa que teve tanto controle sobre ela e sua família.

Obstáculos e mais obstáculos

Assim que a maldição é quebrada, as bruxas conseguem sair desse retorno ao passado e voltar à estrada. Mas, novamente, não sem ferimentos. Desta vez, o Teen está sangrando por conta de uma ferida causada por um caco de vidro da janela pela qual foi arremessado. Agatha está inesperadamente desesperada para salvar alguém além de si mesma e insiste que façam qualquer coisa para salvá-lo. Felizmente, Jennifer (Sasheer Zamata) consegue preparar uma poção que o cura, e Agatha cuida dele enquanto ele descansa.

Agatha se junta às outras bruxas enquanto elas falam sobre suas cicatrizes, antes de roubar um olhar desejoso para Rio e dizer às outras que vai dar uma volta. Rio a segue, e as duas quase se beijam antes de Rio meio que estragar o momento dizendo a Agatha que o Teen não é seu filho. Esse momento, e na verdade todo este episódio, está cheio da tensão de ex-amantes que não se suportam, mas também não conseguem se manter afastadas uma da outra, uma dinâmica que Aubrey Plaza e Kathryn Hahn interpretam supreendentemente bem no sentido de tensão.

Ainda há o que melhorar, e está melhorando

Como citado em minhas primeiras impressões, Agatha Desde Sempre não é lá uma série que me empolgou tanto, mas devo confessar que, passados quatro episódios, dá para notar uma melhora a cada episódio.

Esses julgamentos são mais do que apenas um teste das capacidades das bruxas – eles as estão forçando a enfrentar e superar seus traumas, algo incrivelmente poderoso de se ver um grupo de mulheres fazer juntas. As vibrações deste episódio são positivamente surpreendentes, desde os figurinos até a tensão sáfica, até a poderosa interpretação da “Balada da Estrada das Bruxas”. Se o episódio 4 é uma indicação de para onde este show está indo, estou feliz em seguir junto nessa jornada mágica e abertamente queer.

Leia a crítica dos primeiros episódios da série:

Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.