Crítica | Agatha Desde Sempre 1×6 – Wandavision 2
Marvel Studios/Divulgação

Crítica | Agatha Desde Sempre 1×6 – Wandavision 2

Agatha Desde Sempre traz uma nova camada de tragédia à história de Wanda Maximoff, especialmente após o desfecho já devastador de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”. O episódio 6, intitulado “Um Ser Familiar”, revela uma reviravolta significativa: a marca mágica — ou sigilo — colocada em Billy Maximoff (Joe Locke), que, inicialmente, parecia ser obra de Wanda, foi na verdade colocada por Lilia (Patti LuPone), uma vidente. Esse detalhe aparentemente simples, no entanto, tem grandes implicações para a narrativa de Wanda e torna sua trajetória ainda mais dolorosa.

Vamos retornar para Wandavision…

Ignorando completamente sua personagem título, Um Ser Familiar constrói sua trama em torno da ideia de perda e sacrifício, que são temas centrais na história de Wanda desde “WandaVision”. Em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Wanda foi retratada como uma vilã implacável, disposta a fazer qualquer coisa para reunir seus filhos.

Crítica | Agatha Desde Sempre 1×6 – Wandavision 2
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O sacrifício final dela, que muitos interpretaram como uma tentativa de penitência, já era doloroso. Mas agora, com a revelação de que Billy sobreviveu, e Wanda nunca soube disso, o impacto emocional aumenta exponencialmente. Wanda morreu acreditando que seus filhos estavam perdidos para sempre, quando, na verdade, Billy estava mais próximo do que ela jamais imaginou.

Neste episódio também são levantadas questões importantes sobre o abandono emocional que Wanda sofreu. É revelado que os Vingadores assumiram publicamente a responsabilidade pelo desastre de Westview, mas nenhum deles procurou ajudar Wanda antes de Doutor Estranho aparecer.

Isso ressalta como ela foi deixada sozinha em seu luto, o que facilitou sua queda na corrupção do Darkhold. Esse aspecto emocionalmente negligente por parte dos Vingadores torna sua transformação em vilã ainda mais compreensível, e ao mesmo tempo trágica, já que sua dor foi ignorada por aqueles que deveriam tê-la ajudado.

O que temos de novo

Por outro lado, o episódio introduz elementos de mistério envolvendo a personagem Lilia, a vidente que colocou o sigilo em Billy. Suas motivações ainda não são claras, mas sua capacidade de entrar em transe e prever o futuro adiciona uma nova dimensão à trama. A presença de Lilia sugere que há forças maiores em jogo, e a jornada de Billy pode ser apenas o começo de algo mais complexo.

A cinematografia e a atmosfera do episódio são adequadamente sombrias, refletindo o tom trágico da narrativa. Toda a magia boba, no melhor sentido da palavra, foi se perdendo, não só em texto ou trama, mas principalmente no visual e trilha sonora.

Apesar do mérito técnico, isso ressoa o senso de oportunidade perdida — tanto para Wanda, quanto para seu legado. O fato de Billy estar vivo e livre do sigilo que o mantinha escondido, levanta uma ponta de esperança para o futuro. Talvez ele possa encontrar seu irmão Tommy e, em última instância, honrar a memória de sua mãe, não como a vilã que o mundo viu, mas como a heroína que ela aspirava ser.

Crítica | Agatha Desde Sempre 1×6 – Wandavision 2
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Agatha Desde Sempre supera o conceito de série “da Marvel”

Como indicado nos últimos textos que publiquei, Agatha Desde Sempre se afasta de uma série episódica sobre o universo místico da Marvel e vira uma extensão dele (MCU, na sigla em inglês).

Com isso, a série adiciona uma nova camada de profundidade emocional à história de Wanda Maximoff. O que é bom para quem acompanha as produções com mais afinco, mas péssimo para quem só assiste os filmes. Um problema que já acontece nos quadrinhos agora invade as adaptações deles para outras mídias.

Um Ser Familiar nos lembra que, por trás da feitiçaria e dos superpoderes, existem personagens cujas histórias estão enraizadas em luto, perda e o desejo de redenção. A revelação de Billy traz uma nova esperança, mas também acentua a tragédia de uma mãe que se sacrificou sem saber que seus filhos ainda poderiam estar ao seu alcance. E a Agatha? Pois é, coadjuvante do próprio show.

Leia a crítica dos primeiros episódios da série:

Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.