Filmes que tratam da questão de viagem no tempo costumam ser recorrentes no Cinema. Mas não são todos que conseguem convencer porque geralmente o roteiro não ficou bem amarrado ou a trama não chegou com algo diferenciado, seguindo uma história monótona e previsível.  

Foi pensando nessa temática de viagem temporal que a diretora americana Nahnatchka Khan construiu a estrutura narrativa de Dezesseis Facadas (Totally Killer, 2023). A diretora, que tem em seu currículo alguns episódios criados para a animação American Dad, também adicionou elementos de Terror e de Comédia. Dessa forma, articula uma outra visão para a temática misturando gêneros, tudo numa perspectiva menos sisuda.

Seria mais um dia tranquilo de Halloween…

Vernon é uma pacata cidade americana que está pronta para mais um dia de Halloween. Entretanto, o passado do lugar esconde uma tragédia. Três adolescentes foram brutalmente assassinadas por um serial killer em 1987.

Assim mesmo, há quem lucre com esse antigo evento. Caso de Chris (Jonathan Potts) que faz questão de fazer disso um turismo e mostra para os visitantes as casas onde as jovens foram mortas.

Enquanto isso, Jamie Hughes (Kiernan Shipka) se prepara para a noite de festa, mas é abordada pelo mesmo assassino de 1987. Seria a mesma pessoa? Seria alguém se fazendo passar por ele?

Após uma perseguição obstinada, a jovem acaba esbarrando numa máquina que sua amiga havia construído para a feira de Ciência. Com isso, ela é lançada para 1987 e se vê diante da oportunidade de evitar os assassinatos.

Uma tarefa nada fácil

Todo filme com a temática de viagem no tempo traz a dificuldade do personagem principal em convencer sobre sua missão e seus objetivos. Aqui não é diferente, Jamie passará por maus bocados. Precisa lidar com outra época e costumes diferentes. Passa por situações extremas que envolvem desde roupas apertadas de Educação Física até ser barrada em festas, além, claro, de ficar cara a cara com o temível serial killer.

Kiernan Shipka vem se destacando faz um bom tempo. A jovem atriz fez uma boa atuação na série Mad Men: Inventando Verdades (2007-2015) e O Mundo Sombrio de Sabrina (2018-2020). Em Dezesseis Facadas, consegue trazer uma personagem carismática e determinada, bem adequada ao papel.

Uma ode aos 80’s

De Volta Para o Futuro (1985), filme consagrado dentro dessa temática de viagem temporal, é bem citado na trama. A jovem faz dele um exemplo constante para convencer sobre a necessidade de evitar que o serial killer mate suas vítimas.

Outras referências da Sétima Arte estão presentes. Cenas de Robocop (1987) e referências a outras figuras temíveis como Myke Myers (dos filmes de Terror da franquia Halloween) dão as caras. O próprio grupo de amigas que Jamie precisa salvar se vestem como Molly Ringwald (a ruiva que foi musa das comédias juvenis 80’s).

 A trilha sonora de Dezesseis Facadas é um prato cheio para quem passou pela década. Vários grupos e artistas que frequentaram as rádios FM’s dessa saudosa época estão na trilha sonora: Echo And The Bunnymen (The Killing Moon), Chris De Burgh (Lady In Red), Bananarama (Venus), New Order (Bizarre Love Traingle), entre outros.

Piadinhas, artes marciais e a velha lição de moral

A comicidade chega por meio de algumas cenas que atingem o besteirol, em outras as piadas são criadas em torno da estupidez de alguns personagens. Numa das cenas, policiais idiotas sequer sabem o que significa um exame de DNA. Em outro instante, Jamie sugere chamar a polícia e uma das garotas pensa se tratar da banda The Police.

Outro diferencial aqui é que nosso serial killer não terá tanta facilidade. Algumas vítimas oferecem resistência chegando ao ponto de lutar bravamente contra o assassino. Então espere até mesmo coreografias de artes marciais e lutas bem demoradas entre o vilão e suas vítimas.  

Como todo filme de viagem no tempo, não falta espaço para reflexões: ‘E se eu pudesse mudar algo? E se eu amasse mais minha família e meus amigos?’. Aqui não é diferente. Aquela cutucada, uma espécie de lição de moral que nos leva a ter mais consideração de quem gostamos enquanto ainda há tempo.  Quem nunca pensou em voltar ao passado para mudar algo?

Resumo

Certamente Dezesseis Facadas atrairá mais o público teen, embora não pegue muito pesado no estilo Slasher e Gore. Os mais velhos se sentirão abraçados pelas referências 80’s e pelas lembranças de muitos clássicos do Cinema 80’s, sobretudo do gênero Terror.

O filme de Nahnatchka Khan tem momentos inspirados, outros nem tanto, mas já merece um crédito por trazer uma nova abordagem em torno da temática da viagem temporal.

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