Anitta com uma fantasia de carnaval
Anitta lança "Ensaios da Anitta" para o carnaval 2025. Foto: Divulgação/Iude Richele.

Crítica | Em ‘Ensaios da Anitta’, a cantora se volta para o Brasil e retorna às origens em boa forma

Depois de um ano bem movimentado e voltado para o mercado internacional, com o lançamento de um álbum dedicado a levar o funk para o mundo (“Funk Generation”), uma parceria com The Weeknd e indicações a premiações, incluindo o Grammy, Anitta se volta novamente para o Brasil e apresenta um álbum de carnaval, Ensaios da Anitta.

Com 12 faixas, sendo que 3 ainda estão indisponíveis, o disco busca capturar a atmosfera dos shows que a carioca apresenta durante os primeiros meses do ano. O resultado é uma seleção eclética que atira para vários lados e nem sempre é coesa, mas acaba rendendo um bom álbum pop que retoma a boa forma da estrela no funk.

A abertura é com “Lugar Perfeito”, faixa em parceria com Ivete Sangalo que acaba sendo uma escolha curiosa para introduzir a obra, já que parece mais uma música de Ivete do que da própria Anitta. Um axé clássico de meados dos anos 2000, com toda a pegada para arrastar multidões atrás do trio elétrico no carnaval.

Em seguida vem “Imagina”, que flerta com o brega e o pagodão, tem participação do cearense Rogerinho e produção de HITMAKER, que assina 9 das 12 faixas de “Ensaios da Anitta”. “Perdeu” traz um entrelaçamento entre o sertanejo e o piseiro e tem feat com Simone Mendes. “Sei que Tu Me Odeia”, com Mc Danny, se destaca com um brega funk de letra afiada e provocante: “Eu tenho mil problemas, mas nenhum deles é não ser gostosa”.

Outra vez uma menina má

Anitta em meio a quatro diferentes versões dela
Capa de “Ensaios da Anitta”. Foto: divulgação.

Mas os melhores momentos do álbum estão mesmo nas faixas solo. Nas músicas seguintes, Anitta resgata suas origens e o legado do funk dos anos 2000, e volta a boa forma do início da carreira com sucessos como “Show das Poderosas” e “Meiga e Abusada”, lembrando ao público brasileiro o que ela faz de melhor.

“Chata Pra Caralho” já foi apresentada no show da cantora no festival Rock The Moutain, em novembro, e dividiu opiniões. Mas a faixa é um das mais divertidas do álbum; um funk raiz que usa como base “Alala”, hit electroclash de 2005, da banda Cansei de Ser Sexy, no qual Anitta dispara sacadas bem-humoradas contra desafetos.

“Capa de Revista” usa como referência outro hit do início do século: “Popozuda Rock’n’Roll”, do grupo DeFalla; e resgata o lado feminista irônico e debochado da cantora. “Eu transei com um machista / Tipo capa de revista / Ó o tamanho dessa pica / Pena que não raciocina”. “Sem Freio”, com Mc Livinho, é outra parceria acertada, com o tesão de sete Anittas.

“Maratona de Jogação” encerra com o gostinho de quero mais para as faixas que ainda estão por vir, incluindo regravações de alguns sucessos da cantora. Entre elas deve estar a ótima versão de “Menina Má” que a estrela apresentou ao vivo no Prêmio Multishow, no último dia 3 de dezembro.

Em “Ensaios da Anitta”, o álbum, a artista se reencontra consigo mesma e volta em boa forma para o pop brasileiro. Após uma avalanche de lançamentos voltados para o público estrangeiro, com altos e baixos, a cantora retorna ao funk em português em boa forma e acerta em resgatar suas origens com o toque de maturidade que o tempo e as experiências mundo a fora lhe deu.

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