Crítica | Em 'Who Is The Sky?', David Byrne quer alegrar mais o mundo (e consegue)
David Byrne/Divulgação

Crítica | Em ‘Who Is The Sky?’, David Byrne quer alegrar mais o mundo (e consegue)

Após um período lançando discos de pouco alcance, seja comercial ou mesmo entre os criticos, David Byrne está vivendo um período de bonança. “American Utopia“, seu belo disco de 2018, rendeu uma das grandes turnês da história da música pop e um espetáculo na Broadway. Sete anos depois, o veterano está de volta com Who Is The Sky?, um disco que tem na simplicidade, e na busca de alegrar mais as pessoas, seu grande trunfo.

O disco chega no momento em que os Talking Heads, banda que ele liderou entre os anos 70 e 80 também está em alta. O relançamento do filme-concerto “Stop Making Sense” (1984) fez os velhos fãs verem como a música deles segue atual e encheu os olhos de uma nova geração. Dai não supreeender vê-lo dividindo o palco com Olivia Rodrigo, ou sendo escalado para tocar no Coachella do ano que vem.

Apesar das ofertas que beiraram o irrecusável, falou-se em 80 milhões de dólares por uma turnê, Byrne preferiu trabalhar em seu nono trabalho solo. Por mais que sonhemos com uma reunião do quarteto, uma rápida audição em ‘Who Is The Sky?’, mostra que o músico tinha boas razões para manter-se em sua trilha.

O álbum pode não ser uma obra-prima como “Remain in Light“, dos Talkig Heads, mas está entre os melhores trabalhos de sua carreira.

A impressão ao ouvi-lo é a de que Byrne quis fazer um trabalho simples e acessível. Temos aqui um LP à moda antiga, com 12 faixas em 37 minutos. Quase todas elas são imediatas o bastante para ficarem na cabeça do ouvinte após a segunda ou terceira audição.

O formato escolhido é o pop rock, deixando um pouco de lado as influências de música brasileira, latina e africana que lhe renderam tanto elogios quanto críticas de aproprição cultural.

What Is The Reason For It?“, com clima mariachi e participação de Hayley Williams, do Paramore, é uma das exceções, junto com “The Truth”. Ambas músicas contam com presença do brasileiro Mauro Refusco na percussão.

O fato é que é dificil não se deixar levar pelo clima festivo de músicas como “Everybody Laughs” e a já citada “What Is The Reason For It?”. Igualmente instigantes são algumas “canções-conto” do compositor.

Entre essas, vale destacar “I Met the Buddha at a Downtown Party” e “Moisturizing Thing”, especie de variação sobre a história de Benjamin Button . Na letra, o músico fala sobre usar um creme facial mágico que o deixa com cara de bebê. O lado ruim do milagre é que todos passam a tratá-lo como um idiota.

Nova turnê e performance na televisão

Também importantes para o sucesso do álbum são a  Ghost Train Orchestra – responsáveis pelos arranjos e instrumentação – e o produtor Kid Harpoon (Harry Styles e Miley Cyrus).

Fica claro que Byrne, um otimista nato, quis com esse álbum trazer um pouco mais de luz para esses tempos tenebrosos em que vivemos. E podemos dizer que ele conseguiu. Agora é esperar pela nova turnê, que promete ser tão marcante quanto a de “American Utopia”, e torcer para que ela passe pelo Brasil.

Veja a performance de “What Is The Reason For It?” feita para o talk show de Jimmy Fallon:

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