O The Devil Wears Prada surgiu em meados dos anos 2000 e logo se destacou como uma das bandas mais criativas do metalcore moderno. Com o passar dos anos, o grupo expandiu seus limites sonoros, transitando entre o peso visceral e atmosferas mais melódicas, sem medo de mudar. Agora, comemorando duas décadas de estrada, eles lançam Flowers, um álbum que abraça a vulnerabilidade e a experimentação de um jeito que poucos esperavam.

Um salto direto para o pop
Desde as primeiras faixas, Flowers mostra que o foco está menos na agressividade e mais na emoção. A produção é limpa, os vocais ganham um espaço maior e a sonoridade flerta com o pop, algo que inevitavelmente divide opiniões. Algumas músicas, como “For You” e “So Low”, refletem bem essa dualidade, para uns, são faixas repetitivas e fáceis demais; para outros (como eu), representam uma nova forma de expressar sentimento dentro de um formato mais acessível, em que o refrão é quase uma catarse.
“Everybody Knows” segue nessa linha pop, com batidas radiantes e refrão chamativo. É um tipo de música que pode conquistar quem gosta de melodias grudentas, mas que, ao mesmo tempo, deixa os fãs do peso característico da banda um pouco de lado. Já “Ritual” equilibra melhor os elementos: mantém algumas guitarras mais pesadas e traz momentos de intensidade, mas ainda aposta em sintetizadores e clima atmosférico. Funciona como um ponto intermediário entre os dois mundos que o álbum explora.
Ecos do passado
A faixa de abertura, “Where the Flowers Never Grow”, é o primeiro grande acerto. Ela combina delicadeza e força, com uma melancolia que parece sincera. Já “All Out” surge como uma espécie de lembrança de quem o The Devil Wears Prada sempre foi uma descarga de energia e peso que soa quase como um aceno para os fãs mais antigos. Logo em seguida, “When You’re Gone” mergulha em um tom sombrio e dissonante, mantendo o equilíbrio entre o caos e a calma, entre o velho e o novo.

Mais adiante, o álbum se permite ser mais etéreo e experimental. Faixas como “The Silence” e “Eyes” mergulham de vez nos sintetizadores e em uma estética mais pop eletrônica, priorizando atmosferas e climas introspectivos, é uma mudança ousada, que pode afastar alguns ouvintes, mas também conquistar outros, especialmente quem busca uma experiência mais emocional do que agressiva.
Um desfecho suave e contemplativo
O encerramento com “Wave” e “My Paradise” reforça essa proposta mais suave. As letras falam sobre autoconhecimento e aceitação, transmitindo uma sensação de leveza e fechamento. São canções que funcionam como um desabafo, talvez até como um respiro depois de uma longa jornada criativa.

As opiniões sobre Flowers variam bastante. Alguns veem o álbum como um desvio de rota, um trabalho que se distancia demais do som que tornou a banda reconhecida. Outros enxergam nele um passo corajoso, a abertura de um novo caminho em que o grupo se permite ser mais humano, mais vulnerável e, ao mesmo tempo, mais acessível.
Pra mim, Flowers é justamente isso, um disco de transição. Ele não é perfeito, mas é honesto. O The Devil Wears Prada mostra que ainda tem vontade de se reinventar, mesmo que o resultado soe estranho a princípio. Essa busca por algo diferente é o que mantém a banda viva e, talvez, o que torne esse álbum interessante.
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