Mariah Carey em Here For It All
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Crítica | Mariah Carey entrega álbum despreocupado mas com bons momentos em ‘Here For it All’

Após sete anos sem lançar trabalhos inéditos, é natural que um novo disco de Mariah Carey venha cercado de grandes expectativas; já que a diva tem vocação para dar forma a obras que se eternizam no pop e colecionam hinos de diferentes gerações. É nesse contexto que chega Here For It All, mais novo álbum da cantora norte-americana que soa mais despretensioso do que o que se esperava, mas ainda rende ótimos momentos.

Diante de todo esse peso da espera, as expectativas podem ser facilmente frustratadas, já que “Here For It All” não traz grandes novidades e nem se propõe alcançar a mesma grandiosidade de discos como “The Emancipation of Mimi” (2005). Aqui, Mariah se desdobra com habilidade e tranquilidade entre ritmos que marcaram os diferentes momentos da sua carreira, mantendo a veia pop afiada e os vocais impecáveis.

Capa de Here For It All
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Quem ouviu os dois primeiros singles lançados, “Type Dangerous” e “Sugar Sweet”, que apontam para o r&b e o hip hop dos anos 2000, pode ter se enganado já que a maior parte do álbum vai na direção do pop -soul que remete mais ao início da carreira da artista, nos anos 1990. Uma retomada interessante que dá um frescor para as novas composições, reforçado também pela produção mais econômica, pendendo para uma sonoridade que flerta com um minimalismo.

“Here For It All” abre com “Mi”, um r&b soft com título que remete ao apelido da cantora, Mimi, e desenha esse clima de intimidade que vai se estendendo ao longo das 10 músicas seguintes. Mariah parece levar seu público para um fluxo de pensamentos na sua mente, com letras que soam como uma conversa bem humorada entre amigas. Em Seguida vem “Play This Song”, um excelente dueto com Andderson Paak calcado nos clássicos da Motown e que remete ao Silk Sonic, projeto anterior de Paak com Bruno Mars.

“In Your Feelings” traz uma bela interpretação de Mariah que adiciona uma camada de sensibilidade a um soul-r&b e abre passagem para as indispensáveis baladas da cantora. “Nothing is Impossible” é a mais tímida delas, com um arranjo orquestral que tem seu melhor momento no final, junto com o ápice dos vocais. Um dos melhores momentos do álbum é a bela versão de “My Love”, clássico de Paul McCartney que aqui ganha uma nova roupagem de peso, com um tom mais romântico.

“I Won’t Allow It” tem uma introdução que lembra Jackson Five e segue nessa pegada com ritmo e suingue deliciosos. Esse mesmo ritmo segue surpreendentemente em “Jesus I Do”, um gospel que foge do tom cerimonial e se joga no soul-funk. A faixa-título encerra o álbum com outra boa balada que vai se desdobrando em diferente momentos ao longo de pouco mais de 6 minutos.

“Here For It All” pode não alcançar o mesmo nível do anterior “Caution” (2018), ou dos discos clássicos de Mariah Carey, mas não deixa de ser um bom álbum onde a cantora se mostra a vontade em seu universo musical, passeando pelos ritmos dos quais é bastante intima, sempre mantendo a excelência nos vocais. Com um toque descompromissado, o disco vale a pena pelo conforto das músicas deliciosas.

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