O gênero Terror conseguiu criar sua tensão e temores através das décadas por meio de vários recursos. Alguns exemplos: a criatura abominável que até hoje causa medo (Drácula, Lobisomem), o psicopata praticamente imortal que adora deixar corpos pelo chão por onde passa (Sexta-Feira 13, Halloween) ou o animal feroz que não poupa suas presas (Tubarão, Piranha).
Muita gente deve ter se assustado vendo algum filme com casa mal-assombrada. E se agora, pegássemos uma piscina? Sonho de consumo de muitos, uma parte da casa que nos traz ideia de conforto e de tranquilidade. Certo? Mas Bryce McGuire, em seu primeiro longa-metragem, faz de uma piscina o lugar necessário e inusitado que nos assusta e que esconde algo muito sombrio.
Sinopse
Ray Waller (Wyatt Russell) é um jogador de beisebol renomado, mas que agora precisa dar um tempo em sua carreira por conta de uma doença degenerativa. Para isso, procura por um recanto de sossego para que possa cuida de si e ficar junto a sua família: a esposa Eve (Kerry Coldon), o filho Elliot (Gavin Warren) e a filha Izzy (Amélie Hoeferle).
Quando Ray encontra uma casa com uma piscina desativada, sente-se logo atraído pelo lugar. Seria um ótimo recanto para passar os dias, sobretudo porque vê nesse ambiente um ótimo lugar para melhorar seu estado de saúde.
O elenco é atrativo, inclusive com algumas ótimas atuações como a de Kerry Coldon. A química da família combina com a atmosfera do filme que, a princípio, passa uma ideia de que está tudo bem, existe harmonia e paz, que o terror ainda não apresentou suas caras ao quarteto.
Jumpscares e velhos clichês
Uma vez acomodados na casa, nada melhor que curtir um dia de sol com aquele banho refrescante. Ou mesmo, dar um mergulho noturno. É quando a piscina passa a assustar os integrantes da família, um por um.
Para isso, o diretor usa de velhos clichês e jumpscares: a iluminação piscando ao redor da piscina, o trampolim que faz barulho, o ralo que a pessoa coloca a mão para limpar (e que sabemos que algo está escondido ali), o animal de estimação que desaparece.
Ele faz isso desde o início, que começa com seus 10 minutos bem interessantes e promissores. Uma garotinha acorda de noite e sai para pegar o barquinho de brinquedo do irmão, na piscina. Sem pressa para mostrar o terror que está por vir, McGuire espera por um momento oportuno. Sabemos o que está para acontecer, mas não da forma que pensamos.
Outra técnica interessante é mostrar a piscina em diversos ângulos, inclusive muitas vezes deixando a pessoa nadando/mergulhando de cabeça para baixo. Em outras ocasiões, existe uma ideia de que ela seja mais profunda do que aparenta ser, talvez uma estratégia para criar maior tensão nas cenas em que a pessoa é aterrorizada dentro da piscina.
Erros e acertos
Mergulho Noturno (Night Swim, 2024) acaba abraçando mais o gênero Suspense do que o Terror. Não traz gore e carnificina, o único sangue que surge é de um corte feito nas mãos de um dos habitantes. Então, o espectador mais sensível não se sentirá tão desconfortável. Os mais hardcores talvez nem terminem o filme por inteiro.
Embora os minutos finais sejam mais explosivos, a intenção do filme é criar um jogo de manipulação apreensivo entre a piscina e os habitantes da casa, sem chocar em cenas tão cruéis e pesadas. O filme possui até certa originalidade ao explorar algo tão apreciado por nós, embora não crie condições tão plausíveis para os acontecimentos.
Quando perto do final a trama tenta dar explicações sobre a origem do mal, na verdade não cria tanto diferencial. É aquele momento de lutar contra algo que é nocivo para nossa família, reunindo forças e, se possível, se entregar a sacrifícios.
Mergulho Noturno é baseado numa curta-metragem de 2014 e está disponível na Apple TV, Google Play Filmes e TV, Amazon Prime Video e Youtube.
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