Com animais falantes e uma aventura cheia de ação e imprevistos, Missão Pet chega aos cinemas apostando na fórmula clássica de animação para toda a família. Produzido pela francesa TAT Productions e dirigido por Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy, o filme não esconde seu caráter infantil nem demonstra interesse em se aprofundar em diálogos com públicos mais velhos. A prioridade é clara: uma diversão leve, segura e previsível, com uma ou outra tentativa de crítica social que passa quase despercebida.
Com roteiro de David Alaux, Jean-François Tosti e Éric Tosti, Missão Pet acompanha um grupo de animais em perigo, sequestrados pelo vilão Hans, um texugo movido por um plano de vingança. Para resgatá-los, a missão recai sobre Falcão, um guaxinim astuto com alma de Robin Hood, respeitado por roubar comida para alimentar outros animais de rua. A maior parte da história se passa a bordo de um trem em alta velocidade à beira de uma catástrofe.
Visualmente, o filme não surpreende, mas cumpre o prometido sem decepcionar. As cores, a qualidade da animação 3D e os cenários detalhados proporcionam uma experiência visual agradável. A ambientação do trem também é explorada de forma inteligente, criando uma atmosfera de urgência constante, mantendo a trama ágil e prendendo a atenção do público.
No entanto, Missão Pet caminha por um terreno já conhecido. Animais falantes em apuros, um vilão em busca de vingança e um herói improvável são elementos que já vimos (diversas vezes) em animações de outros estúdios. O problema da produção não é repetir a estrutura, mas a falta de esforço em oferecer um diferencial dentro dela. O resultado é um entretenimento superficial, sem grandes surpresas.

O vilão Hans, por exemplo, pode até ter uma motivação de vingança, mas a história parece se contentar em mantê-lo como o antagonista clichê, sem se aprofundar em camadas que poderiam torná-lo mais interessante. Com isso, a narrativa perde força e desperdiça a oportunidade de abordar dilemas mais complexos, algo que outras animações já souberam aproveitar muito bem.
Outro exemplo é o trem em alta velocidade. O cenário tenso funciona, criando momentos de suspense pontuais, mas deixa a desejar. Rapidamente o público mais velho percebe que tudo sempre acabará bem, não importa se o protagonista despenca de um penhasco em um trem em movimento ou se uma arara, que só aprende a voar na metade do filme, é empurrada em direção a um abismo em chamas. Afinal, estamos falando de um filme infantil.

Missão Pet até busca algumas tentativas tímidas de diálogo com o público adulto. O filme insinua críticas sociais sutis, como a forma com que os pets são explorados nas redes, reduzidos a mercadorias facilmente substituíveis, ou ainda uma leve sátira ao jornalismo sensacionalista, onde o escândalo pesa mais que a ética e a empatia. Contudo, essas camadas não se aprofundam, funcionando mais como detalhes decorativos do que como pilares da história.
Em resumo, o filme cumpre bem sua missão principal: encantar as crianças com personagens carismáticos em uma aventura com final feliz garantido. O público mirim certamente irá se divertir e torcer pelo guaxinim Falcão e seus novos amigos, aprender um pouco sobre trabalho em equipe e a importância de aceitar a própria origem. Já, para os adultos, resta a oportunidade de desfrutar de uma animação colorida e curtir a empolgação da criançada. O filme não busca ser um clássico atemporal, mas pode se tornar uma opção popular para a família tanto nos cinemas quanto, futuramente, nas plataformas de streaming.
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