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Conspiração Filmes/Reprodução

Crítica | O Diário de Pilar na Amazônia traz conscientização ambiental com sensibilidade

O Diário de Pilar na Amazônia aposta na pureza e na sensibilidade das crianças para abordar um tema crucial: a conservação do meio ambiente. Em meio às peripécias de Pilar e seus amigos em um mundo fantástico, há tênues memorandos da importância da natureza para a manutenção da vida. O tema, bastante em alta nos últimos tempos, é explorado através de uma abordagem educativa.

Van Der Put e Vaisman iniciam a adaptação dos livros pelo segundo volume, que trata da aventura de Pilar na Amazônia. Isso se deve ao intuito de participar do debate, que é extremamente atual. De fato, o filme funciona como uma ferramenta para instruir o público infantil a preservar o meio em que vivem, além de respeitar e conservar outros espaços.

Para tal, a narrativa vai se tecendo pelas interações entre os protagonistas, e se sustenta no cenário fantástico em torno das lendas da Amazônia. Dentro desse escopo, há representações de Mãe-d’Água, – mais conhecida como Iara fora da cultura amazônica – Curupira, Boto cor-de-rosa e Cobra-Grande.

Os vilões são mateiros com licença ilegal com o objetivo de desmatar a floresta e criar campos de gado. Na empreitada, o quarteto, composto por Marcelo Adnet, Babu Santana, Rafael Saraiva e Emilio Dantas, acabam enfrentando os seres folclóricos em uma luta por sobrevivência.

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Imagem: Reprodução/Adrian Teijido

É isto o que ampara um pouco a obra, uma vez que os obstáculos no caminho da turma seriam muito fáceis de contornar, não fosse o pano de fundo mágico por trás. Apesar dele, no entanto, ainda assim o roteiro facilita bastante as coisas para o grupo, ilustrando situações que não seriam tão simples na vida real, como quando Montanha (Babu Santana) deixa cair um estilete, que os meninos mais tarde usam para se soltar das cordas.

A realidade é mostrada de uma forma sensível com traços de humor; desde o princípio assistimos aos mateiros queimando as casas de famílias que habitam a Amazônia, com uma empolgação sadista que nos lembra dos vilões aqui fora. Por outro lado, os capangas Montanha e Zé Minhoca formam uma dupla de bobos, que trazem situações leves e cômicas para o enredo.

Agora, um personagem importante para a trama é o gato de Pilar, Samba, que acompanha ela, Breno, Bira e Maiara em cada aventura. Desde momentos fofos até os perigosos como enfrentar uma onça para defendê-los, Samba se firma enquanto um personagem que acrescenta à diversão na história. Os efeitos visuais para fazê-lo são perceptíveis, já que trata-se de um animal versátil que precisa desempenhar diversas ações. Em contrapartida, os efeitos especiais para outros momentos de magia, como a rede e o bolso mágico de Pilar prestam seu papel.

o diário de pilar na amazônia
Imagem: Reprodução/Conspiração Filmes

Sobretudo, a fotografia é belíssima, e os planos de filmagem abertos mostram a Amazônia em todo o seu poder e vigor. A sensação ao assistir é de uma animação calorosa. O elenco mirim, formado por Lina Flor, Sophia Ataíde, Miguel Soares e Thúlio Naab dão o nome ao interpretar de forma verossímil e cativante. A astúcia de Bira, misturada à doçura de Maiara, o inconformismo de Pilar e ao deboche de Breno formam um grupo interessante, que funciona bem em interatividade.

Em adendo, a atuação de Nanda Costa, atriz com participação especial, é tímida e fugaz. Faz sentido já que o público é infantil que as crianças tenham mais tempo de tela; todavia, a breve aparição da atriz como Isabel, a mãe de Pilar, não deixa nenhum tipo de conexão com a personagem. Não se trata, portanto, de um filme que tece relações profundas e constrói personagens secundários com profundidade.

Já em termos de sonoridade, Evandro Lima traz ancestralidade, herança e cultura em sons versáteis que combinam com as sensações de cada cena. No fim, O Diário de Pilar na Amazônia parece como algo que facilmente passaria na Sessão da Tarde; o longa se arrisca na temática atemporal utilizando o folclore brasileiro de uma forma simples e livre de muita elaboração.

Apesar de não apresentar muita ambição em roteiro, é uma produção que, sobretudo, atinge com a abordagem de uma temática fundamental, tanto para os tempos atuais como futuros. Nesse sentido, ele cumpre seu papel, se firmando enquanto uma ótima opção para entreter e educar o público infantil.

O Diário de Pilar na Amazônia estreia em 15 de janeiro de 2026 nos cinemas. Enquanto espera, você pode assistir ao teaser trailer abaixo. Há também o livro que inspirou a adaptação, da Companhia das Letras, que você pode encontrar aqui.

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