O Dayseeker surgiu em 2013 dentro do metalcore, mas foi com “Sleeptalk” (2019) que a banda encontrou sua identidade. A partir dali, o grupo passou a unir melancolia intensa, texturas eletrônicas e uma estética claramente inspirada no synthwave (estilo marcado por neon, nostalgia e vibe oitentista). Desde então, o Dayseeker se consolidou como um nome forte da música pesada moderna, em grande parte pela performance emocional e controlada de Rory Rodriguez.
Depois de explorar o luto em “Dark Sun” (2022), o Dayseeker retorna com “Creature in the Black Night”, um álbum que mantém a sensibilidade emocional da fase recente, adiciona peso de forma equilibrada e mergulha ainda mais na mistura entre clima sombrio e ambientação eletrônica.
“Reaper” e os temas melancólicos do álbum
Mesmo que o novo disco não seja mais guiado pela perda do pai de Rory, a melancolia segue como o centro da narrativa. Agora, ela aparece ligada a ciclos difíceis de quebrar: padrões emocionais, vício, culpa e relações desgastantes. Nesse contexto, surge o Reaper, figura simbólica que atravessa o álbum.

No álbum, o Reaper simboliza tudo que mantém o protagonista preso a um ciclo destrutivo. Ele pode ser um amor nocivo, um vício emocional, uma dependência ou a sensação de destino inevitável. Em “Meet the Reaper”, Rory reforça essa metáfora ao mencionar a teoria dos sete minutos após a morte, quando o cérebro revive suas memórias mais intensas. Ele transforma essa ideia em poesia melancólica ao afirmar que a pessoa amada seria seu último pensamento, mostrando como o Dayseeker converte vulnerabilidade em arte com precisão.
Altos e baixos dentro de uma estrutura previsível
“Pale Moonlight” abre o disco e apresenta a fórmula mais usada no álbum, início suave, refrão marcante e final mais pesado. A estrutura funciona, mas sua repetição deixa a segunda metade previsível. Mesmo assim, o trabalho oferece momentos realmente fortes.
A sequência “Crawl Back to My Coffin” e “Shapeshift” marca o melhor trecho do álbum. A primeira traz fragilidade emocional ao descrever o retorno a um “caixão emocional” depois de frustrações. Em seguida, “Shapeshift” entrega a melhor transição do disco, equilibrando intensidade e atmosfera com precisão.
A música Soulburn, é uma das faixas mais atmosféricas e emocionais do álbum, combinando suavidade com uma tensão silenciosa. Em contraste, Bloodlust, surge como uma das mais pesada do disco, com riffs marcantes, bateria intensa e energia agressiva que resgata a pegada visceral das raízes da banda. Juntas, essas faixas mostram o equilíbrio entre fragilidade e força.
“Creature and the Black Knight” explora batidas eletrônicas e cria um contraste interessante com o restante das faixas. Já “Cemetery Blues” cresce de forma lenta e misteriosa, alcançando um breakdown envolto em sintetizadores, portanto, reforçando a estética synthwave. Em comparação, “The Living Dead” destaca mais os vocais de Rory do que a banda.
Consistência, melancolia e pouca inovação
O álbum é bem executado, os vocais se destacam, as letras têm profundidade e a produção cria a atmosfera certa para a proposta da banda. Mesmo assim, o Dayseeker evita arriscar. O disco permanece dentro da sonoridade que o grupo domina, entregando consistência, mas poucas novidades.
As partes mais pesadas, que poderiam indicar um retorno às raízes, surgem apenas em momentos pontuais e nem sempre se encaixam de forma natural. Isso mostra que a banda prefere fortalecer o estilo atual em vez de explorar mudanças mais drásticas. Enfim, sem grandes surpresas, o resultado continua sólido e emocional, mantendo a personalidade que tornou o Dayseeker reconhecido.
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