O diretor Allan Deberton, conhecido por sua abordagem vibrante e cheia de brasilidade, entrega em O Melhor Amigo Musical Tropical uma experiência audiovisual intensa, misturando musical, comédia e drama em um espetáculo colorido e exuberante. No entanto, apesar da energia contagiante e do espírito festivo, o filme nem sempre consegue equilibrar seus elementos, resultando em uma narrativa que oscila entre o brilhante e o caótico.
Uma festa visual e sonora
Desde os primeiros minutos, o filme deixa claro seu compromisso com a estética extravagante. As cores saltam da tela, os figurinos parecem saídos de um desfile de escola de samba, e a direção de arte aposta em cenários grandiosos que celebram a cultura brasileira. Esse visual vibrante, aliado a uma trilha sonora recheada de ritmos tropicais, transforma o filme em um verdadeiro espetáculo sensorial.
As sequências musicais são, sem dúvida, o grande atrativo da obra. A mistura de samba, forró, axé e até pop cria momentos contagiantes, reforçados por coreografias enérgicas e bem ensaiadas. No entanto, essa aposta na grandiosidade pode ser um tanto cansativa para quem não é fã de musicais ou prefere um tom mais contido.
Carisma e exagero
O elenco se entrega de corpo e alma à proposta do filme. Os protagonistas possuem química e carisma, entregando performances cheias de energia, especialmente nos momentos musicais. No entanto, o tom exagerado do filme às vezes ultrapassa o limite, resultando em atuações que podem parecer caricatas. Algumas piadas e situações parecem forçadas, prejudicando o ritmo da narrativa.
A tentativa de equilibrar humor e drama também apresenta desafios. Enquanto as cenas cômicas funcionam bem em alguns momentos, há instantes em que o exagero enfraquece a profundidade dos personagens. O filme toca em temas como amizade, identidade e sonhos, mas raramente explora essas questões de maneira satisfatória, optando por resoluções fáceis e diálogos expositivos.
O roteiro perde o fôlego
Se o visual e a trilha sonora são pontos altos, o mesmo não pode ser dito sobre o roteiro. A história começa com uma premissa promissora, mas rapidamente se perde em repetições e exageros. As cenas musicais, apesar de bem produzidas, às vezes entram de maneira abrupta, interrompendo o fluxo da narrativa. Além disso, algumas subtramas parecem desconectadas ou resolvidas de forma apressada, deixando a sensação de que o filme poderia ter explorado melhor seus personagens e conflitos.
Outro ponto que pode dividir opiniões é a duração. O filme parece esticado além do necessário, com sequências que, apesar de visualmente impressionantes, poderiam ter sido mais enxutas. Para quem gosta de musicais vibrantes, isso pode não ser um problema, mas para aqueles que buscam uma história mais concisa, o excesso pode pesar na experiência.
O Melhor Amigo Musical Tropical é uma explosão de cores, música e energia, carregado de brasilidade e alegria. Para os amantes de musicais e de produções que celebram a cultura nacional, o filme oferece um espetáculo visual e sonoro empolgante. No entanto, para quem busca um roteiro mais coeso e personagens melhor desenvolvidos, a experiência pode parecer superficial e cansativa.
Se a intenção era criar um musical tropical cheio de vida e exagero, Allan Deberton certamente conseguiu. Resta saber se esse ritmo frenético e a avalanche de cores, piadas e músicas vão conquistar o público ou deixar uma sensação de excesso e desequilíbrio.
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