Desde muito novo, sempre fui fascinado pelo Predador. Essa criatura letal, envolta em mistério e códigos de honra, sempre me pareceu mais que um monstro – um símbolo de poder, domínio e desafio. Quando assisti a “Prey” em 2022, senti algo que há anos não vivia com essa franquia: respeito pela mitologia, construção sólida e emoção genuína. Prey me conquistou por reinventar com elegância, sem trair a essência.
Por isso, cheguei a Predador: Assassino de Assassinos com altas expectativas – e saí não apenas satisfeito, mas emocionado. Esta animação adulta, lançada no Hulu (Disponível no Disney+ aqui no Brasil) não é só um spin-off ousado. É uma verdadeira ode à lenda do caçador, que honra o passado enquanto traça um futuro empolgante. Aqui, o Predador encontra espaço para brilhar em narrativas intensas, violentas e cheias de alma.

Um formato arriscado que valoriza a diversidade da franquia
A escolha por uma estrutura antológica, dividida em três segmentos independentes, poderia ter resultado em um projeto desconexo. No entanto, o roteiro é tão bem amarrado que cada história se sustenta por si só e ainda conversa com as demais. O filme nos transporta para três momentos históricos distintos: a era viking, o Japão feudal e a Segunda Guerra Mundial.

Cada época apresenta não apenas novos oponentes para o Predador, mas também culturas com seus próprios códigos de honra e sobrevivência. Assim, o antagonista se transforma em espelho, refletindo a força e a coragem de cada guerreiro humano. Essa dinâmica confere profundidade ao enredo, elevando os embates a mais do que lutas: eles se tornam duelos entre mundos.
Além disso, o ritmo do filme é preciso. Cada arco tem o tempo certo para criar empatia com seus personagens, estabelecer o ambiente e, finalmente, soltar o Predador em ação. Como fã, foi um deleite assistir a cada nova abordagem mantendo a essência brutal e misteriosa do alienígena, mas adicionando camadas que enriquecem sua presença.
Uma animação que impressiona pelos detalhes e pela brutalidade
Visualmente, Assassino de Assassinos é deslumbrante. A animação é fluida, estilizada, mas jamais caricata. Em vários momentos, senti que estava vendo uma graphic novel em movimento, com cores vivas, sombras bem trabalhadas e cenas de ação coreografadas com um nível de detalhamento que raramente se vê em animações voltadas para o público adulto.

Entretanto, o que realmente me fisgou foi a brutalidade gráfica. A violência aqui não é apenas estilística, a gente sente ela em cada “take”. Cada golpe, cada ferida, cada rugido do Predador é carregado de peso. E o sangue, tanto o humano quanto o clássico verde fosforescente da criatura, flui em volumes satisfatórios. Isso pode parecer exagerado, mas para os fãs da franquia, a visceralidade é parte fundamental da experiência.

Portanto, ao apostar em uma estética adulta e agressiva, o filme se destaca da média. Não tenta suavizar nada. Mostra o Predador como deve ser: um guerreiro implacável, que respeita a força do inimigo, mas nunca hesita em destruir com eficiência.
Personagens com alma e conflitos com propósito
O que mais me surpreendeu, no entanto, foi a carga emocional presente nas três histórias. Cada protagonista humano é apresentado com tempo suficiente para gerar empatia. Vemos suas fraquezas, motivações e dilemas antes mesmo de o Predador surgir. Isso aumenta a tensão, pois sabemos que eles não são apenas vítimas descartáveis, mas são personagens com alma, prontos para lutar até o fim.
Na era viking, por exemplo, acompanhamos uma guerreira que desafia expectativas de gênero e honra sua linhagem com determinação. No Japão feudal, um samurai busca redenção por suas escolhas. Já no cenário da Segunda Guerra, um piloto americano enfrenta o peso da guerra dentro e fora de si. Cada narrativa, portanto, trata de coragem, sacrifício e legado — temas que dialogam com o próprio Predador, que é mais do que um vilão: é um reflexo do que há de mais primal na humanidade.

Assim, o filme não depende de diálogos extensos. A emoção vem dos olhares, dos gestos e das decisões. É uma animação que confia na inteligência do espectador e, por isso, se torna ainda mais poderosa.
O Predador que eu esperava ver há anos
Como fã, posso afirmar: este é o Predador que eu sempre quis ver de novo. Feroz, silencioso, estratégico e letal. A animação resgata elementos que fizeram o personagem icônico: o uso do ambiente, os dispositivos letais, a caça implacável, mas também o coloca diante de desafios inéditos.

Além disso, o filme respeita o código do caçador. Ele não ataca por prazer, mas por mérito. Escolhe adversários dignos, mede suas forças e respeita a honra do duelo. Isso humaniza a criatura de forma sutil e eficaz, sem a necessidade de diálogos expositivos ou explicações forçadas.
O cuidado com a representação do Predador aqui é digno de aplausos. Em cada segmento, ele surge com uma variação de armadura e estilo de combate, condizente com o período histórico — o que demonstra um esforço real dos criadores em respeitar o universo e oferecer algo novo.
Expansão promissora e um final que empolga
Se o filme se sustentasse apenas por suas histórias individuais, já seria um sucesso. No entanto, ele vai além ao sugerir uma expansão do universo. O terceiro ato nos leva a um ambiente alienígena — uma espécie de arena que remete a histórias em quadrinhos como Predator: Concrete Jungle. Essa introdução discreta, mas eficaz, abre espaço para o próximo projeto da franquia: Predator: Terras Selvagens.
Portanto, Assassino de Assassinos não é apenas um experimento isolado. Ele representa o início de uma nova era para o Predador, uma era que respeita os fãs antigos e, ao mesmo tempo, convida novos públicos a conhecer essa lenda.
Considerações finais: um tributo brutal com coração
Predador: Assassino de Assassinos é um filme que me tocou como admirador e me impressionou como crítico. Não é apenas uma boa animação, mas também é um marco dentro da franquia. A combinação de direção competente, narrativa emocional, visual arrebatador e fidelidade ao espírito do Predador fazem desta obra um dos melhores produtos derivados já feitos.
Além disso, o fato de ser animado não a torna menos séria ou impactante. Muito pelo contrário: a animação permite liberdades que o live-action não conseguiria executar com o mesmo grau de intensidade e beleza.
Recomendo com entusiasmo para quem ama o personagem tanto quanto eu. E mesmo para quem está chegando agora, é um excelente ponto de partida. Assassino de Assassinos mostra que, quando feito com respeito, o Predador ainda tem muito o que oferecer e muitos caçadores dignos para enfrentar.
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