Crítica | Robô Selvagem usa da gentileza como habilidade de sobrevivência
DreamWorks/Divulgação

Crítica | Robô Selvagem usa da gentileza como habilidade de sobrevivência

O filme começa quando uma robô abre seus olhos e começa a observar o mundo ao seu redor, proporcionando uma visão do mundo como nunca vimos antes. ROZZUM-7134 é uma robô hiper-móvel criada para ajudar a humanidade, desperta em uma ilha habitada por vida selvagem. Seu primeiro ato de adaptabilidade? Apelidar-se de “Roz”. Roz (dublada com gravidade e genuína emoção por Lupita Nyong’o) aprende a se comunicar com os animais locais, que inicialmente a temem, referindo-se a ela apenas como “o monstro”.

E, Robô Selvagem, Roz sabe quem ela é, mas não de onde veio. No início, ela não consegue entender que os animais precisam de um tipo de ajuda diferente do que os humanos precisam — em uma cena cômica, Roz tenta vender produtos programados a um caranguejo, confundindo-o com um “cliente em potencial”. Mas é quando Roz se torna a cuidadora de um jovem ganso, Brightbill (Kit Connor), que sua vida como uma “robô selvagem” realmente começa.

Gentileza como habilidade de sobrevivência

Crítica | Robô Selvagem usa da gentileza como habilidade de sobrevivência
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O diretor Chris Sanders não é estranho a histórias sobre criaturas (ou máquinas) interagindo com ambientes desconhecidos. Como a mente por trás de “Lilo & Stitch” e “Como Treinar Seu Dragão”, Sanders constrói uma história sobre como ser diferente pode ser a chave para causar o maior impacto em uma comunidade. Roz faz amizade com o sarcástico raposo Fink (Pedro Pascal) e Pinktail (Catherine O’Hara), uma gambá hilariamente despreocupada com os altos e baixos da vida. A curiosidade e a gentileza inata de Roz moldam suas experiências como amiga, figura parental e ser vivente. Aqui, a gentileza é tão vital quanto a hibernação.

Um elenco que dá vida à animação

Um filme de animação vive ou morre por seu elenco, especialmente em tempos de dublagens feitas mais por reconhecimento de nome do que por atores experientes. O elenco reunido aqui, incluindo um irreconhecível Mark Hamill e o sempre confiável Bill Nighy, é excepcional. Nyong’o tem a performance mais desafiadora e a executa com perfeição. Mesmo sem expressar emoções faciais, sua voz robótica transmite uma calorosa empatia.

Uma narrativa que flui como o vento

A trama de Robô Selvagem se desenrola de forma episódica; os problemas são resolvidos quase tão rapidamente quanto são introduzidos. O ritmo acelerado parece correr mais rápido que uma atualização de software. Quando o passado de Roz a alcança, a introdução de Vontra (Stephanie Hsu), uma robô que tem a missão de levar Roz de volta ao seu lugar original, pode parecer abrupta, mas ainda assim move a história adiante de forma interessante.

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Brilho técnico

Como se não bastasse uma narrativa baseada na graça e empatia, Robô Selvagem também se destaca pelo seu estilo técnico. A mais recente animação da DreamWorks, que dá a impressão de figuras CGI dentro de arte conceitual, é uma evolução dos trabalhos vistos em “Os Caras Malvados” e “Gato de Botas: O Último Pedido”. Aqui, essa técnica foi aperfeiçoada. A cinematografia de Chris Stover proporciona algumas das melhores cenas do ano, dignas de serem exibidas como arte. A trilha sonora magistral de Kris Bowers também merece destaque, evocando emoções à la Thomas Newman e John Powell.

Baseado na série de sucesso de Peter Brown, Robô Selvagem é uma entrada magistral no cânone da DreamWorks, ganhando seu lugar ao lado de “Shrek” e Como Treinar Seu Dragão como um dos melhores trabalhos do estúdio.

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.