Um grande labirinto de paredes extremamente brancas, muita correria e tensão, espreitas e… balões azuis. É assim que o primeiro episódio da 2ª temporada de Ruptura nos recepciona nos primeiros minutos.
O início frenético transmite a sensação de continuidade direta aos acontecimentos do último episódio da 1ª temporada, nos deixando com o entusiasmo de “agora terei as respostas pelas quais esperei todo esse tempo”. Mas será que teremos?
Refrescando a memória
Após quase três anos desde o lançamento da 1ª temporada de Ruptura, acho válido – e importante! – relembrar algumas informações que nos fizeram ficar grudados na tela.
O mundo de Ruptura
A série se passa na Lumon Industries, uma empresa com um procedimento bizarro chamado “ruptura”. Esse processo separa as memórias dos funcionários em duas partes:
- O Innie (memória do trabalho): só lembra da vida dentro da empresa.
- O Outie (memória da vida pessoal): não faz ideia do que acontece lá dentro.
Mark Scout (Adam Scott) é o líder do setor de Macrodata Refinement, um departamento que “refina” números em um sistema, mas ninguém sabe o porquê. Ao longo da temporada, ele e seus colegas – Helly (Britt Lower), Irving (John Turturro) e Dylan (Zach Cherry) – começam a questionar as regras rígidas da Lumon e a se perguntar qual é o verdadeiro propósito da empresa.
O caos é ativado
Nos últimos episódios da 1ª temporada, a tensão atinge o ápice. A grande virada acontece quando Dylan descobre um dispositivo chamado Overtime Contingency, que permite ativar o innie fora da empresa. Isso abre a porta para o plano mais ousado: expor os segredos da Lumon usando essa tecnologia.
Depois de muito planejamento (e tensão), Mark, Helly e Irving conseguem ativar o dispositivo, colocando seus innies no controle de seus corpos no mundo real. E o que acontece é uma mistura de confusão, revelações chocantes e aquele gostinho agridoce de vitória.
O último episódio termina no auge da tensão, sem entregar nenhuma resolução concreta e nos deixando com várias questões e teorias: Qual é o real objetivo da Lumon? A Gemma está viva? Qual é o papel da família Eagan? O que o Irving descobriu? E agora, está todo mundo livre?
Depois da tempestade, vem a calmaria
O episódio de estreia da 2ª temporada, intitulado “Olá, Sra. Cobel”, retoma a narrativa cinco meses após os eventos impactantes do final da primeira temporada. Apesar de um início agitado e empolgante – gostaria, inclusive, de destacar o trabalho de enquadramentos espetaculares que Ben Stiller utiliza nessas cenas – logo somos puxados de volta ao ritmo calmo e misterioso que Ruptura consegue entregar com maestria desde seu primeiro ano. Essa simetria tão certinha que incomoda, com o filtro levemente azulado das paredes brancas, sem janelas, construindo essa claustrofobia calculada.
Sem muitas explicações, somos apresentados a uma nova equipe: Mark W. (Bob Babalan), Gwendolyn Y. (Alia Shawkat) e Dario R. (Stefano Carannante), com exceção de um integrante que já conhecemos bem: Mark Scout, que não está nada contente com a substituição, feita sem aviso prévio, de seus amigos. Esse descontentamento faz Mark S. questionar insistentemente Mr. Milchick (Tramell Tillman) sobre o paradeiro deles e até mesmo sobre a possibilidade de reintegração, o que, de forma surpreendente, acaba… funcionando?!
Novas melhorias e velhos conhecidos
Além da nova equipe, que nos diz adeus da mesma forma como chegou (sem explicações), o retorno de nossos velhos amigos Helly, Irving e Dylan acontece com informações interessantes. Aparentemente, os esforços da equipe deram resultados (não os esperados), pois supostas melhorias no ambiente de trabalho foram implementadas pela Lumon.
Agora, eles possuem uma nova sala de descanso, com decoração mais acolhedora; monitoramento constante reduzido para promover mais privacidade nas interações no local de trabalho; benefícios “motivacionais”, como mais opções de lanches para se deliciar durante o expediente, e novas atividades para dar um ‘break’ do serviço árduo.
Aparentemente, está tudo entrando nos eixos, não é?
Paciência é uma virtude
Ruptura possui seu próprio dosador de informações, liberando somente aquilo que acha necessário e no momento adequado. Mesmo sabendo disso, após longos anos de espera, chegamos neste primeiro episódio com a expectativa de receber as respostas (ou, pelo menos, algumas) das muitas questões deixadas pela euforia do final da temporada anterior.
Olá, Sra. Cobel veio como um exercício de respiração para acalmar toda a exaltação, nos lembrando a essência da série – aquela pela qual nos instigamos e começamos a acompanhar –, respondendo apenas as perguntas necessárias: como está a equipe e quais mudanças iniciais aconteceram, e deixando algumas novas perguntas pairando no ar.
Para chegar nesse pensamento “calmo e pleno”, precisei de um tempo para respirar e analisar logo após assistir ao episódio, pois (talvez) assim como você, fiquei frustrada por não ter minhas dúvidas sanadas rapidamente. Mas, de certa forma, é a combinação do ritmo pacato e enigmático que dá a Ruptura um toque pitoresco de insanidade.
Precisaremos aguardar pacientemente o desenrolar dos próximos acontecimentos para ter nossas tão suplicadas respostas (ou não!).
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Parabéns pelo texto! Muito bom!