Exatamente um ano após se tornar de vez o alvo dos holofotes no mundo pop com o álbum “Short N’ Sweet”, Sabrina Carpenter lança Man’s Best Friend, disco que tem o claro objetivo de manter a cantora no topo e que conta com um grande trunfo: seu humor afiado e seu carisma bem alinhados com um som pop altamente confortável e chiclete.

Não há quase nada de novo aqui, Man’s Best Friend não propõe nenhuma grande mudança ao que já conhecemos da artista e talvez isso nem fosse possível, tendo em vista o seu lançamento em um curto espaço de tempo no ano mais movimentado da sua carreira até aqui. O álbum apenas se reserva a manter a proposta do seu antecessor, algo que não é necessariamente ruim.
Ao longo de 12 faixas compostas pela própria cantora, produzidas mais uma vez por Jack Antonoff, Sabrina Carpenter volta a usar habilidosamente a imagem de uma cantora pop pin-up apenas como uma armadilha para destilar todo seu deboche e ironia em letras que zombam de comportamentos masculinos muito comuns e facilmente inidentificáveis por qualquer pessoa que se relaciona com homens.

Não atoa a capa do disco, que mostra a cantora de quatro em frente a um homem segurando seu cabelo, causou polêmica e acabou se voltando a favor da cantora. Todas as velhas acusações de que ela estaria ferindo a moral e os bons costumes norte-americanos fazem ainda menos sentido ao ouvir o disco e ter a certeza de que tudo, incluindo o título, não passa de uma grande ironia.
Tudo isso embalado por um pop clássico horas com toques de Country e folk, horas com referências de disco music e elementos das décadas de 1970 e 1980. Um bom resumo disso é o primeiro single, “Manchild”, uma country pop que debocha de um homem com inteligência limitada. “Como pode ser tão gostoso se é tão burro? / E como sobreviveu tanto tempo na Terra?”, diz a letra.
“Tears”, o segundo single, “exalta”, com bastante ironia, um cara que a trata bem, lava a louça e faz o básico: “Eu fico molhada só de pensar em você / Sendo um cara responsável / Me tratando como deveria / Lágrimas escorrem pelas minhas coxas.” “My Man onWillpower” fala sobre um homem que inicialmente se mostrava extremamente apaixonado e até mesmo obcecado, mas depois desanimou. É o que atualmente é chamado de lovebombing.
Em “Sugar Talking” Sabrina reclama de um parceiro que fala muito mas faz pouco na prática. “When Did You Get Hot” traz uma leve lembrança do r&b dos anos 2000 e uma letra divertida que parte do ponto de vita de uma garota que de repente percebeu que um certo cara comum ficou bonito. “Go Go Juice” evoca uma persona hedonista que tem uma “queda por uma bebidinha e um garoto meio afeminado.” “Goodbye” encerra o disco mantendo o interesse com uma canção de rompimento após uma decepção no relacionamento, embalada por um pop que remete ao ABBA.
Em Man’s Best Friend, Sabrina Carpenter não faz nada diferente do que já vimos, mas segue se mantendo divertida com sua caneta afiada para o humor e a ironia, além de saber bem como usar um pop bem feito e meticulosamente pensado para ganhar o público, para dar leves cutucadas. Por hora isso segue sendo o suficiente, mas algo diferente, no futuro, será muito bem vindo.
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