Stranger Things | Novos poderes e confronto com Vecna; assista o 1º trailer da temporada final
Netflix/Reprodução

Crítica | Stranger Things 5 – Vol.1 : Um ‘pequeno’ aperitivo do fim

O tão aguardado momento chegou: os primeiros quatro episódios da quinta e derradeira temporada de Stranger Things estão entre nós! Com o ritmo que já estamos acostumados a acompanhar, agora em episódios de até 1h20m de duração, o Volume 1 nos trouxe uma amostra do que está por vir nos próximos volumes, cumprindo o papel de preparar o terreno para o final da mágica e excêntrica história criada pelos Irmãos Duffer junto à Netflix.

Já sentimos nostalgia com Stranger Things…

Após os primeiros cinco minutos, onde voltamos no tempo até a primeira e importante interação entre Vecna e Will – que ainda não havia sido mostrada -, recebemos uma boa dose do clima dos anos 80 e da ambientação única de Stranger Things. Como a primeira temporada foi lançada ainda em 2016 e o hiato entre a quarta e esta foi longo, somos tomados por um inesperado e reconfortante clima de nostalgia.

Os personagens que aprendemos amar, agora mais unidos do que nunca, não são mais os mesmos, mas a essência de cada um deles segue intacta. Por mais difícil que seja difícil comprar a ideia de jovens adultos no papel de colegiais, isso é facilmente contornado ao vermos Mike e cia em bicicletas a caminho da escola, enquanto tentam resolver algo maior que ronda a cidade.

… Mas o clima está mais pesado do que nunca

No entanto, a Netflix deixa claro, antes mesmo dos primeiros quinze minutos iniciais, que as circunstâncias estão longe de serem as mesmas. E essa quebra nos é apresentada por Dustin – o antes divertido e amoroso personagem agora carrega um tom mais sombrio, graça a a revolta pelos eventos da última temporada, buscando então reerguer o Hellfire e, junto dele, a honra de Eddie.

Somos apresentados a uma Hawkins ainda colorida, mas inevitavelmente mais sombria, cercada e presa pelo governo após o solo se partir no que acreditam ser um “desastre natural nunca antes visto”, mas nós sabemos muito bem do que se trata. Apesar de todos tentarem manter a rotina, o medo é palpável em cada cidadão e com isso até mesmo uma discussão com “valentões” da escola pode nos levar a temer pela vida de um personagem importante, visto que nem mesmo a população da cidade parece ter o mesmo tom acolhedor das primeiras temporadas.

As crianças cresceram e o protagonismo foi dividido

E aqui parece estar a resposta da Netflix para contornar o maior problema que tinha que enfrentar nesta temporada: as crianças cresceram – mas também é mais que isso, agora elas estão prontas. E com cada uma delas, desde Lucas à Eleven, dentro do limite individual de cada um, nos é mostrado que não há mais espaço para arcos de evolução. Chegou o momento de conclusão de todo o universo e, consequentemente, seus personagens.

Se antes, mesmo desenvolvendo com maestria a maior parte dos personagens, Eleven e Mike sempre pareceram dividir o protagonismo, enquanto os mais atentos já percebiam que a resposta para o desenrolar, na verdade, sempre esteve em torno de Will. Agora, porém, ninguém é ofuscado, vemos todos eles dispostos a enfrentar o que não é mais desconhecido, exercendo em tela coragem e, quando necessário, liderança.

mike stranger things

Freud explica Stranger Things: a resposta sempre esteve na infância

Mas então como manter o clima de tensão e urgência, se esses personagens não possuem mais tanto medo? Bem, então é hora de quem ainda possui fragilidades “brilhar”. E aqui está, segundo palavras do próprio Henry – já em sua forma de Vecna-, o caminho para o desenrolar da trama, que sempre foi o mesmo: as crianças.

Com o sequestro de Holly, irmã mais nova de Nancy e Maike, para o Mundo iIertido, nossos heróis descobrem que não só poucos “escolhidos”, como Eleven e Will, que estão em perigo, mas sim todos os pequenos de Hawkins.

Com isso, a narrativa prepara o terreno para nos apresentar que toda mudança, seja ela positiva ou negativa, passa pela infância. E assim, com a mesma essência simpática que nos explica e convence de planos mirabolantes que sempre parecem fadados ao fracasso, a obra consegue nos fazer entender que a resposta para enfrentar nossos demônios sempre esteve dentro de nós, nos traumas e memórias de nossa infância, algo que diversas vertentes da psicologia, como a psicanálise abordam; e esse conceito foi muito bem utilizado nestes quatro episódios, principalmente como ponte para o tão aguardado “fim” do arco de evolução de Will.

O tão esperado ‘despertar’ de Will

Ao ver seus amigos e familiares sem saída contra a morte, e logo após ser provocado por Vecna, Will – talvez como parte do plano final de Henry – enfim desperta seus poderes, ao se permitir lembrar de sua infância e revisitar a parte boa dela, antes de todo o caos vivido em Hawkins e onde os mais fortes de seus laços tiveram início.

Sempre esperamos pelo desenrolar da sexualidade e dos possíveis poderes do personagem de Noah Schnapp e, ao que tudo indica, as respostas apenas começaram a desabrochar nos últimos minutos do quarto episódio e muito ainda está por vir. O ator, inclusive, é o maior destaque positivo dentre o elenco neste primeiro volume, parecendo entender perfeitamente o que seu personagem precisava em tela e transparecendo seus sentimentos de forma natural e respeitosa com o mesmo.

Para prender os fãs em teorias e ansiedade por mais um mês até o próximo volume, a Netflix precisava de algo a mais; o despertar e aparente controle dos poderes de William foi um excelente e inteligente movimento dos irmãos Duffer, que pareceram guardar pacientemente essa revelação para este momento – transformando o garoto no verdadeiro “deus ex machina” da trama, papel que sempre esperamos vir de Eleven/Onze.

Volume 1 traz menos ação que o esperado, mas cumpre seu papel

Por fim, vale destacar que a ação, apesar de estar bastante presente em praticamente todos os episódios, não é o fator mais empolgante neste primeiro volume. Basicamente, ela se resume a confrontos pontuais com Demogorgons, que já são suficientes para manter o clima necessário de tensão no ar.

Agora, com a inevitável e grandiosa primeira aparição de Henry em sua “forma verdadeira” como Vecna, é possível que tenhamos mais ação em tela, explorando ainda mais o amadurecimento do elenco e prometendo cenas até mesmo mais viscerais.

Em suma, o volume 1 entregou o necessário para manter o hype pelo fim de Stranger Things nas alturas, preparando assim o caminho para o que promete ser um dos mais emocionantes e épicos finais de série já vistos – ao menos é o que esperamos dos irmãos Duff e da Netflix no próximo mês.

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Colaborador do Conecta Geek desde 2024, nasci no estado do Rio de Janeiro e alinho minhas maiores paixões à minha vocação através da produção de conteúdo. Entre as minhas áreas de maior domínio e experiência profissional estão o o universo geek, o automobilismo e os esportes em geral, principalmente o futebol. Certificado como Jornalista Digital e Social Media pela Academia do Jornalista, contribui no passado como Editor-chefe nos portais R7 Lorena e iG In Magazine e fui Colaborador do portal esportivo Torcedores.