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Crítica | Stranger Things 5 – Volume 2: Desacelerar para amarrar as pontas

Após quase um mês de espera desde o primeiro volume, a 5ª temporada de Stranger Things recebeu mais três episódios importantíssimos para explicar toda a trama e preparar ainda mais o caminho para um fim que promete ser épico.

Apesar de ainda não alcançar o ápice prometido, a trama se desenrola para uma conclusão inevitavelmente emocionante, reunindo novamente todo o grupo de heróis improváveis para uma “batalha” final que vai muito além de Vecna e o Mundo Invertido.

Atenção: Sempre evito entrar em detalhes que revelam muito sobre a trama, mas é importante destacar que elementos importantes serão abordados e inevitavelmente essa crítica terá spoilers. Caso ainda não tenha assistidos os três episódios liberados nesta semana, prossiga por sua conta e risco.

Um mundo obscuro, mas ainda fantástico

Com a expansão oficial do universo além de Hawkins e o Mundo Invertido, tivemos acesso a novos cenários tanto na mente de Henry quanto “do outro lado”, onde se encontram fisicamente Vecna e as crianças sequestradas por ele.

Todos esses novos locais trazem uma carga maior de obscuridade e não são necessariamente um primor de efeitos especiais, mas ajudam a manter acesa nosso interesse pelo formidável universo criado pelos irmãos Duffer e a equipe da Netflix – o que será que nossos heróis enfrentarão nas terras além da ponte que chamamos de Mundo Invertido?

O protagonismo segue dividido e novas peças entram no jogo

Assim como no primeiro volume, algumas peças importantes durante toda a história de Stranger Things seguem deixadas um pouco de lado – Eleven, por exemplo, continua apenas com a promessa de resolver tudo e tem sua importância na resolução de problemas que aparecem nesses três episódios, mas ainda tem menos tempo de tela que a maior parte do núcleo principal.

Em compensação, outros rostos, como os de Dustin e Murray, voltam ao epicentro da trama com tudo, além de novos ou recentes personagens “puxados” para o embate contra a ameaça de Vecna e o Mundo Invertido ganharem relevância. O destaque retorna para Karen Wheeler, que após enfrentar um Demogorgon para proteger sua filha no primeiro volume, foi importante para manter os amigos de Will e Nancy vivos ao matar Democães que invadiram o hospital onde está internada.

O drama de Will é encerrado às pressas

E se Will foi talvez a peça mais importante do primeiro volume – e provavelmente será também no episódio final – ele precisou agora ser colocado um pouco de lado. Seu drama pessoal envolvendo sua sexualidade, porém, precisava ser resolvido, o que culminou numa cena emocionante, onde ele não apenas revela à família e seus amigos ser gay, como também se abre sobre seus medos.

Porém, a meu ver, a cena perdeu o peso dramático que poderia ter anteriormente, além de que reunir todos do elenco principal no mesmo local me pareceu somente uma saída para garantir que todos soubessem – algo que não era tão necessário, apesar de importante para Will.

O despertar de Max

Após quase toda a trama da quinta temporada até aqui, tivemos o tão aguardado despertar de Max, com o devido drama necessário para este momento: luta contra Democães, alguém chegando para salvar o dia e uma cena digna de grandes filmes de romance com Lucas. Esse momento, inclusive, apenas elucidou o talento de Sadie Sink, um dos nomes de maior potencial em Hollywood atualmente.

A cena é um alívio não apenas para os que torciam para o bem da personagem como também para os que, assim como eu, já estavam saturados das cenas entre Max e Holly na prisão mental de Henry. Não me entendam mal, a dupla com a também promissora Nell Fisher funcionou muito bem e trouxe algumas das cenas mais bem trabalhadas em efeitos especiais e dramatização, mas eu não aguentava mais vê-las presas em um drama que poderia ter se reslvido já no quinto episódio e desperdiçou muito potencial de cenas com o restante do grupo – até mesmo Max parecia já não aguentar mais dividir tantas cenas com Holly.

Pouca ação e expectativa elevada

Na crítica referente ao Volume 1, me queixei da falta de ação – algo que não é o grande trunfo da série desde o início, mas era inevitavelmente esperado para a temporada final -, mas entendi ser necessário para preparar o terreno. Porém, isso não só voltou a ocorrer como me incomodou ainda mais durante os três episódios liberados neste volume, mesmo que eu ainda entenda a necessidade de agora amarrar pontas soltas durante a história – como a origem e o verdadeiro significado do Mundo Invertido.

Isso abre brecha para que nossas expectativas por uma grande batalha final no último episódio sejam elevados e, caso isso não seja suprido, pode gerar frustração em grande parte do público. Será mesmo que os personagens principais correm tanto risco de vida como achamos? Minha aposta é que essa seja apenas uma estratégia para que possamos ser surpreendidos e lamentar ainda mais possíveis perdas no fim. Logo, é melhor prepararmos os lenços para o desfecho de Stranger Things.

Ah, em compensação, a única cena de maior ação é formidável, desde a sensação de perigo com a invasão de Democães ao hospital de Hawkins atrás de Max até enquadramentos que fazem o medo sair da tela e nos atingir com elementos que nos assustam na vida real pelo desconhecido, como sons e sombras, tudo isso bem próximo dos personagens em cena, quase que nos colocando para correr e pensar em um esconderijo junto deles.

Crianças travessas: um gancho inferior ao anterior

Por fim, a resposta para o desenrolar da trama segue nas mãos das doze crianças escolhidas por Henry para concluir seu plano; elas, inclusive, foram melhor desenvolvidas, mesmo que em poucas cenas, neste volume. Em uma cena específica envolvendo a tentativa de fuga de Holly após ser novamente capturada por Vecna, podemos ver que os escolhidos vão muito além de mentes frágeis e facilmente manipuláveis, mas também com alto potencial de maldade – provavelmente devido a experiências traumáticas que passaram anteriormente e/ou a necessidade de validação de seus esforços, o que indiretamente encontram em Henry.

O início da execução do plano de Henry – no que pareceu quase um ritual em sua mente – foi, inclusive, o gancho deixado pela série para o último episódio, algo bem inferior à descoberta dos poderes de Will no fim do quarto episódio, mas suficiente para nos manter ansiosos durante os próximos dias.

Em suma, o Volume 2 da quinta temporada é inferior ao anterior, mas tão crucial quanto, amarrando pontas soltas do rico universo criado pelos irmãos Duffer e mantendo o mínimo de tensão necessária para nos fazer não apenas aguardar ansiosamente como também temer pelo que pode acontecer com nossos amados heróis no fim da trama. Nos resta agora aguardar pelo derradeiro episódio de Stranger Things, que chega à Netflix às 22h do próximo dia 31.

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Colaborador do Conecta Geek desde 2024, nasci no estado do Rio de Janeiro e alinho minhas maiores paixões à minha vocação através da produção de conteúdo. Entre as minhas áreas de maior domínio e experiência profissional estão o o universo geek, o automobilismo e os esportes em geral, principalmente o futebol. Certificado como Jornalista Digital e Social Media pela Academia do Jornalista, contribui no passado como Editor-chefe nos portais R7 Lorena e iG In Magazine e fui Colaborador do portal esportivo Torcedores.