Terno Rei
Divulgação / Fernando Mendes.

Crítica | Terno Rei aposta no equilíbrio entre o pop e o indie em ‘Nenhuma Estrela’

Desde “Violeta” (2019) o Terno Rei vem em uma guinada na carreira, ampliando cada vez mais o público na mesma medida em que refina a sonoridade da banda que se equilibra entre o indie e o pop, caminho reforçado em “Gêmeos” (2022). “Nenhuma Estrela”, mais novo álbum do grupo formado por Ale Sater, Bruno Paschoal, Greg Maya e Luis Cardoso, apresenta o melhor dessa construção, em um som ainda mais maduro e bem resolvido.

Não há efetivamente nenhuma grande mudança ao longo das 13 novas faixas com produção de Gustavo Schirmer e mixagem de Nicolas Vernhes. O trunfo do disco está justamente em ver a consolidação de um som que a banda soube desenvolver e aperfeiçoar muito bem. O encontro de guitarra, baixo e bateria com sintetizadores, as referências das décadas de 1980 e 1990, as letras ora reflexivas, ora melancólicas, ora românticas seguem firmes, fortes e cada vez mais interessantes.

Capa de Nenhuma Estrela.
Divulgação.

Sobre as composições em si, vale destacar a habilidade de Ale Sater de fazer canções pop que ao mesmo tempo mantém uma identidade e um certo nível de complexidade bastante característico, o que faz pensar que muitas das canções de “Nenhuma Estrela” poderiam facilmente serem grandes hits radiofônicos se tivessem sido lançadas há uns 20 anos atrás, se juntando ao panteão de bandas como Paralamas do Sucesso, Skank, Titãs, Cidade Negra e outras.

O álbum abre com “Peito”, faixa que funciona como uma boa introdução sutil que segue em um leve crescendo para “Nada Igual”, primeiro single divulgado e uma canção que te conquista já na primeira audição, com um refrão forte que fica na mente instantaneamente. A faixa-título vem em seguida com uma letra mais intensa, porém mantendo a pegada pop.

“Próxima Parada” se destaca aqui como uma das faixas mais experimentais da leva, talvez a que deixa mais evidente o amadurecimento alcançado pelo Terno Rei. “Casa Vazia”, traz novamente o contraste entre um arranjo mais expansivo e uma letra mais melancólica, lembrando algo como The smiths. “Relógio” é outro grande momento do disco, em que a banda resgata suas referências do Clube da Esquina com a participação de Lô Borges.

A partir daí o álbum entra em seu momento mais introspectivo flertando com o folk, com elementos acústicos em faixas como “Programação Normal”. “32”, é uma sensível reflexão sobre a passagem do tempo, o amadurecimento e os desafios da vida adulta. “Viver de Amor” é o momento mais íntimo do álbum, uma balada mais soturna que destaca a letra densa.

“Coração Partido” volta para os sintetizadores e mantém o pique de canções marcantes, desta vez reforçado pela participação de Clara Borges, da banda Paira. “Tempo” é mais uma ótima surpresa. Aqui a banda mergulha fundo no synthpop se aproxima de bandas como Depeche Mode, New Orther e Tears For Fears. “Acordo” encerra bem o disco em outra nota intensa com mais um momento confessional.

Em “Nenhuma Estrela”, o Termo Rei reforça a sua identidade e deixa claro o amadurecimento musical em um disco repleto de canções cativantes, capazes de dialogar com diferentes públicos, sem deixar de lado a essência do indie rock. Se equilibrando entre o pop e o alternativo, a banda cresce cada vez mais e vai, aos poucos, conquistando um lugar bastante sólido no cenário pop nacional.

Leia também: