Se “Wicked: Parte 1” já havia arrebatado plateias com sua fusão entre espetáculo, emoção e humanidade, Wicked: Parte 2 eleva essa experiência a um patamar que encanta e despedaça na mesma medida.
Elphaba (Cynthia Erivo), agora totalmente demonizada como a “Bruxa Má do Oeste”, vive em exílio na floresta de Oz, mantendo viva sua luta pelos Animais silenciados e tentando expor as mentiras do Mágico (Jeff Goldblum). Enquanto isso, Glinda (Ariana Grande), transformada na reluzente “Símbolo da Bondade”, reina no palácio da Cidade das Esmeraldas, banhada por luxo, popularidade e expectativas impossíveis.
Sob a manipulação fria de Madame Morrible (Michelle Yeoh), Glinda se torna a face sorridente de um regime que ela mesma não é capaz de acreditar por completo. Conforme sua fama cresce e seu casamento com o Príncipe Fiyero (Jonathan Bailey) se aproxima, a glória pública não esconde a dor privada da separação de Elphaba.
A tentativa de reconciliação fracassa, abrindo feridas ainda mais profundas e precipitando uma série de desastres que alteram o destino de Boq (Ethan Slater), Fiyero e da frágil Nessarose (Marissa Bode), especialmente quando uma jovem do Kansas chega para balançar o destino de Oz. À medida que uma multidão enfurecida se levanta contra a “Bruxa Má”, Glinda e Elphaba precisam se encontrar uma última vez — e, pela primeira vez, se enxergar com verdade e empatia — para transformar suas vidas e talvez todo o mundo para sempre.
Entre tantas virtudes narrativas, destacam-se as duas novas músicas compostas por Stephen Schwartz: “No Place Like Home” e “The Girl in the Bubble”. São composições que não apenas enriquecem o filme: elas o atravessam emocionalmente, abrem cicatrizes musicais e aprofundam a dor das cenas em que surgem. Cada nova melodia parece ter sido escrita com a pulsação da própria história, tocando feridas e verdades que antes estavam subentendidas. São números tão poderosos que é impossível não desejar — e esperar — que estejam na próxima montagem teatral de Wicked. Sua inclusão no palco seria não só um presente aos fãs, mas uma expansão natural do universo da obra.

Do ponto de vista técnico, Wicked: Parte 2 é uma obra-prima de fotografia, direção de arte e composição visual. A paleta cromática, ora sombria para envolver Elphaba, ora cintilante para exaltar Glinda, cria um contraste emocional que quase se torna uma linguagem própria.
A fotografia transforma Oz em um organismo vivo, vibrante, onde cada luz, cada sombra e cada brilho contam parte da história. Há momentos em que a câmera parece respirar com as personagens, acompanhando suas quedas, revelações e triunfos com uma sensibilidade que vai além do estético… é emocional, quase espiritual.
A montagem, por sua vez, é inteligente, equilibrando musicalidade, ação e delicadeza com fluidez excepcional. As transições entre grandes números musicais, cenas dramáticas e momentos de pura intimidade emocional são executadas com precisão cirúrgica. E muito desse resultado impecável vem do fato de que as duas partes foram gravadas simultaneamente. Essa decisão ousada confere coesão estética e emocional extraordinária: tudo parece pertencer ao mesmo fôlego narrativo, à mesma respiração artística. Nada destoa, nada se repete — tudo se complementa. É como assistir a uma única ópera épica dividida em dois atos grandiosos, ambos indispensáveis.

E, acima de tudo, Wicked: Parte 2 é tão emocionante quanto a primeira, talvez até mais. Não existe spoiler capaz de diluir a experiência arrebatadora de assistir a este capítulo final. Pode ser visto uma vez ou mil vezes: a catarse permanece intacta. Cynthia Erivo e Ariana Grande entregam performances definitivas, destinadas a atravessar gerações. Não são apenas marcantes, são históricas. Parecem ter nascido para encarnar Elphaba e Glinda, e suas interpretações ficam gravadas na memória coletiva como algumas das mais icônicas do cinema musical moderno.
No fim, a saga Wicked se estabelece como muito mais que um prelúdio para “O Mágico de Oz”: ela é a obra que redefine Oz. O filme de 1939 torna-se quase um apêndice diante da monumentalidade desta narrativa. Wicked transforma o conhecido em extraordinário, o esperado em surpreendente e o clássico em algo completamente novo. Quando a cortina cai, não é Oz que muda, somos nós (e que bom!)
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