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Especial | 10 filmes independentes que desafiaram Hollywood e viraram cults

Baixo orçamento, grandes ideias: veja os filmes independentes que ousaram desafiar Hollywood, conquistaram o público e se tornaram cults inesquecíveis.

Hollywood pode ter o dinheiro, os efeitos, as estrelas e os tapetes vermelhos. Mas sabe o que ela nem sempre tem? Coragem. Aquela ousadia de jogar as regras no lixo e contar uma história do jeito que ela precisa ser contada, sem fórmulas, sem concessões, sem medo.

 É aí que entra o cinema independente.

Muitos dos filmes mais influentes, amados e citados de todos os tempos surgiram longe dos estúdios gigantes. Foram feitos na raça, com orçamento contado, filmagens rápidas e roteiros que não se encaixavam em nenhuma “tendência de mercado”. E mesmo assim ou talvez justamente por isso eles se tornaram cults. Aqueles filmes que não saem da cabeça, que viram camiseta, referência estética, meme, tatuagem. Que inspiram cineastas no mundo inteiro a pegar uma câmera e fazer do seu jeito.

 O Conecta Geek separou 10 desses filmes. Não os “melhores”, não os “mais premiados”. Mas os que desafiaram o sistema, botaram o dedo na ferida (ou no coração) e conquistaram seu espaço na cultura pop com coragem, criatividade e muito estilo.

1. Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino

 Orçamento: US$ 8 milhões
Arrecadação: mais de US$ 200 milhões

filmes independentes que desafiaram Hollywood
Foto: reprodução/mubi

Se hoje Tarantino é um nome gigante, foi com esse filme que tudo mudou. Pulp Fiction chegou bagunçando tudo: narrativa não linear, diálogos longos sobre nada (e sobre tudo), violência estilizada, trilha sonora impecável e um elenco que misturava estrelas em baixa e apostas certeiras.

Foi o tapa na cara que o cinema americano precisava. Um lembrete de que filme bom não precisa seguir fórmulas. É considerado o maior símbolo do cinema indie dos anos 90, e até hoje, ninguém faz conversa sobre hambúrgueres como Tarantino.

2. Donnie Darko (2001), de Richard Kelly

Orçamento: US$ 4,5 milhões
Arrecadação inicial: um fracasso. Depois: virou culto absoluto.

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 Donnie Darko é aquele filme que você assiste, termina confuso, assiste de novo e segue confuso, mas agora, apaixonado. Com Jake Gyllenhaal novinho, coelho gigante do mal, viagem no tempo e questões existenciais, o filme virou febre entre adolescentes (e adultos) que adoram teorias e filosofia sci-fi.

 O fracasso inicial nas bilheteiras virou uma explosão no home video e nas discussões online. E hoje, Donnie é tipo o mascote oficial do “culto alternativo” dos anos 2000.

3. Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), de Barry Jenkins

 Orçamento: US$ 1,5 milhão
Oscar de Melhor Filme. (Sim, aquele que erraram no palco.)

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 Moonlight é poesia em forma de cinema. Uma história íntima, sensível e potente sobre masculinidade, negritude e descoberta sexual, dividida em três momentos da vida de um único personagem. Tudo isso filmado com delicadeza, direção impecável e atuações de tirar o fôlego

Foi um marco. Um filme indie, com elenco majoritariamente negro e sem grana, vencendo o Oscar de Melhor Filme em cima do queridinho hollywoodiano La La Land (2016). Dá pra ouvir o barulho das estruturas caindo até hoje.

4. A Bruxa de Blair (1999), de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez

 Orçamento: US$ 60 mil
Arrecadação: quase US$ 250 milhões

Foto: reprodução/mubi

Esse aqui basicamente reinventou o found footage (gravação encontrada) e provou que medo real não precisa de monstros de CGI. Só de câmera tremendo, gente gritando e uma floresta escura.

O marketing também foi um divisor de águas: o público realmente achava que as filmagens eram reais. Foi um fenômeno cultural. Um filme que parecia amador, mas que acertou em cheio no pavor. Hollywood tentou copiar depois mil vezes, nenhuma com o mesmo impacto.

5. Lady Bird (2017), de Greta Gerwig

 Orçamento: US$ 10 milhões
Indicado ao Oscar de Melhor Filme

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 Adolescência sem filtro, com pitadas de humor ácido e lágrimas sinceras. Greta Gerwig chegou com seu primeiro filme solo na direção e já entregou um coming-of-age que virou queridinho de crítica e público.

Sem explosões, sem grandes tragédias. Só a vida como ela é:  confusa, intensa, cômica. O figurino, os diálogos, a relação mãe e filha… tudo virou referência. Foi o tipo de filme que diz: “você não precisa inventar uma nova galáxia. Só precisa contar uma boa história com verdade.”

6. Hereditário (2018), de Ari Aster

 Orçamento: US$ 10 milhões
Arrecadação: US$ 80 milhões

Foto: reprodução/mubi

Quem diria que um filme de terror indie causaria mais desconforto emocional do que qualquer blockbuster com demônio em CGI? Hereditário mexe com você. De verdade.
Ari Aster pegou uma história de luto, trauma familiar e culpa, e colocou dentro de um filme 

de terror que parece calmo… até não ser mais. É o tipo de obra que vai devagarinho, te sufocando aos poucos. E quando termina, você fica sentado olhando pro nada. Ganhou o status de cult instantaneamente e inaugurou a era dos terrores adultos da A24.

7. Napoleon Dynamite (2004), de Jared Hess

 Orçamento: US$ 400 mil
Arrecadação: US$ 46 milhões

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O filme mais esquisito e mais amado dos anos 2000. Napoleon é um adolescente estranho, num mundo estranho, com uma família ainda mais estranha. E o mais bizarro: a gente se identifica com tudo.

Esse é aquele tipo de filme que não tenta ser “legal”. Ele só é. E talvez por isso tenha virado um sucesso indie gigante, com frases que viraram bordões e camisetas. Um lembrete de que ser estranho é totalmente ok, e que uma dança improvisada pode te tornar inesquecível.

8. Drive (2011), de Nicolas Winding Refn

 Orçamento: US$ 15 milhões (quase não é indie, mas a alma é)
Arrecadação: US$ 81 milhões

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Foto: reprodução/prime video

 Drive é tipo um poema noir com jaqueta de escorpião e sangue nos bancos do carro. Ryan Gosling quase não fala, mas diz tudo com os olhos e os silêncios. A trilha sonora é absurda, a fotografia é arte pura e cada cena tem um estilo que parece clipe da MTV dos anos dourados.

 Virou cult rapidinho. E ainda trouxe uma nova leva de fãs pro cinema europeu e “autoral disfarçado de ação”. Um clássico da era Tumblr que ainda faz a galera querer andar de carro à noite só pra ouvir “Nightcall” no repeat.

9. Frances Ha (2012), de Noah Baumbach

 Orçamento: US$ 3 milhões
Arrecadação: US$ 11 milhões

Foto: reprodução/mubi

 Filmado em preto e branco, com aquela vibe “estou perdida aos 27 anos e não sei o que fazer com a vida”, “Frances Ha” é uma ode à geração que cresceu demais pra ser adolescente, mas ainda não se sente adulta.

 Greta Gerwig (de novo ela!) é a alma do filme. A espontaneidade, o humor melancólico, as danças solitárias pelas ruas… tudo é tocante, confuso, honesto. O filme virou queridinho de quem ama cinema indie “de sentimentos” e segue como referência estética e narrativa até hoje.

10. O Balconista (1994), de Kevin Smith

 Orçamento: US$ 27 mil (!!)
Arrecadação: US$ 3 milhões

Foto: reprodução/mubi

Esse aqui é a prova definitiva de que você não precisa de grana pra fazer história, só de uma boa ideia e muita cara de pau. Kevin Smith gravou O Balconista em preto e branco, à noite, na loja de conveniência onde trabalhava. O resultado? Uma comédia debochada, cheia de conversas aparentemente inúteis que, na real, são pura filosofia de boteco geek.

É um marco do cinema independente dos anos 90. E abriu portas pra uma geração inteira de cineastas que entenderam: sim, você pode falar sobre nada e, ainda assim, dizer tudo.

E isso é só a ponta do iceberg. Tem Ex Machina (2014) misturando sci-fi e minimalismo, Whiplash (2014) mostrando que obsessão tem som de bateria, A Bruxa (2015) redefinindo o terror com cabra e dialeto antigo, Tangerine (2015) filmado com iPhone, Amor à Flor da Pele” (2000) com cores e silêncios que viraram referência de cinema arte, e tantos outros.

O que une todos esses filmes? Liberdade criativa. Coragem narrativa. E o poder de fazer barulho mesmo sem megafone. Porque às vezes, os filmes que mais mexem com a gente não vêm dos estúdios. Vêm de alguém com uma câmera, uma ideia maluca e a vontade de contar uma história que ninguém teve coragem de contar antes.

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Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.