Há 20 anos, um livro sobre uma garota comum e um vampiro misterioso chegou às livrarias sem grandes expectativas. Mas quem poderia prever que Crepúsculo, de Stephenie Meyer, se tornaria um dos maiores fenômenos da cultura pop? Se você foi adolescente nos anos 2000, é quase impossível não lembrar da febre que tomou conta do mundo. De filas nas livrarias a salas de cinema lotadas, a história de Bella Swan e Edward Cullen deixou uma marca que, até hoje, gera debates, nostalgia e até novos projetos.
O que faz Crepúsculo ser tão marcante? O romance entre Bella e Edward foi o responsável por uma nova era na literatura jovem-adulta, resgatando o fascínio por histórias sobrenaturais e misturando isso com um romance proibido que capturou corações. O livro pode até ter seus momentos questionáveis, mas a forma como conseguiu prender o público – e gerar discussões acaloradas sobre sua qualidade – mostra que ele nunca passou despercebido.
Agora, duas décadas depois, a pergunta que fica é: Crepúsculo envelheceu bem? E, mais importante, seu impacto na cultura pop ainda pode ser sentido? Para responder isso, precisamos voltar no tempo e entender como esse fenômeno começou, como ele explodiu no mercado e por que, mesmo depois de tanto tempo, as pessoas ainda falam sobre essa saga.
Do sonho de Stephenie Meyer ao início de um fenômeno
A história de Crepúsculo começou de maneira inusitada: um sonho. Em 2 de junho de 2003, Stephenie Meyer acordou com a lembrança vívida de uma cena onde uma garota conversava com um vampiro em uma campina, enquanto ele lutava contra sua sede de sangue. A escritora, que até então não tinha experiência no mundo literário, decidiu colocar essa ideia no papel. O que ela não esperava era que essa cena se tornaria o coração de uma das sagas mais populares da literatura YA (Young Adult).
Escrever o livro foi um processo intenso. Em poucos meses, Meyer já tinha um manuscrito pronto e começou a enviá-lo para editoras. Apesar das recusas iniciais – algo comum para escritores novatos –, a história logo chamou a atenção da Little, Brown and Company, que viu potencial no enredo e garantiu um contrato milionário para a publicação. Assim, em 5 de outubro de 2005, Crepúsculo chegou às livrarias.

O sucesso foi instantâneo. Mesmo sem uma grande campanha de marketing, a história cresceu no boca a boca, conquistando adolescentes que se identificavam com Bella e seu mundo. O romance entre uma garota comum e um vampiro misterioso, combinado com um triângulo amoroso que se intensificaria nos livros seguintes, fez com que Crepúsculo se destacasse entre as obras juvenis da época.
O que tornou Crepúsculo tão popular? Parte disso vem da forma como Meyer construiu seu romance: ao invés do tradicional terror vampiresco, a autora optou por um tom mais melancólico e romântico, focado na tensão entre o desejo e o perigo. Além disso, a escrita acessível permitia que leitores de diferentes idades mergulhassem facilmente na história.
No entanto, Crepúsculo também foi alvo de críticas desde o início. Muitos apontavam que Bella era uma protagonista passiva e que o relacionamento dela com Edward tinha traços problemáticos. Mas, para o público-alvo, a intensidade da relação era justamente o que tornava tudo tão envolvente. A discussão sobre a toxicidade do romance viria com mais força nos anos seguintes, mas, em 2005, tudo o que importava era o drama, o mistério e a paixão entre os personagens.
O boom da saga e sua influência na literatura
Com o sucesso do primeiro livro, a editora logo percebeu que havia uma mina de ouro nas mãos e tratou de garantir a sequência da saga. “Lua Nova” (2006), “Eclipse” (2007) e “Amanhecer” (2008) expandiram o universo de Bella e Edward, trazendo novos desafios, mais personagens e um aprofundamento no triângulo amoroso que envolvia Jacob Black, o lobisomem que se tornaria o maior rival de Edward.
A rivalidade entre Team Edward e Team Jacob se tornou um dos momentos mais icônicos do fandom. Os leitores se dividiam entre aqueles que queriam que Bella ficasse com o vampiro romântico e aqueles que torciam para que ela escolhesse o melhor amigo protetor. A discussão era tão acalorada que até hoje ainda é comum ver fãs debatendo qual era a melhor escolha.
O impacto da saga não ficou restrito aos livros de Meyer. O sucesso de Crepúsculo impulsionou o gênero YA, levando ao lançamento de diversas séries que seguiam uma linha semelhante. “Os Instrumentos Mortais”, “A Maldição do Tigre” e até “Academia de Vampiros” pegaram carona na tendência e ajudaram a consolidar a literatura jovem-adulta como um dos segmentos mais lucrativos do mercado editorial.
Além disso, Crepúsculo também influenciou um dos maiores fenômenos da literatura erótica: “Cinquenta Tons de Cinza”. O livro de E.L. James nasceu como uma fanfic inspirada em Edward e Bella antes de ser reescrito como um romance independente. Isso só reforça o quanto a saga de Stephenie Meyer deixou marcas na cultura pop.
Mesmo com todas as críticas que surgiram ao longo dos anos, Crepúsculo provou que seu impacto na literatura foi inegável. Ele não só abriu portas para outras histórias como ajudou a redefinir a forma como romances sobrenaturais eram escritos e consumidos.
A febre das adaptações e o estouro nos cinemas
Quando Crepúsculo chegou às telas em 2008, ninguém imaginava que o filme se tornaria um fenômeno tão grande. Com um orçamento modesto e uma diretora indie (Catherine Hardwicke), a produção apostou em um tom sombrio e uma estética azulada que logo se tornou icônica.
Kristen Stewart e Robert Pattinson foram escalados como Bella e Edward, e mesmo que a escolha tenha sido criticada no início, os dois acabaram se tornando os rostos da saga. Taylor Lautner, que interpretou Jacob, também conquistou uma legião de fãs e se tornou um dos atores mais populares da época.

O filme arrecadou mais de 400 milhões de dólares mundialmente e garantiu que as sequências fossem produzidas. Com cada novo lançamento, a bilheteria só aumentava, culminando em “Amanhecer – Parte 2”, que ultrapassou a marca de 800 milhões de dólares.
A trilha sonora da saga também foi um sucesso à parte. Com bandas como Muse, Paramore e Linkin Park, a música ajudou a criar a identidade melancólica e romântica dos filmes. Até hoje, músicas como “Decode” e “Supermassive Black Hole” são lembradas pelos fãs.
Crepúsculo ainda brilha?
A resposta é um grande sim. Mesmo com todas as críticas e mudanças culturais, é inegável que Crepúsculo moldou uma geração inteira de leitores e espectadores. Seu impacto no mercado editorial e no cinema ainda é sentido, e a saga continua sendo revisitada por novos fãs.
Nos últimos anos, o lançamento de “Sol da Meia-Noite” reacendeu o interesse pela franquia, e o anúncio de uma série de TV pode trazer uma nova onda de fãs para esse universo.
O romance de Bella e Edward pode ter dividido opiniões, mas uma coisa é certa: 20 anos depois, Crepúsculo segue imortal.
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