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Especial | 5 filmes biográficos brasileiros imperdíveis

Do Rei do Baião ao ícone da MPB, essas produções brasileiras contam histórias emocionantes de figuras lendárias

O cinema brasileiro é mestre em transformar grandes vidas em narrativas épicas, e quando o assunto são biografias, nossa filmografia não decepciona. De artistas consagrados a jogadores icônicos, esses cinco filmes biográficos capturam a essência de personalidades que marcaram a história do país.

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Se você ainda não viu essas obras, prepare-se para mergulhar em histórias emocionantes, cheias de intensidade, talento e, claro, algumas curiosidades dos bastidores que tornam essas produções ainda mais fascinantes:

1. Gonzaga: De Pai para Filho (2012)

“Gonzaga: De Pai para Filho” é um filme que vai além de uma simples biografia musical. Ele mergulha profundamente na complexa relação entre dois grandes nomes da música brasileira: Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e seu filho, o cantor Gonzaguinha. A trama aborda não só o sucesso de ambos, mas também os conflitos familiares, as dores da ausência paterna e a luta por reconciliação. O filme é um retrato emocionante da relação de pai e filho que, por anos, foi marcada por mágoas e distanciamento, mas que, no fundo, sempre teve muito amor.

Um dos pontos altos do filme é a atuação de Júlio Andrade, que interpreta Gonzaguinha, e Adélio Lima, que vive Luiz Gonzaga. Ambos conseguiram capturar a essência desses artistas, tanto no palco quanto em suas vidas pessoais. Júlio Andrade, em particular, impressiona por sua semelhança física e pela forma como incorporou os trejeitos do cantor, desde a voz até os gestos. A caracterização é tão boa que muitos espectadores ficaram chocados com o realismo da interpretação. Andrade mergulhou tanto no personagem que precisou perder peso e adaptar seu tom vocal.

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Foto: reprodução/Globoplay

A trilha sonora, claro, é uma joia à parte. Clássicos como “Asa Branca”, “O Que É, O Que É”, e tantas outras músicas que marcaram gerações embalam as cenas mais emocionantes do filme. Para os fãs de música brasileira, o longa é um presente, mas também é uma grande aula sobre a importância da cultura nordestina na construção da identidade musical do Brasil. O filme é uma ode não só à história de vida dos Gonzagas, mas também ao legado deixado por eles na música popular.

Curiosidade: durante as filmagens, a equipe teve acesso direto a cartas e conversas reais entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, o que deu um toque de veracidade às cenas. O filme, dirigido por Breno Silveira, o mesmo diretor de “Dois Filhos de Francisco”, é carregado de emoção e de um cuidado minucioso na recriação de detalhes da vida dos dois artistas. Isso torna a experiência ainda mais imersiva para o espectador.

2. Cazuza: O Tempo Não Pára (2004) 

Cazuza: O Tempo Não Pára é uma biografia vibrante e explosiva, assim como foi a vida do cantor Cazuza. O filme retrata a trajetória de um dos maiores poetas da música brasileira, desde o auge do sucesso com o Barão Vermelho até sua luta contra a AIDS. O longa não esconde os excessos e polêmicas que marcaram a vida do artista, mostrando sua personalidade intensa, o relacionamento com os pais e sua rebeldia constante. Cazuza era um espírito livre e sem freios, e o filme faz jus à sua ousadia e coragem.

Um dos grandes destaques da produção é a atuação de Daniel de Oliveira como Cazuza. Ele encarna o cantor com uma intensidade impressionante, capturando sua energia elétrica no palco e sua vulnerabilidade fora dele. Daniel estudou a fundo as expressões, gestos e o modo de falar de Cazuza, entregando uma performance que deixou tanto os fãs quanto os críticos emocionados. A transformação física de Daniel foi notável, com o ator perdendo peso ao longo das filmagens para retratar a fase mais debilitada de Cazuza. A trilha sonora do filme é, claro, composta pelos maiores sucessos do cantor, como “Exagerado”, “Pro Dia Nascer Feliz” e “O Tempo Não Pára”.

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Foto: reprodução/Adorocinema

Além de embalar a história, as músicas ajudam a contar as fases da vida do artista, refletindo seus sentimentos em cada momento. Para quem é fã de Cazuza ou simplesmente da música brasileira, o filme é um espetáculo à parte, cheio de nostalgia e emoção.

Curiosidade: o filme foi um dos maiores sucessos de bilheteria no Brasil em 2004 e rendeu a Daniel de Oliveira diversos prêmios por sua atuação impecável. Além disso, a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, esteve diretamente envolvida na produção, garantindo que a história fosse contada de forma honesta e respeitosa, mas sem esconder as partes mais difíceis da vida do filho.

3. Chico Xavier (2010) 

O filme “Chico Xavier” é uma biografia que toca profundamente o coração do espectador. Ele narra a vida do médium Chico Xavier, uma das figuras mais respeitadas do Brasil, conhecido por sua mediunidade e por ter psicografado centenas de livros, cujos lucros foram todos revertidos para a caridade. A obra mostra desde a infância pobre de Chico em Minas Gerais até sua velhice, quando já era amplamente reconhecido por seus feitos. O filme não se foca apenas em sua vida espiritual, mas também em suas dificuldades pessoais, como as dores físicas e os desafios de ser uma figura pública.

A atuação de Nelson Xavier no papel de Chico, na fase adulta e idosa, é de uma sensibilidade única. Nelson conseguiu transmitir toda a serenidade e o altruísmo que eram marcas registradas de Chico. Já Ângelo Antônio, que interpreta Chico em sua juventude, passou por uma transformação física impressionante, raspando o cabelo e emagrecendo para viver o personagem. O filme conseguiu capturar as nuances de uma pessoa que, apesar de ser admirada por muitos, também era profundamente solitária e sofrida.

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Foto: reprodução/Plano Crítico

A direção, assinada por Daniel Filho, soube explorar bem os momentos de maior tensão e emoção, como nas cenas em que Chico recebe mensagens dos mortos para suas famílias. Essas cenas são delicadas e tratadas com muito respeito, mostrando o impacto que o médium teve na vida de tantas pessoas. O longa também aborda a perseguição que Chico sofreu, tanto de religiosos quanto da mídia, especialmente no início de sua carreira mediúnica.

Curiosidade: o filme foi lançado no ano do centenário de nascimento de Chico Xavier, em 2010, o que fez com que ele tivesse um impacto ainda maior nas bilheterias. Além disso, muitas das cenas foram gravadas em Uberaba e Pedro Leopoldo, cidades onde Chico viveu, o que trouxe mais autenticidade para a produção. Nelson Xavier, que era cético antes do filme, declarou que passou a acreditar mais em espiritualidade após interpretar Chico.

4. Elis (2016) 

A vida de Elis Regina é tão grandiosa quanto sua voz. O filme “Elis” faz jus à sua trajetória brilhante e ao mesmo tempo turbulenta. Elis é retratada como uma mulher à frente do seu tempo, talentosa, destemida e, ao mesmo tempo, cheia de inseguranças e conflitos. O filme foca tanto na ascensão meteórica de Elis na música brasileira quanto nos desafios pessoais que ela enfrentou ao longo da carreira, incluindo seus embates com a ditadura militar e seu comportamento explosivo.

Andréia Horta entrega uma performance arrebatadora no papel de Elis. A atriz não apenas capturou o jeito e as expressões da cantora, mas também conseguiu reproduzir seus momentos mais intensos, tanto no palco quanto fora dele. A preparação para o papel foi intensa: Andréia estudou canto, se aprofundou na história da MPB e trabalhou minuciosamente para reproduzir a presença de Elis no palco. Não à toa, sua atuação foi amplamente elogiada e lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

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Foto: reprodução/Plano Crítico

A trilha sonora, composta pelas músicas icônicas de Elis Regina, como “Como Nossos Pais”, “Águas de Março” e “O Bêbado e a Equilibrista”, guia o espectador através dos altos e baixos da vida da cantora. O filme não tem medo de mostrar os momentos difíceis de Elis, como sua relação conturbada com as gravadoras, os conflitos pessoais e o triste desfecho de sua vida. É uma obra emocionante e intensa, assim como a própria Elis.

Curiosidade: Andréia Horta passou por um intenso treinamento vocal para as cenas de canto. Embora a voz que ouvimos nas músicas seja a da própria Elis Regina, o que trouxe ainda mais autenticidade ao filme. A atriz também teve que aprender a controlar os trejeitos específicos de Elis no palco, como seus movimentos bruscos e expressões faciais marcantes. O diretor Hugo Prata fez questão de que a produção fosse fiel à realidade, consultando amigos e familiares da cantora durante o processo.

5. Heleno (2011) 

Heleno é uma biografia que conta a vida de Heleno de Freitas, um dos maiores jogadores de futebol do Brasil na década de 1940. Heleno, conhecido tanto por seu talento com a bola quanto por seu temperamento explosivo, teve uma vida marcada pela ascensão e queda. O filme foca em sua trajetória no Botafogo e na seleção brasileira, mas também em sua vida pessoal, cheia de excessos, vícios e problemas de saúde mental. É uma história de glória e tragédia, que revela o preço de uma vida vivida no limite.

Rodrigo Santoro entrega uma das performances mais impressionantes de sua carreira ao interpretar Heleno. Ele não só se preparou fisicamente para o papel, perdendo quase 13 quilos, como também mergulhou profundamente no estado psicológico do personagem, que passou por uma deterioração mental severa nos últimos anos de sua vida. A escolha de filmar em preto e branco deu um tom nostálgico e dramático ao filme, refletindo o glamour e, ao mesmo tempo, a decadência de uma época.

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Foto: reprodução/Plano Crítico

José Henrique Fonseca, a direção, soube explorar bem o contraste entre o glamour do futebol e a escuridão da vida pessoal de Heleno. O filme é visualmente deslumbrante, com uma fotografia que evoca os filmes clássicos de Hollywood, mas com um tom melancólico que reflete a trajetória trágica do jogador. As cenas de futebol são intensas e bem coreografadas, mas é nos momentos de silêncio e introspecção que o filme realmente brilha.

Curiosidade: Rodrigo Santoro passou meses estudando a vida de Heleno. Ele chegou a consultar familiares e ex-companheiros de time do jogador para entender melhor sua personalidade. Além disso, a escolha de filmar em preto e branco foi uma decisão estética arriscada, mas que acabou sendo aclamada pela crítica, conferindo ao filme um estilo único. Santoro também treinou com técnicos de futebol para reproduzir os movimentos de Heleno em campo de forma autêntica.

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