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Especial | As várias faces de Cristo no cinema

A figura de Jesus Cristo é uma das mais retratadas na história do cinema. Desde produções grandiosas que buscam fidelidade aos textos bíblicos até interpretações irreverentes e controversas, o filho de Deus já foi representado das mais diversas formas nas telas. Nesta Sexta-feira Santa, data que marca a crucificação de Cristo dentro da tradição cristã, reunimos algumas das versões mais marcantes, ousadas e até polêmicas do messias no cinema.

Seja como protagonista de dramas épicos, astro de musicais ou até mesmo personagem de sátiras, Jesus já foi visto como um herói trágico, um revolucionário, um rockstar e até um jovem tímido tentando se encaixar no ensino médio. Confira abaixo como o cinema reinventou sua imagem ao longo das décadas.

Jesus Cristo Superstar (1973)

Antes de se tornar um filme cult, Jesus Cristo Superstar foi um musical de sucesso na Broadway, com composições de Andrew Lloyd Webber. A adaptação para o cinema, dirigida por Norman Jewison, transformou a narrativa bíblica em um espetáculo repleto de rock, cores vibrantes e anacronismos propositais.

Aqui, Jesus (Ted Neeley) é retratado como uma celebridade cercada por fãs fanáticas, enquanto Judas (Carl Anderson) questiona sua crescente fama e os rumos do movimento. Tanques de guerra e soldados armados com metralhadoras aparecem em cenas que remetem à repressão política, dando um tom moderno à história.

The Messiah: A Brickfilm (2022)

Quem disse que a história de Jesus não poderia ser contada com peças de Lego? O cineasta independente Josh Carroll decidiu encarar o desafio e recriou passagens bíblicas em The Messiah: A Brickfilm, um projeto ambicioso que narra a vida de Cristo usando apenas os famosos blocos de montar.

Te Prego Lá Fora (2021)

O grupo Porta dos Fundos já causou polêmica antes com “A Primeira Tentação de Cristo” (2019), mas em Te Prego Lá Fora, especial de Natal lançado em 2021, a abordagem é mais leve – mas não menos irreverente.

Na animação, Jesus (voz de Rafael Portugal) é um adolescente tímido que tenta esconder seus poderes divinos para não ser crucificado pelos colegas de escola. A trama satiriza filmes adolescentes norte-americanos, misturando humor ácido com referências bíblicas.

A Última Tentação de Cristo (1988)

Dirigido por Martin Scorsese, A Última Tentação de Cristo é baseado no livro homônimo de Níkos Kazantzákis e causou enorme polêmica ao mostrar um Jesus (Willem Dafoe) cheio de dúvidas, medos e desejos humanos.

O filme explora a ideia de que Cristo poderia ter cedido à tentação, imaginando uma vida comum, com esposa e filhos. A cena em que ele mantém relações com Maria Madalena (Barbara Hershey) revoltou grupos religiosos, a ponto de cinemas que exibiam o longa serem alvo de ataques.

Apesar da controvérsia, a obra foi indicada ao Oscar de Melhor Diretor e permanece como uma das visões mais ousadas sobre a figura de Jesus.

A Vida de Brian (1979)

O grupo britânico Monty Python é conhecido por seu humor ácido, e A Vida de Brian não foge à regra. O filme acompanha Brian (Graham Chapman), um homem comum que nasce no estábulo ao lado de Jesus e é constantemente confundido com o messias.

A obra faz uma sátira inteligente à religiosidade cega, mostrando como as pessoas podem distorcer figuras sagradas para atender a seus interesses. A cena em que uma multidão cega adora um chinelo como se fosse um milagre é uma das mais icônicas.

Ben-Hur (1959)

Vencedor de 11 Oscars, Ben-Hur é um dos maiores épicos religiosos já feitos. A história segue Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um príncipe judeu que se torna escravo e, em sua jornada, presencia a crucificação de Jesus (Claude Heater).

Apesar de Cristo não ser o protagonista, sua presença é fundamental para o desfecho da trama. A cena em que ele oferece água a Ben-Hur durante a marcha dos escravos é uma das mais emocionantes do cinema clássico.

Maria, Mãe de Jesus (1999)

Reprodução

Nesta produção para TV, Christian Bale interpreta Jesus sob a perspectiva de Maria (Pernilla August). O filme explora a relação entre mãe e filho, mostrando os desafios de criar o messias em um mundo cheio de perigos.

Bale, mais conhecido como Batman na trilogia de Christopher Nolan, traz uma interpretação contida e emocional, destacando a humanidade de Cristo.

O Auto da Compadecida (2000)

Uma das obras mais importantes do cinema brasileiro, O Auto da Compadecida, baseado na peça de Ariano Suassuna, traz uma versão inusitada de Jesus: um juiz negro (Maurício Gonçalves) que, ao lado de Nossa Senhora (Fernanda Montenegro) e do Diabo (Luís Melo), decide o destino de João Grilo (Matheus Nachtergaele) e seus companheiros.

A representação de Cristo como um homem negro rendeu cenas memoráveis, incluindo diálogos hilários com João Grilo, que questiona sua cor.

A Paixão de Cristo (2004)

Dirigido por Mel Gibson, A Paixão de Cristo é um dos filmes mais realistas e violentos sobre os últimos dias de Jesus (Jim Caviezel). Rodado em aramaico e latim, o longa não poupa detalhes ao retratar a tortura e crucificação, gerando debates sobre a brutalidade das cenas.

Apesar da polêmica, o filme foi um sucesso de bilheteria e até hoje é exibido em igrejas durante a Semana Santa.

As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005)

Embora não seja uma representação literal, Aslan, o leão de Nárnia, é uma clara alegoria a Cristo. Criado por C.S. Lewis, um escritor profundamente religioso, o personagem se sacrifica para salvar Edmund e ressuscita, simbolizando a ressurreição. No filme da Disney, Aslan é vivido por Liam Neeson, que empresta sua voz imponente ao personagem.

Nesta Sexta-feira Santa, que tal revisitar algumas dessas obras e descobrir qual Jesus mais fala com você?

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.