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Especial Dia dos Namorados e Mês do Orgulho | Os casais mais icônicos dos BLs e GLs

Junho é um mês especial. De um lado, os corações batem mais forte com o Dia dos Namorados, celebrado no dia 12 no Brasil. Do outro, as cores do arco-íris se espalham pelas ruas e pelas telas durante o Mês do Orgulho LGBTQIAP+. Para os fãs de cultura asiática e narrativas queer, esse é o momento perfeito para revisitar histórias que marcaram não apenas o entretenimento, mas também o coração de quem acompanha o universo dos BLs (Boys’ Love) e GLs (Girls’ Love).

Nascidos da efervescência dos fandoms, e aos poucos ganhando espaço e reconhecimento mais amplo, os dramas BL e GL vêm rompendo barreiras culturais, emocionais e sociais. E embora os desafios de representação ainda existam, há algo de profundamente potente e necessário nas histórias de amor entre pessoas do mesmo gênero sendo contadas com carinho, conflito, humor e afeto. Hoje, celebramos casais que não só nos fizeram suspirar, mas que também abriram caminho para conversas mais diversas sobre identidade, desejo e afeto no contexto asiático.

Tine e Sarawat – 2gether: The Series (Tailândia, 2020)

Talvez o casal mais conhecido internacionalmente do universo BL, Tine (Win Metawin) e Sarawat (Bright Vachirawit) viraram ícones quase instantâneos. Em “2gether: The Series”, o relacionamento começa com um clássico trope: um namoro falso. Mas é nesse jogo de aparências que sentimentos verdadeiros emergem, e o que poderia ter sido apenas um clichê vira uma jornada sincera de descoberta e vulnerabilidade. A química entre Bright e Win extrapolou a tela, tornando a dupla um verdadeiro fenômeno global, responsável por uma nova onda de interesse mundial pelos BLs tailandeses.

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Mais do que um casal fofo, Sarawat e Tine representam um dos primeiros BLs tailandeses a romper com nichos e alcançar o mainstream, sendo celebrados até fora do público LGBTQIA+. “2gether: The Series” virou sinônimo de leveza, carisma e representatividade em um país onde o BL se transformou em uma indústria sólida. Foi também um ponto de virada para a forma como essas histórias são produzidas, levando mais atenção à qualidade da direção, trilha sonora e atuação. Com direito a continuação e diversos produtos derivados, a série cravou seu espaço na cultura pop asiática.

Pat e Pran – Bad Buddy (Tailândia, 2021)

Se “2gether” abriu portas, “Bad Buddy” escancarou janelas com um enredo ousado e um tratamento visual e narrativo que levou os dramas BL a um novo patamar. Pat (Ohm Pawat) e Pran (Nanon Korapat) vivem uma espécie de Romeu e Julieta moderno, onde o romance floresce mesmo em meio à rivalidade entre famílias e faculdades. O roteiro é inteligente, a direção é precisa e o desenvolvimento emocional dos personagens é feito com rara delicadeza, sem abrir mão do humor que dá leveza à história.

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O diferencial de “Bad Buddy” está no cuidado com que aborda os conflitos internos e externos do casal. A relação entre Pat e Pran não é só sobre se apaixonar, mas também sobre resistir contra o preconceito, contra o destino e contra os padrões. É uma ode à juventude queer asiática que deseja amar com liberdade, mesmo diante das expectativas da sociedade. A série não só se destacou nas métricas de audiência, como também foi amplamente discutida em fóruns internacionais, sendo reconhecida por seu impacto cultural e pela sensibilidade com que tratou o amor entre dois rapazes.

Yae e Yuki – Ride or Die (Japão, 2021)

Poucos GLs causaram tanto impacto quanto o visceral “Ride or Die”, baseado no mangá Gunjou. Yae (Honami Sato) e Rei (Kiko Mizuhara) embarcam em uma fuga intensa após Rei matar o marido abusivo de Yae. É um filme duro, que exige estômago,  mas também é uma das histórias mais corajosas do cinema asiático contemporâneo. A tensão entre trauma, desejo e sobrevivência atravessa toda a narrativa, trazendo um retrato cru e realista do que significa amar em condições extremas.

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Mais do que romance, “Ride or Die” é um estudo sobre dor, obsessão, culpa e redenção. O filme não oferece finais fáceis nem soluções idealizadas: seu mérito está em encarar o caos emocional das protagonistas sem julgamentos. É um raro exemplo de um GL que se propõe a ser mais do que apenas fofo, e consegue. Com uma estética forte e atuações marcantes, a produção é uma joia incômoda que permanece com o espectador muito depois dos créditos finais.

Third e Khai – Theory of Love (Tailândia, 2019)

“Theory of Love” traz uma das histórias mais relacionáveis para quem já se apaixonou por um amigo: Third (Gun Atthaphan) sofre em silêncio por Khai (Off Jumpol), seu colega de faculdade, enquanto tenta equilibrar amizade, esperança e frustração. A série mergulha nas dinâmicas de quem ama sem ser correspondido, usando referências de cinema e elementos de metalinguagem para amplificar a dor e o desejo dos personagens. É uma história sobre timing, orgulho, mágoas e, acima de tudo, crescimento emocional.

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A atuação sensível de Gun Atthaphan carrega a série nas costas, entregando uma performance que equilibra sofrimento e esperança com maestria. “Theory of Love” se destaca ao mostrar que amadurecer emocionalmente é tão importante quanto se declarar e que, às vezes, o amor só floresce quando há coragem de encarar a verdade. Com uma abordagem mais introspectiva e emocional, a série conquistou fãs que buscavam um BL mais realista, com menos idealização e mais profundidade nos conflitos.

Sun Jing e Qiu Tong – Their Story/Tamen de Gushi (China, webcomic iniciado em 2014)

Apesar de ainda não ter recebido uma adaptação oficial em live-action, o manhua chinês “Tamen de Gushi”, de Tan Jiu, conquistou o coração de milhares com a relação adorável entre Sun Jing, a extrovertida desastrada, e Qiu Tong, a tímida e graciosa colega de escola. A leveza da narrativa, os traços expressivos e o humor sutil tornam essa webcomic um verdadeiro respiro dentro das representações queer da China, que costumam ser marcadas por tragédias ou censura.

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“Their Story” quebra essa rigidez e oferece uma visão mais otimista e cotidiana do amor entre duas garotas. Em vez de sofrimento ou opressão, o que vemos são interações naturais, engraçadas e repletas de afeto juvenil. Essa abordagem diferenciada transformou o título em um fenômeno online, sendo traduzido por fãs e discutido em fóruns internacionais. É a prova de que até os pequenos gestos podem fazer uma grande diferença na representatividade queer.

Wei Wuxian e Lan Wangji – The Untamed (China, 2019)

Adaptado do danmei Mo Dao Zu Shi, “The Untamed” foi um marco cultural não apenas na China, mas em toda a Ásia. Mesmo com as restrições severas da censura chinesa, o relacionamento entre Wei Wuxian (Xiao Zhan) e Lan Wangji (Wang Yibo) foi tão carregado de subtexto, olhares, silêncios e simbolismos que se tornou inegável aos olhos do público. A série mistura fantasia, drama político, artes marciais e filosofia taoista, mas é a conexão profunda e emocional entre os dois protagonistas que sustenta e dá alma à narrativa.

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O sucesso de “The Untamed” vai além da audiência massiva: ele abriu caminho para uma onda de produções inspiradas em danmei, mesmo que ainda camufladas por regras rígidas. A dedicação dos atores, o cuidado com a ambientação e a trilha sonora inesquecível ajudaram a criar um universo onde a relação entre Wei Wuxian e Lan Wangji transcende o romance e se transforma em um pacto de lealdade, respeito e amor que resiste ao tempo e à morte. É um exemplo de como, mesmo diante da repressão, histórias queer encontram formas de existir.

Yuri e Victor – Yuri!!! on Ice (Japão, 2016)

“Yuri!!! on Ice” pode não ser um BL no sentido estrito, mas é impossível falar de casais queer asiáticos sem mencionar Yuri Katsuki e Victor Nikiforov. O anime revolucionou ao retratar com naturalidade, elegância e sensibilidade o envolvimento romântico entre um patinador ansioso e seu treinador encantador. A relação entre os dois se desenvolve em meio a competições, superações pessoais e coreografias de tirar o fôlego, criando uma atmosfera intensa e emocional.

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A força de “Yuri!!! on Ice” está em sua capacidade de ser universal: qualquer pessoa que já lidou com inseguranças, pressão ou medo de não ser suficiente se verá em Yuri. E a forma como Victor enxerga, apoia e se apaixona por ele é de uma ternura rara, que marcou o coração de milhares de fãs ao redor do mundo. A série evitou rótulos e, justamente por isso, conquistou uma nova audiência para histórias de amor entre homens em formatos antes considerados de nicho.

Nok e Korn – Gap: The Series (Tailândia, 2022)

“Gap: The Series” marcou história como o primeiro GL tailandês com protagonistas lésbicas no horário nobre. Mon (Becky Armstrong) é uma jovem idealista que vai trabalhar com Sam (Freen Sarocha), sua crush de infância e uma CEO poderosa e distante. O romance entre as duas cresce em meio à tensão de uma diferença de status e personalidades, mas evolui para algo mais profundo, baseado em confiança e admiração mútua. A série aborda temas como o mercado de trabalho para mulheres, o machismo estrutural e as pressões das famílias tradicionais tailandesas.

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Com pitadas de comédia e um toque de melodrama, “Gap: The Series” se tornou um fenômeno ao retratar com carisma e profundidade o amor entre duas mulheres. Além do relacionamento em si, a produção abriu um espaço importante para o GL dentro da indústria tailandesa, mostrando que há público (e muita demanda) por esse tipo de representação. A química entre Becky e Freen ajudou a eternizar o casal entre os mais icônicos da cultura queer asiática recente.

 Omar e Shin – Stay With Me (China, 2023)


Em um país onde os BLs muitas vezes lidam com limitações de censura e recorrem a sutilezas, “Stay With Me” surge como uma brisa doce de honestidade emocional. A história entre Su Yu, um garoto introspectivo e reservado, e Wu Bi, seu novo irmão de criação, mais aberto e direto, é simples, mas carrega uma força emocional que poucos dramas conseguem atingir em tão poucos episódios.

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A série retrata de forma delicada o que significa gostar de alguém do mesmo gênero em um ambiente ainda cheio de tabus, silêncios e pressões sociais. Adaptada do romance “Are You Addicted?’, de Chai Ji Dan, a trama evita reviravoltas mirabolantes e aposta nas pequenas interações, nos olhares demorados, nos gestos contidos e no respeito ao tempo do outro. “Stay With Me” conquistou o carinho dos fãs por sua sinceridade, trilha sonora suave e atuações autênticas. Uma prova de que, muitas vezes, o amor floresce nas brechas e é ali, no não dito, que ele encontra espaço para crescer.

Ayan e Akk – The Eclipse (Tailândia, 2022)

“The Eclipse” ousa ao misturar romance queer, crítica social e mistério em uma trama ambientada em uma escola autoritária. Akk (First Kanaphan), o aluno exemplar e guardião das regras, vê seu mundo virado de cabeça para baixo com a chegada de Ayan (Khaotung Thanawat), um rebelde decidido a expor a opressão sistêmica que permeia o colégio. O embate entre os dois, inicialmente ideológico e comportamental, logo se transforma em tensão romântica, num jogo de provocações e descobertas.

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Mais do que um romance, “The Eclipse” é uma metáfora poderosa sobre controle institucional, repressão de identidade e o papel do amor como forma de resistência. A química entre os protagonistas é intensa, e a série ganha pontos por não suavizar os conflitos, ela os encara de frente, propondo diálogos necessários sobre autoridade, liberdade e o direito de existir. É uma produção que mostra como o amor queer, sobretudo em contextos opressivos, pode ser o ato mais revolucionário de todos.

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Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.