Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

Especial | Os piores finais do cinema segundo o público e o que os roteiristas dizem sobre eles

Tem coisa mais frustrante do que assistir duas horas de um filme incrível, ficar totalmente investido nos personagens, na trama, nas teorias… e aí chega o final e PUF! Tudo vai pro ralo? Você fica ali, encarando os créditos subindo, pensando: “é isso mesmo?”

Sim, a gente sabe que finais são difíceis. Que escrever um desfecho que agrade todo mundo é praticamente um milagre. Mas alguns filmes conseguiram a façanha de decepcionar geral. E o pior: alguns ainda tentaram justificar depois, em entrevistas, dizendo que “a intenção era outra” ou “o público não entendeu”. Aham.

Neste especial do Conecta Geek, vamos relembrar (ou te apresentar) os finais de filmes que mais irritaram o público, aqueles que geraram memes, textões e revolta coletiva. E o mais legal: a gente também conta o que os roteiristas (e diretores) disseram sobre isso depois. 

Spoiler: às vezes piora.

1. Alta Tensão (2003) — O plot twist que não convenceu ninguém

Esse terror francês chegou com tudo, chocou muita gente com sua violência gráfica e parecia que ia ser uma das grandes obras do gênero nos anos 2000. Mas aí veio o final… e o que era tensão virou confusão.

O problema? Um plot twist forçado onde descobrimos que a protagonista era, na real, a própria assassina e que tudo o que vimos era uma projeção da mente dela. Sabe aquele “era tudo um delírio”? Pois é. Mas o pior: o filme simplesmente ignora as próprias regras. Tem cena que não faz sentido nenhum com a revelação final.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

O que disseram?
O roteirista e diretor Alexandre Aja defendeu a escolha como uma metáfora sobre obsessão e desejo. Disse que a ideia era colocar o público dentro da mente da protagonista. Mas o público respondeu com: “tá, mas isso não justifica furo de roteiro, amigo”.

2. Eu Sou a Lenda (2007) — Final testado, refeito e ainda polêmico

Will Smith sozinho, enfrentando zumbis mutantes em uma Nova York pós-apocalíptica. O filme tem cenas ótimas e uma vibe bem dramática. Mas o final? Simplesmente quebra tudo que o filme vinha construindo.

Na versão lançada nos cinemas, o personagem de Smith se sacrifica para salvar os outros. Só que o público achou raso, incoerente e, de certa forma, anticlimático. O que muita gente não sabe é que existe um final alternativo — mais fiel ao livro — onde ele percebe que os “monstros” não são tão monstros assim, e que ele é o verdadeiro vilão na visão deles. Mais profundo, mais interessante. Mas foi descartado.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

O que disseram?
Os roteiristas Akiva Goldsman e Mark Protosevich explicaram que o final alternativo foi mal recebido em testes, então optaram por algo “mais heróico”. A ironia? Hoje, quase todo mundo prefere o final original que ninguém viu no cinema.

3. Lembranças (2010) — A reviravolta desnecessária que virou meme

Robert Pattinson tentando mostrar que é mais do que o Edward. Um drama sensível sobre perda, família, amor. E tudo vai caminhando bem… até os minutos finais. Quando, do nada, o filme revela que o personagem estava em um dos prédios do World Trade Center no 11 de setembro. Sem aviso. Sem construção. Só… aparece.

Muita gente achou de mau gosto. Não é que não se possa abordar tragédias reais no cinema, mas quando elas são usadas como choque barato, a coisa pega mal. A crítica caiu matando, e o público também.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

O que disseram?
O roteirista Will Fetters defendeu o final como uma tentativa de mostrar como as tragédias da vida nos pegam de surpresa. Mas também admitiu que sabia que seria “divisor de opiniões”. O problema é que quase ninguém ficou do lado dele.

4. Lucy (2014) — Quando virar pendrive é a resposta

Luc Besson dirigiu Scarlett Johansson em um sci-fi cheio de ação e com a velha teoria dos “10% do cérebro” (que, aliás, é um mito). A ideia era explorar o que aconteceria se alguém acessasse 100% da capacidade cerebral. O filme até começa interessante. Mas o final…

A personagem da Scarlett basicamente transcende. Vira tipo uma entidade cósmica. E aí, no ápice, ela… se transforma em um pendrive. Isso mesmo. Todo o conhecimento do universo, armazenado em um USB. Tem gente que jura que é metáfora. Mas, sinceramente?

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/mubi

O que disseram?
Besson disse que a intenção era fazer uma ficção científica conceitual, com questionamentos sobre tempo, existência e consciência. Mas o público ficou mais focado no “como assim ela virou um pendrive?” do que nos dilemas filosóficos.

5. Jogos Mortais: O Final (2010) — O final que tentou encerrar, mas não encerrou nada

A franquia “Jogos Mortais” foi de inovadora a repetitiva em poucos filmes. No sétimo (vendido como o “último”, risos), a promessa era encerrar tudo com um final épico. O problema? O roteiro quis fazer um combo de nostalgia, reviravolta e fan service, mas entregou um desfecho confuso, mal filmado (aquele 3D horrível!) e sem impacto.

A revelação do Dr. Gordon como o novo aprendiz do Jigsaw poderia ter sido genial, mas o timing, a execução e o roteiro raso deixaram tudo parecendo improvisado.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/plano crítico

O que disseram?
Patrick Melton
e Marcus Dunstan, roteiristas da fase final da franquia, contaram em entrevistas que o estúdio queria acabar com a saga de forma bombástica, e rápido. Resultado? Pressa + 3D + orçamento cortado = frustração generalizada. O detalhe irônico? A franquia voltou depois. Várias vezes.

6. Fim dos Tempos (2008) — O vento assassino

M. Night Shyamalan já tem um histórico de finais polêmicos, mas “Fim dos Tempos” superou expectativas… de um jeito negativo. No filme, pessoas começam a cometer suicídio em massa, e os protagonistas tentam entender o que está por trás disso tudo. A tensão cresce, os mistérios se acumulam… até descobrirmos que a causa é… as plantas. Ou melhor, um tipo de defesa natural da vegetação.

Tem cena com o vento vindo e os personagens correndo dele. Sério. É impossível não rir.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/prime video

O que disseram?
Shyamalan defendeu a ideia como um “thriller ecológico” com tom de fábula. Ele até disse que queria que o filme parecesse um pouco como um filme B mesmo. Mas a maioria do público achou que a seriedade da narrativa inicial não combinava com o final absurdo. Virou piada.

7. No (2012) — Quando o final não entrega a catarse

Esse aqui é diferente. “No”, do Pablo Larraín, é um baita filme político e histórico sobre a campanha pelo fim da ditadura de Pinochet no Chile. E é muito bem dirigido, com estética retrô e atuações sólidas. Mas o final deixou muita gente esperando mais emoção, mais clímax.

A vitória do “não” acontece, mas sem a catarse que o público esperava. É seco, quase frustrante. E isso dividiu opiniões.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

O que disseram?
Larraín explicou que o final era propositalmente anticlimático. Justamente pra mostrar que, mesmo vencendo, a luta estava longe de terminar. Que o fim de uma ditadura não é o fim do sistema. É uma crítica à ilusão do “final feliz político”. A proposta é inteligente — mas pra parte do público, ainda assim faltou impacto.

8. Guerra Mundial Z (2013) — Um final remendado no susto

Esse blockbuster com Brad Pitt teve TANTOS problemas de produção que o final acabou sendo reescrito, regravado e, segundo rumores, praticamente improvisado. O terceiro ato era pra ser uma mega batalha na Rússia, mas foi descartado em cima da hora. O resultado foi um final contido, quase anticlimático, onde tudo se resolve num laboratório, com o protagonista aplicando uma vacina arriscada.

Muita gente achou ok. Mas quem esperava uma conclusão épica de guerra global zumbi ficou… decepcionado.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/prime video

O que disseram?
Os roteiristas originais, inclusive Damon Lindelof, admitiram que o final original era problemático demais e que não funcionava. O novo final foi uma solução mais emocional e menos grandiosa. Mas mesmo assim, o filme terminou sem a sensação de encerramento, tanto que até hoje vivem prometendo uma continuação.

9. A Origem (2010) — A polêmica do pião

Tá, esse aqui divide opiniões. Tem gente que ama. Tem gente que ODEIA. Em “A Origem”, Leonardo DiCaprio vive um ladrão de sonhos que, no final, finalmente reencontra seus filhos. Mas… a câmera fecha num pião girando. E não mostra se ele cai ou não. Fica o mistério: ele tá sonhando ainda ou não?

Pra uns, é genial. Pra outros, é uma trollagem.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/mubi

O que disseram?
Christopher Nolan disse que a intenção era exatamente essa: deixar o público com a dúvida. Mas também jogou uma bomba numa entrevista dizendo que o verdadeiro ponto não era o pião, e sim o fato de que o personagem parou de se importar se estava sonhando. Ele queria estar com os filhos. Só isso.

Profundo? Talvez. Satisfatório? Nem tanto pra quem queria uma resposta.

10. Donnie Darko (2001) — O enigma eterno

Outro final que divide corações. Donnie se sacrifica, uma linha do tempo é apagada, Frank o coelho some, e a gente termina o filme se perguntando: o que aconteceu? Quem entende 100% Donnie Darko na primeira assistida tá mentindo.

O final é poético e enigmático, mas pra muita gente parece pretensioso, confuso e até sem nexo.

Os piores finais do cinema
Foto: reprodução/imdb

O que disseram?
Richard Kelly, o diretor, escreveu textos explicando todo o multiverso do filme, as linhas temporais, os conceitos de “artefato metálico”, “motor de avião” e tudo mais. Mas o público seguiu dividido entre “genial” e “confuso de propósito”.

No fim das contas (com o perdão do trocadilho, rs), o que faz um final ser amado ou odiado vai além da lógica: é sobre expectativa, construção emocional e o que a gente leva da jornada. E se tem uma coisa que os roteiristas precisam entender é que a audiência tá cada vez mais atenta, crítica e sim, exigente.

Mas também… quem nunca errou feio num final de fanfic que atire o primeiro plot twist.

Leia também: 

Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.