'Eu achei que ia morrer na pandemia e decidi fazer um filme num local isolado', Karim Aïnouz explica locação de Motel Destino
Mariana Monteiro/Conecta Geek

‘Eu achei que ia morrer na pandemia e decidi fazer um filme num local isolado’, Karim Aïnouz explica locação de Motel Destino em coletiva

Longa estreia dia 22 de agosto no circuito comercial brasileiro

Contando sobre processo de criação, gravação e a saudade de casa, o cineasta cearense Karim Aïnouz, relevou para a imprensa detalhes de seu mais novo filme, Motel Destino, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (14), no REAG Belas Artes, cinema localizado na Consolação, em São Paulo.

O longa rodado em Beberibe, no litoral do Ceará, é um neo-noir tropical sobre crime usando um motel barato como principal cenário para a trama, onde três personagens estão presos nele, cada um pelo seu motivo.

Além do diretor, a coletiva contou com a participação dos atores Iago Xavier, Nataly Rocha e Fábio Assunção, e do produtor Fabiano Gullane.

Trilogia cearense

'Eu achei que ia morrer na pandemia e decidi fazer um filme num local isolado', Karim Aïnouz explica locação de Motel Destino
Pandora Filmes/Divulgação

Como anteriormente noticiado, Motel Destino será a primeiro filme de uma trilogia envolvendo crimes no Ceará. Na coletiva Aïnouz reforçou que essa ideia se deu, principalmente pela saudade de fazer filmes no Brasil e falado em português. “Depois de fazer um filme na Inglaterra [‘Firebrand’], em inglês e a própria pandemia, me deu saudade de fazer algo não só em português, mas algo cearense”, reforçou o cineasta ao falar sobre o período que esteve fora do país e o sucateamento do audiovisual durante o último governo federal.

Ainda sem data de estreia e nem exatamente qual conexão os longas terão com Motel Destino, o próximo filme se chamará  “Lana Jaguaribe”, descrito como suspense de ação sobre vingança de gênero, o filme acompanha uma pistoleira que busca vingar um trauma que ela e a irmã sofreram na mão de um homem.

O último será “Trevo de Quatro Navalhas”, um faroeste sobre uma gangue de travestis que rouba para fazer operações transição, que se passará num posto de gasolina.

Um local onde tudo pode acontecer

Voltando ao motel, o diretor revelou que, embora o longa tenha sido escrito antes do período de pandemia, ele acabou incorporando elementos costumeiros desse período e o isolamento do elenco principal num espaço tão delimitado é um reflexo disso.

Eu achei que ia morrer na pandemia e decidi fazer um filme num local isolado, explica Karim sobre a locação principal de Motel Destino.

Conhecido por possuir uma filmografia tão marcada geograficamente, essa limitação espacial, na verdade, se transformou num mar de possibilidades. “tudo pode acontecer num motel, o proibido, o criminoso. As pessoas vão pra lá fazer coisas que não podem fazer em outro lugar”, continua o diretor.

O elenco também aproveitou da locação para criar conexão. Não só para o filme, mas para representar um local tão isolado.

O meu personagem é um sudestino que vai para o Ceará como uma fuga e gerencia um motel por ser esse lugar que é um ótimo refúgio. […] Outro fator importante para a criação dessa persona é essa imposição que muitas pessoas acham que precisam mostrar por estar em um lugar que consideram inferior, e infelizmente, esse é o pensamento que muitos sudestinos têm do nordeste, conta Fábio Assunção sobre o processo o período que esteve em Beberibe para gravar Motel Destino.

'Eu achei que ia morrer na pandemia e decidi fazer um filme num local isolado', Karim Aïnouz explica locação de Motel Destino
Pandora Filmes/Divulgação

Motel Destino estreia nos cinemas no dia 22 de agosto.

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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.