George Miller diz que inteligência artificial vai revolucionar o cinema

Diretor de Mad Max compara as IAs ao impacto da pintura a óleo

O cineasta australiano George Miller, conhecido pela franquia “Mad Max”, afirmou que a Inteligência Artificial (IA) representa uma transformação artística comparável ao movimento Renascentista. Em entrevista ao The Guardian, antes de presidir o júri do Festival de Cinema AI Omni, na Austrália, o diretor destacou que o atual debate sobre a IA “ecoa momentos anteriores na história da arte”.

Para Miller, a introdução da tecnologia nos processos criativos deve ser vista como uma evolução natural, assim como a pintura a óleo e a fotografia foram em seus tempos.

Alguns argumentavam que verdadeiros artistas deveriam ser capazes de se comprometer com a tela sem correções, outros abraçaram a nova flexibilidade.

Afirmou, ao traçar paralelos entre as mudanças históricas nas artes visuais e o impacto atual da IA no cinema.

O diretor de 79 anos defende que a tecnologia pode democratizar o acesso à criação audiovisual. “Isso tornará a narrativa audiovisual acessível a qualquer pessoa que tenha vocação para isso. Conheço crianças que ainda não têm nem dez anos usando IA. Elas não precisam levantar dinheiro. Estão fazendo filmes — ou pelo menos montando imagens”, disse.

Miller, que recentemente lançou “Furiosa: A Mad Max Saga”, filme que arrecadou US$ 174,3 milhões mundialmente após sua estreia em Cannes em 2024, descreveu a inteligência artificial como “a ferramenta de evolução mais dinâmica na criação de imagens em movimento”.

Apesar do otimismo, o cineasta reconhece limites na tecnologia. Para ele, a IA não será capaz de reproduzir a “essência humana” presente nas atuações reais. Ao comentar o documentário britânico “Listen to Me Marlon” (2015), que recriou o ator Marlon Brando em 3D, Miller reforçou que a emoção e a colaboração entre artistas continuam insubstituíveis.

“No futuro, você pode ter um personagem que se pareça com Marlon Brando, mas não terá nada próximo ao verdadeiro Marlon Brando”, afirmou. “Você não terá o engajamento, aquelas performances que surgem do esforço colaborativo entre outros atores, diretores, roteiristas e assim por diante. Você não terá a essência de Brando”, finalizou.

Leia também:

Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor valvulado. Editor-chefe, crítico, roteirista, nortista e traficante cultural.