Beyoncé Grammy
Beyoncé no Grammy 2023. Foto: Frazer Harrison/Getty Images

Grammy 2025 | Entenda porque Beyoncé estará no centro das atenções na premiação

No próximo domingo, dia 2 de fevereiro, acontece o Grammy 2025 e a disputa para o principal prêmio da cerimônia, Álbum do Ano, está bastante acirrada. No entanto uma questão vem se tornado cada vez maior nos últimos anos e está no centro das atenções este ano: Beyoncé e uma possível (e atrasada) vitória inédita na categoria.

Desde 2015 a cantora vem sendo indicada para o gramofone de Álbum do Ano com alguns dos discos mais importantes da última década e no entanto, a Academia sempre tem escolhido dar a vitória a outros artistas. De lá pra cá esse assunto tem gerado muitos debates e questionamentos sobre o próprio Grammy e comportamentos racistas e machistas que persistem entre os votantes do prêmio. Entenda a seguir como tudo começou e porque o álbum Cowboy Carter pode encerrar essa polêmica.

Como tudo começou

Em 2015 Beyoncé concorria ao Grammy de Álbum do Ano pelo seu disco autointitulado lançado em 2013 que havia feito uma revolução na indústria com seu lançamento surpresa acompanhado de clipes para todas as faixas. Além do seu impacto artístico, com músicas totalmente diferentes do que a cantora já havia feito, a obra provocou grandes mudanças na forma como os artista trabalham seus álbuns. Estabelecer a sexta-feira como o principal dia de lançamentos nas plataformas digitais, por exemplo, foi uma delas.

É nesse contexto que as expectativas naquele ano estavam todas voltadas para que Beyoncé vencesse na principal categoria do Grammy pela primeira vez. Porém, foi o nome de Beck, com o obscuro “Morning Phase” (2014) que Prince leu no envelope que guardava o vencedor. O choque tomou conta de todos presentes na cerimônia naquele momento, incluindo o próprio premiado.

A partir daí foi ascendido o debate sobre algo que até então tinha passado despercebido. Em toda a história da maior premiação da música no mundo, que existe desde 1959, apenas três mulheres negras haviam ganhado como Álbum do Ano: Natalie Cole (1992), Whitney Houston (1994), e a última delas, Lauryn Hill que venceu há 26 anos, em 1999.

Desde então nenhuma outra artista negra havia levado o principal prêmio da Academia de Gravação. Lendas da música internacional como Aretha Franklin, Diana Ross, Donna Summer, Tina Turner, Janet Jackson, Mariah Carey, lançaram discos fundamentais na história do pop e no entanto nuca foram agraciadas com o Grammy de Álbum do Ano, e a derrota de Beyoncé em 2015 começou a se tornar um símbolo disso.

O elefante na sala

Em 2017, Beyoncé voltou a ser indicada para Álbum do Ano, desta vez pelo “Lemonade”, lançado no ano anterior e que mais uma vez se tornou o disco mais aclamado pelo público e pela crítica naquele momento. Uma obra com forte teor político e social em que a cantora usa o caso de traição de Jay Z como ponto de partida para refletir sobre a posição de mulheres negras na sociedade norte-americana. O disco é considerado até hoje a sua obra prima. Desta vez, quem venceu foi Adele, com o também bem-sucedido “25”.

A cena que ficou marcada naquela noite foi a própria cantora britânica quebrando o gramofone no meio e entregando para Beyoncé, afirmando que ela é quem deveria ter vencido.

Mais uma vez as críticas para a Academia de Gravação e as acusações de racismo e misoginia tomaram conta da imprensa e das redes sociais. Toda a repercussão negativa acabou gerando mudanças entre os membros que compõe a Academia e uma série de medidas que visavam esforços para mais diversidade na premiação.

Chegamos em 2023. Desta vez, Beyoncé concorre ao Álbum do Ano com “Renaissance”, álbum que mais uma vez monopolizou as atenções no ano anterior com uma grande celebração das origens negras do house e da disco music e foi uma unanimidade nas listas de melhores discos daquela temporada.

A cerimônia daquela noite teve um fator a mais; horas antes da apresentação da categoria principal, Beyoncé se torna a maior vencedora da história do Grammy ao ganhar mais quatro gramofones e completar 32 prêmios ao todo. O feito só aumentou as expectativas e tudo parecia apontar para a inédita vitória de Álbum do Ano. Na verdade, quem venceu desta vez foi Harry Styles, com o disco Harry’s House.

Nesse ponto a ausência de Beyoncé entre os campeões da categoria já havia se tornado um grande elefante na sala do Grammy. Na última edição da premiação, em 2024, o rapper e marido da estrela, Jay Z, subiu ao palco para receber o Dr. Dre’s Global Impact Award, premiação que reconhece o impacto global dele ao longo da sua carreira. Em seu discurso, o artista desabafou sobre a situação da sua esposa.

“Eu não quero envergonhar essa jovem mulher [Beyoncé], mas ela tem mais Grammys que todo mundo e nunca ganhou o álbum do ano. Então, mesmo pelas suas métricas, isso não funciona. Pensem nisso. A maior ganhadora de Grammys nunca ganhou o álbum do ano. Isso não funciona”, desabafou Jay Z.

Próximo capítulo

Em 2025, temos Beyoncé indicada ao Álbum do ano no Grammy pela quinta vez, agora com “Cowboy Carter”, disco que é o segundo ato da trilogia iniciada com o “Renaissance” e faz um resgate das raízes negras do Country, além de mesclar o gênero tradiconal estadunidense com outros ritmos.

Apesar de não ser considerado o melhor álbum da artista, “Cowboy Carter” não deixou de ser considerado um grande disco e um dos melhores de 2024. Ele concorre na categoria ao lado de outros dois álbuns de grande impacto e repercussão: “Brat”, de Charli XCX e “Hit me Hard and Soft”, de Billie Eilish. Por fora ainda corre Taylor Swift com “The Tortured Poets Department”, um disco que é considerado fraco pela crítica, mas a artista tem grande prestígio na Academia e pode ganhar na categoria pela quinta vez.

Na imprensa internacional, muitos veículos apostam na vitória de Beyoncé como uma reparação por todos os anos de omissão da Academia em relação a cantora e às artistas negras de um modo geral, e por toda a pressão em torno do Grammy para que isso aconteça. Se isso realmente vai se concretizar, descobriremos neste domingo.

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