Invocação do Mal
Foto: reprodução/rolling stone

Invocação do Mal: O Último Ritual | Conheça o caso da família Smurl, que será contado no último filme da franquia

Considerado um dos episódios mais violentos da história dos Warren, o caso Smurl é cheio de fenômenos aterrorizantes

Se você acha que já viu de tudo na franquia Invocação do Mal, se prepare: o quarto e último capítulo da saga promete mergulhar em um dos casos mais perturbadores já investigados por Ed e Lorraine Warren. Invocação do Mal: O Último Ritual será baseado no caso da família Smurl, que ficou conhecido por seus relatos intensos e assustadores de atividades sobrenaturais ao longo de mais de uma década. 

O que começou como uma vida tranquila em uma nova casa virou um pesadelo real, marcado por gritos vindos do nada, sombras ameaçadoras e entidades violentas. Com o tempo, o caso foi ganhando notoriedade e se consolidou como um dos arquivos mais sombrios dos Warren.

Tudo começou com uma casa aparentemente normal

Em 1973, Jack e Janet Smurl se mudaram com suas quatro filhas para uma casa em West Pittston, na Pensilvânia. A residência era um duplex, e a ideia era viver ali ao lado dos pais de Jack, que moravam na outra metade da casa. Por fora, tudo parecia perfeito: espaço de sobra, um bairro tranquilo e boas perspectivas de futuro. Mas logo nos primeiros meses, coisas estranhas começaram a acontecer. Objetos desapareciam, ruídos inexplicáveis surgiam durante a noite e, aos poucos, o ambiente começou a ficar cada vez mais pesado. O que parecia apenas coincidência ou defeitos na casa passou a assustar a família.

Com o passar do tempo, os relatos se tornaram cada vez mais graves. Janet começou a ouvir vozes que murmuravam seu nome, portas batiam com força sem motivo, e havia um cheiro podre constante que não sumia por mais que a casa fosse limpa. A situação escalou para algo mais físico: arranhões misteriosos em móveis, queimaduras em eletrodomésticos recém-instalados e ataques aos animais de estimação. O cachorro da família, por exemplo, foi atirado violentamente contra a parede sem que ninguém estivesse por perto. Um dos momentos mais chocantes foi quando uma das filhas disse ter sido puxada da cama por mãos invisíveis.

Jack Smurl também relatou experiências extremamente perturbadoras, incluindo uma suposta agressão sexual por uma entidade demoníaca. Janet, por sua vez, começou a ver figuras escuras paradas nos corredores, que desapareciam assim que alguém se aproximava. A convivência diária com esses fenômenos afetou emocional e psicologicamente todos os membros da família. A sensação era de estar vivendo em uma prisão sombria, vigiada por algo maligno e invisível. Eles tentaram manter a rotina, mas logo perceberam que estavam lidando com algo muito além de uma casa mal-assombrada.

Apesar da gravidade dos eventos, os Smurl hesitaram em procurar ajuda externa no início. Tiveram medo de serem taxados como loucos, ou de que os vizinhos se afastassem. Só quando a situação ficou insustentável – com todos os membros da casa apresentando sinais de trauma – é que decidiram pedir ajuda à Igreja e, posteriormente, aos investigadores paranormais mais conhecidos da época: Ed e Lorraine Warren (de “Annabelle”).

O envolvimento dos Warren

Quando os Warren chegaram à casa dos Smurl, em 1986, o caso já tinha se tornado um verdadeiro campo de terror. Ed e Lorraine, que já haviam lidado com situações sobrenaturais intensas antes – como “Annabelle” e “Horror em Amityville” – relataram que a energia presente na casa dos Smurl era uma das piores que já haviam sentido. Segundo Ed, os ataques não eram apenas espirituais, mas também físicos e diretos, indicando uma possível infestação demoníaca avançada. Lorraine, sensitiva, afirmou que podia ver várias entidades presentes ali, sendo pelo menos uma delas de origem puramente maligna.

Durante as sessões de investigação, os Warren testemunharam objetos levitando, barulhos de batidas nas paredes e aparições visuais em plena luz do dia. Lorraine descreveu a presença de quatro entidades: dois espíritos humanos presos à casa, uma sombra que imitava a figura de Janet e uma criatura inumana, com intenções destrutivas. Um dos espíritos seria de um homem que havia cometido suicídio no local décadas antes, enquanto outro parecia ser de uma mulher perturbada. Mas era o ser demoníaco que mais preocupava os investigadores.

Eles realizaram várias sessões de oração e bênçãos na casa, tentando expulsar as forças malignas. Ed também registrou atividades em áudio e vídeo, embora boa parte desse material nunca tenha sido divulgada ao público. Em entrevistas posteriores, ele chegou a dizer que nunca havia sentido tanto medo em uma investigação quanto ali. Mesmo após as tentativas de limpeza espiritual, os ataques não cessaram completamente, o que só aumentou o desespero da família e a fama sombria do caso.

Apesar de seus esforços, os Warren encontraram resistência. Muitos veículos da imprensa começaram a questionar a veracidade do caso, sugerindo que poderia ser histeria coletiva, problemas psiquiátricos ou até fraude. Mas os Warren continuaram firmes na defesa da família Smurl, dizendo que o que viram ali era real – e que poucos casos tinham exigido tanto deles como esse.

O caso também foi retratado no livro The Haunted: One Family’s Nightmare, escrito por Robert Curran com colaboração direta dos Warren e dos próprios Smurl. O livro é um relato minucioso dos eventos e serviu para reforçar a narrativa de que algo maligno realmente estava presente naquela casa.

O silêncio da Igreja e a exposição pública

Em meio ao caos que viviam dentro de casa, os Smurl procuraram apoio da Igreja Católica local, mas não encontraram a ajuda que esperavam. A Diocese se recusou a autorizar um exorcismo oficial, alegando que não havia evidências suficientes de que o caso envolvia forças sobrenaturais. Ainda assim, alguns padres chegaram a visitar a casa e realizar orações abençoadas, mas os esforços foram considerados insuficientes pela família. Para Janet e Jack, a falta de envolvimento da Igreja foi mais um golpe psicológico em meio ao desespero.

Sem apoio institucional, o caso ganhou força na mídia. Jornais locais e nacionais passaram a cobrir a história, com manchetes que iam do sensacionalismo ao ceticismo absoluto. Equipes de TV faziam vigília na frente da casa, repórteres tentavam entrevistar os vizinhos, e a tranquilidade da família foi destruída por completo. A comoção foi tão grande que os Smurl passaram a ser vistos como celebridades locais,  embora o preço fosse alto. Alguns vizinhos os apoiavam, outros começaram a evitá-los, e as crianças sofreram bullying na escola.

Os céticos de plantão apontaram possíveis explicações naturais para os eventos: gases tóxicos, problemas elétricos, estresse psicológico, esquizofrenia e até truques encenados para chamar atenção. O próprio livro dos Warren foi alvo de críticas por parte da comunidade científica e religiosa. No entanto, o impacto emocional que o caso teve na família Smurl é inegável, e continua sendo relatado até hoje.

Em 1987, os Smurl finalmente se mudaram da casa. Segundo relatos posteriores, a nova residência parecia livre de manifestações, embora Janet tenha dito que ainda sentia uma “presença” por algum tempo. O trauma, porém, permaneceu. Jack sofreu com episódios de depressão profunda, e Janet passou a frequentar grupos religiosos com mais frequência. A família tentou seguir em frente, mas o caso continuou a persegui-los como uma sombra viva.

Para muitos, o caso Smurl representa o limite entre o inexplicável e o sobrenatural. Seja verdade ou ilusão, os eventos em West Pittston marcaram para sempre a história do paranormal moderno.

Um terror digno de cinema

Com tantos elementos aterrorizantes, o caso Smurl finalmente chegou à mira de Hollywood. Embora já tenha inspirado um telefilme nos anos 90, será agora com Invocação do Mal: O Último Ritual que a história ganhará uma versão cinematográfica grandiosa.
A franquia, que sempre se baseou em casos reais dos arquivos dos Warren, encontrou no episódio da família Smurl um encerramento ideal: sombrio, violento, misterioso e ainda pouco explorado pelo público em geral.

Além da narrativa intensa, o caso também oferece oportunidades visuais impactantes para o cinema: aparições físicas, ataques visíveis, sussurros assustadores e a presença constante do mal. A promessa é de um clima sufocante, onde o medo vem tanto dos eventos sobrenaturais quanto da sensação de impotência. Afinal, nem mesmo os Warren conseguiram “limpar” completamente a casa, e isso adiciona uma tensão realista à história.

O novo filme será dirigido por Michael Chaves (de “A Maldição da Chorona”), que já esteve à frente de outros títulos do universo Invocação do Mal. Patrick Wilson (de “Sobrenatural”) e Vera Farmiga (de “Bates Motel”) retornam mais uma vez como Ed e Lorraine Warren, reforçando o elo emocional com o público da franquia. A expectativa é que O Último Ritual feche a saga com uma abordagem mais sombria e pesada, refletindo o terror visceral vivido pela família Smurl.

O quarto e último capítulo da saga Invocação do Mal acaba de ganhar seu título oficial em português e um trailer macabro. Invocação do Mal: O Último Ritual estreia dia 25 de setembro de 2025.

Leia também:

Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.