Review | Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii traz boas evoluções mas ainda comete erros frequentes
SEGA/Reprodução

Review | Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii traz boas evoluções mas ainda comete erros frequentes

Yakuza, ou Like a Dragon, é uma franquia que está cada vez mais presente na minha eterna jornada no mundo dos games. Comecei a jogar no sétimo jogo da série da SEGA, e a partir dele, joguei todos, além de alguns dos jogos mais antigos que também me aventurei. Então, é claro que eu não poderia deixar de jogar o Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii!

Este jogo, ou DLC standalone, segue a mesma linha que vimos com “The Man Who Erased His Name”, uma jogatina mais curta, com o combate em tempo real que víamos na franquia antes da implementação do combate por turnos. O resultado disso é um bom aperitivo, uma entrada para os próximos jogos numerados da franquia. E creio que esta estratégia tem dado certo.

No controle de outra lenda

Para aqueles que já estão mais por dentro da história da franquia, existem alguns membros bem fortes, conhecidos como Yakuza Lendários. Controlamos um deles por vários jogos da franquia, o Kiryu Kazuma, vulgo Dragão de Dojima, e desta vez, vamos tomar controle de outro deles: o Cachorro Louco de Shimano.

Goro Majima é um dos personagens mais icônicos da franquia, e isso ocorre justamente por sempre se mostrar um personagem muito carismático e de peso. Cachorro Louco não é por acaso, ele sempre se mostrou um dos personagens mais loucos da franquia, e quem não gosta de um maluco, não é mesmo?

Peso para ser um protagonista ele já tinha, assim como diversos outros personagens da franquia, diga-se de passagem, e devo admitir. Faltava apenas uma motivação para isso, e então, finalmente chegamos a isso. Porém, controlamos um Majima um pouco diferente do que estávamos acostumados…

Um novo início

Ao iniciarmos Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii, damos de cara com um Goro Majima bem destruído, sobrevivente de um naufrágio e sem memória alguma de quem era, em um lugar do qual ele não faz ideia de onde seja. Morrendo de sede, Goro é salvo por Noah, uma criança da Ilha Rich, e podemos até dizer que é um dos protagonistas deste jogo.

Na ilha Rich, nos deparamos com alguns piratas, que fazem questão de infernizar a vida do Noah, e desta vez, do Majima também. E como ele resolve isso? Da maneira mais Majima possível, na base da porrada. Não quero dar muitos spoilers do jogo, mas isso nos leva a virar pirata também.

E devo admitir que, mesmo jogando diversos jogos da franquia, ainda fico impressionado o quanto Yakuza consegue criar boas histórias e bons personagens de forma tão consistente. E mais uma vez, temos uma boa história, com vários plot-twists, vários ótimos personagens, e com uma ótima duração, na minha opinião, não sou tão fã de jogos gigantescos.

Um jogo de PS2?

Bom, se tem algo que eu reclamo um pouco em relação a franquia Like a Dragon (gosto mais de chamar de Yakuza) é o seu gráfico, que sempre se mostrou um pouco defasado. A gente vê algumas melhorias de jogo em jogo, mas nunca uma melhoria significativa a ponto de falar “wow, nice graphics!”.

E bom, Pirate Yakuza in Hawaii é talvez o ponto mais baixo que vimos até agora na franquia. O gráfico do jogo demonstrou muito o quanto está defasado, e em ambientes escuros, que costumam esconder as imperfeições do jogo, o gráfico consegue ficar ainda pior. De fato, no quesito visual, o jogo deixa muito a desejar.

Muito a melhorar…

Até mesmo quando temos algumas cenas pré-renderizadas, o gráfico parece um medíocre (entendedores sabem que isso significa “mediano/normal”) dos jogos que vemos dessa nova geração. Apesar disso, principalmente nas lutas, temos algumas animações muito boas, com efeitos visuais e partículas bem legais, que dão um certo brilho as cenas (literalmente, inclusive).

Uma novidade do jogo é a capacidade controlarmos navios, que vou comentar mais a frente, porém, isso traz à tona um novo cenário: o mar. Este que deveria ser um dos grandes focos aqui, acaba por se mostrar um dos “mares” mais feinhos que temos disponíveis no mercado, não chegando nem perto do nível que vemos em outros jogos com temática de piratas. Chamar de jogo de PS2 é um exagero gigantesco, mas os gráficos de fato deixam a desejar.

Mas a gameplay…

Se os gráficos estão abaixo daquilo que esperamos de um jogo de alto calibre, o mesmo não pode ser dito em relação a sua jogabilidade. Que jogo gostoso de se jogar, rápido, dinâmico, acessível, desafiador caso necessário, e o mais importante: super divertido. O jogo volta a linha beat’n’up clássica da franquia, com alguns elementos de hack’n’slash, e até mesmo de musou.

O combate é aquela porradaria franca que acostumamos a ver com o Kiryu, porém, aqui é tudo muito mais dinâmico e rápido. Temos dois modos de combate, um que beneficia o combate mano a mano e outro mais focado em um combate contra diversos inimigos. Mas não é só sair batendo, temos que nos defender dos golpes inimigos e desviar daqueles indefensáveis, pois apesar de ser divertido sair batendo, a nossa vida vai embora bem rápido.

Acessível

Em termos de acessibilidade, Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii não tem tanta ajuda para pessoas com deficiências, apenas alguns visuais, porém, ele tem recursos que o permitem ser jogados por um público maior. Por exemplo, o jogo possui um recurso cada vez mais raro: níveis de dificuldade, além de um modo de combate simplificado, que realiza os combos apenas com o botão de ataque fraco, além de “QTEs” que se realizam automaticamente.

Existem momentos que enfrentamos “exércitos” de inimigos, tanto sozinhos como com nosso próprio “exército”, dando uma cara de musou, e é impressionante o quanto o jogo lida bem com essa variação de número de inimigos. Temos uma árvore de habilidades bem generosa (que não tem formato de árvore) e algumas novidades no combate como ataques a longa distância e um gancho que também nos permite acessar locais difíceis.

E as batalhas navais?

Sim, elas estão presentes pela primeira vez na franquia, e talvez a última, mas nunca se sabe. E devo ser sincero, esse tipo de jogabilidade é bem melhor do que eu esperava, e consegue fazer o básico que alguns jogos de piratas não fazem (sim, estou falando de Skull and Bones). Mas diferente dos outros jogos, a gameplay com os navios aqui é bem mais arcade. E o que isso quer dizer?

Quer dizer que você consegue fazer algumas coisas malucas como usar jatos como turbo do navio, dar drift com ele (exatamente isso que você leu), utilizar canhões de laser e outras coisas mirabolantes. E podemos invadir os navios inimigos e enfrentá-los dentro dele (ouviu isso, Ubisoft?). É simplesmente um mar de diversão.

Como é a exploração?

Podemos explorar o oceano com o navio também, procurando tesouros perdidos, explorando ilhas desconhecidas, cheias de desafios. O oceano também esconde inimigos poderosos, e recompensas que valem a pena todo o esforço gasto na exploração.

E o mesmo pode ser dito quando estamos a pé. O jogo possui três mapas distintos, sendo dois deles mais curtos, a Ilha Rich e Madlantis (que é a ilha dos piratas, parecida Port Royal de Piratas do Caribe, inclusive, esse jogo tem referências excelentes a diversas franquias famosas).

E podemos explorar o Havaí novamente, em todas a sua glória, com o mapa completo que vimos em Infinite Wealth, mas com algumas novidades bem-vindas. A exploração neste mapa é bem parecida com aquilo que vemos no jogo anterior, inclusive em relação aos personagens que conhecemos nele. E o melhor, todos os minigames estão de volta, mais divertidos que nunca.

Qual o veredito?

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é facilmente um dos grandes jogos deste início de ano, colocando a diversão em primeiro lugar e alcançando de forma muito tranquila. É um jogo bem completo, com conteúdos a rodo, uma história interessante, ótimos personagens, trilha sonora e tudo mais.

Porém, peca bastante no quesito visual. Peguei alguns erros de tradução também, que apesar de ocorrem em momentos “chave”, não incomodaram tanto, ainda mais levando em consideração o quão raros são. Fora isso, não tive muitos problemas no jogo, que roda em uma boa taxa de quadros no PS5 Pro. É um jogo que recomendo, principalmente para os fãs da franquia, mas se não for, é uma ótima porta de entrada também.

Outras reviews: