Quando o assunto são mães assustadoras do cinema, uma verdade se impõe: nem sempre elas sabem o que é melhor. Pelo contrário, muitas vezes, são justamente as responsáveis pelos momentos mais perturbadores das telonas. Em homenagem ao Dia das Mães, o Conecta Geek preparou uma seleção com 10 matriarcas inesquecíveis.
Aqui, o que vale é o impacto. Essas mulheres combinam autoridade com crueldade e dominam cada cena com presença ameaçadora. Não, você certamente não gostaria de ser criado por nenhuma delas. No entanto, assisti-las impondo terror sobre filhos, inimigos e até sobre si mesmas pode ser hipnotizante.
Sra. Voorhees em “sexta-feira 13”

Entre as mães assustadoras do cinema, poucas são tão marcantes quanto Pamela Voorhees, a matriarca vingativa de Sexta-Feira 13. Embora Jason tenha se tornado o rosto da franquia, foi Pamela quem iniciou o banho de sangue no Acampamento Crystal Lake.
Ela aparece apenas no final do primeiro filme. No entanto, seu impacto é imediato. Com um suéter de lã e uma blusa de gola alta, Pamela surge na floresta como um símbolo de terror. Seu olhar transtornado e a faca de caça em mãos revelam uma figura materna corrompida pela dor.

Interpretada por Betsy Palmer, a personagem impressiona com pouco tempo em cena. Mesmo assim, se destaca como a força original por trás da maldição do lago. Antes da famosa máscara de hóquei, era o luto de Pamela que guiava os assassinatos.
Portanto, quando falamos sobre mães assustadoras do cinema, Pamela Voorhees ocupa um lugar de destaque. Ela prova que o amor de mãe, quando distorcido, pode se transformar em algo verdadeiramente mortal.
Julia Cotton em “Hellraiser”

Ela pode não ser lembrada com a mesma frequência que outras vilãs maternas do terror, mas Julia, de Hellraiser, merece um lugar especial entre as figuras femininas mais perturbadoras do gênero. Embora tecnicamente seja uma madrasta, seu comportamento cruel e manipulador ultrapassa o estereótipo clássico e a transforma em uma presença verdadeiramente ameaçadora.
Interpretada com frieza e elegância por Clare Higgins, Julia exibe um olhar cortante o suficiente para eclipsar até mesmo Pinhead. Enquanto o vilão dos pregos na cabeça se apoia em sua estética grotesca, Julia constrói o horror de maneira mais sutil — e, justamente por isso, mais inquietante.

Ela trai o próprio marido com Frank, o tio de Kirsty, e mais tarde ajuda a ressuscitá-lo ao alimentar sua forma decadente com sangue de estranhos. A perversidade atinge seu ápice quando ela permite que Frank sacrifique o pai de Kirsty como parte do ritual. Nada mais impiedoso.
Nesse contexto, Julia se destaca como uma das mães assustadoras do cinema, mesmo que tecnicamente ocupe o papel de madrasta. Seu retorno em Hellbound: Hellraiser II reforça o quão impactante foi sua presença no primeiro filme. Com isso, ela prova que não é preciso ser a mãe biológica para assumir o papel de figura materna — e, claro, de vilã aterrorizante.
Peyton Flanders em “A Mão Que Balança o Berço”

Em A Mão que Balança o Berço, Rebecca De Mornay dá vida a uma das figuras mais inquietantes do cinema dos anos 90. Sua personagem, inicialmente conhecida como Sra. Mott, é levada ao extremo por um ciclo de perdas e desespero. Após o suicídio de seu marido — acusado de agressão sexual — e a perda traumática de sua gravidez, ela canaliza sua dor em um plano cruel de vingança.
Assumindo a identidade de Peyton Flanders, ela se infiltra na casa da mulher que julga responsável por sua ruína. Aos poucos, começa a sabotar a estrutura familiar da protagonista. Secretamente amamenta o bebê recém-nascido, manipula a filha mais velha para afastá-la da mãe, mina o casamento da família e conduz uma série de ações ardilosas e calculadas.

Dessa forma, Peyton se consolida como uma das mães assustadoras do cinema — ainda que sua maternidade seja marcada mais pela obsessão do que pelo afeto. Seu papel representa o auge das vilãs maternas da década de 1990, combinando charme, frieza e um senso distorcido de justiça. O resultado é uma antagonista que permanece no imaginário do público, justamente por ser tão meticulosamente perturbadora.
Debbie Salt em “Pânico 2”

No segundo filme da franquia Pânico, dirigido por Wes Craven, a figura aparentemente secundária da repórter Debbie Salt ganha um papel central e surpreendente. Ao longo da trama, ela surge como uma presença irritante, sempre rondando a ação de forma insistente — até revelar sua verdadeira identidade.
Na verdade, Debbie é Debbie Loomis, mãe de Billy, o assassino do primeiro filme. Motivada por vingança, ela traça um plano meticuloso para punir Sidney Prescott, a jovem sobrevivente que, em sua visão distorcida, arruinou sua família. A performance de Laurie Metcalf é magnética: intensa, frenética e absolutamente inesquecível. Em seus momentos finais, Debbie domina a cena com uma fúria calculada e um discurso que mistura mágoa, loucura e desejo de justiça.

Com isso, ela se consagra como uma das mães assustadoras do cinema, ao lado de outras figuras maternas que trocaram o instinto de proteção por um impulso destrutivo. Debbie Loomis mostra que, no universo do terror, o laço de sangue pode ser a origem de crimes igualmente sangrentos.
Erica Sayers em “Cisne Negro”

No intenso drama psicológico Cisne Negro, a personagem Erica Sayers, vivida por Barbara Hershey, surge com uma presença silenciosa, mas profundamente opressora. Mãe da protagonista Nina, ela aparece em poucas cenas, porém seu controle e obsessão ecoam por todo o filme. Cada gesto seu pesa como um lembrete constante da pressão que Nina carrega nos ombros.
Erica abandonou seus próprios sonhos para projetá-los na filha. Sua dedicação é sufocante, marcada por vigilância constante, manipulação emocional e uma devoção que ultrapassa os limites do amor saudável. O ambiente doméstico se transforma em um casulo claustrofóbico, onde Nina não consegue crescer sem sentir a sombra da mãe à espreita.

É justamente esse comportamento que garante a Erica um lugar entre as mães assustadoras do cinema. Ela não precisa de armas ou planos cruéis — sua arma é o controle psicológico. E, nesse aspecto, é tão ameaçadora quanto qualquer vilã clássica do terror. Em um filme onde a sanidade escorrega pelos dedos, a figura materna assume o papel de força silenciosa, mas devastadora.
Deborah Logan em “A Possessão de Deborah Logan”

No filme A Possessão de Deborah Logan, a figura de Deborah não é assustadora por escolha própria. Na verdade, sua história é tragicamente humana, e sua doença é uma consequência da demência que a toma. No entanto, essa condição se torna algo ainda mais perturbador à medida que o filme avança.
A trama segue uma equipe de filmagem que documenta a rotina de Deborah e sua filha, enquanto tentam lidar com os efeitos devastadores da doença. A situação se complica quando a perda de memória de Deborah começa a se entrelaçar com uma presença sobrenatural. O que parecia ser apenas um drama familiar rapidamente se transforma em um pesadelo. O espírito maligno que a assola usa Deborah como um instrumento para espalhar o mal.

A performance de Jill Larson como Deborah é uma das mais memoráveis do gênero. Ela transmite a fragilidade de uma mãe que, embora presa em seu próprio corpo, ainda mantém uma força aterradora. A cena final do filme, em particular, é de tirar o fôlego — e é melhor ir sem spoilers, mas garanto que você jamais verá Deborah da mesma maneira novamente.
Amélia em “The Babadook”

Em O Babadook, a vida de Essie já estava longe de ser fácil. Viúva e lutando para criar um filho extremamente problemático, ela já enfrentava dificuldades imensas. No entanto, quando um ser misterioso e macabro, conhecido como o Babadook, entra em sua casa, a situação vira um verdadeiro pesadelo.
A criatura, que faz um som arrepiante durante a noite, não é apenas uma ameaça sobrenatural. Ela representa os medos internos de Essie, manifestando sua ansiedade e depressão de maneira física e aterradora. Cada ataque da criatura é uma expressão das crises emocionais que Essie tenta suprimir, mas que logo se tornam incontroláveis.

Essa luta interna e externa estabelece Essie como uma das mães assustadoras do cinema. Sua transformação de uma mãe que já sofre com a perda para uma figura que se vê consumida pela monstruosidade do Babadook cria um dos mais intensos ícones do terror moderno. A jornada dela é um retrato da maternidade desfigurada pela dor e pela perda de controle.
Annie Graham em “Hereditário”

Em Hereditário, de Ari Aster, Annie Graham é o centro de um caos familiar que desmorona lentamente — ou talvez rápido demais para se perceber. Interpretada com intensidade impressionante por Toni Collette, Annie começa como uma mulher devastada pela perda, tentando manter a família unida após tragédias seguidas. Porém, conforme a dor se transforma em desespero, a fronteira entre realidade e loucura começa a ruir.

Ao longo do filme, Annie mergulha em rituais obscuros, confronta segredos perturbadores e, aos poucos, perde o controle da própria mente. Sua presença em cena é uma força em constante erupção. Collette entrega uma atuação visceral — oscilando entre raiva, desespero e um terror que cresce de maneira quase insuportável.
Red (Vermelho) em “Nós”

Em Nós (Us), de Jordan Peele, Lupita Nyong’o entrega uma das performances mais impactantes do terror contemporâneo — e injustamente ignorada pelo Oscar. Sua interpretação da perturbadora Red, a sósia silenciosa e vingativa de Adelaide, é ao mesmo tempo, hipnotizante e aterradora.
Red invade a casa de férias da família original, liderando uma das sequências de invasão mais assustadoras do cinema recente. Seu objetivo? Confrontar aqueles que viveram confortavelmente “na superfície” enquanto sua contraparte e os demais apodreciam no subsolo, esquecidos, alimentando-se de coelhos crus e vivendo à sombra de vidas que nunca puderam ter.

Curiosamente, Red é uma mãe que demonstra zelo com os próprios filhos, mas isso não suaviza sua crueldade. Pelo contrário: sua dedicação é distorcida por anos de dor, abandono e revolta. A maternidade, nesse contexto, se transforma em uma arma, e Red a empunha com convicção.
Dessa forma, ela se consagra entre as mães assustadoras do cinema. Não apenas por seus atos, mas por representar a consequência extrema da exclusão e da repressão. Red não quer negociar, nem perdoar — ela veio para tomar o que acredita ser seu por direito.
Ellie em “A Morte do Demônio: A Ascensão”

A fórmula de Evil Dead Rise é clara: seguir o tom sombrio de A morte do demônio (2013) e adicionar um novo elemento — filhos. A aposta rendeu bons frutos, especialmente graças à performance impressionante de Alyssa Sutherland, que vive Ellie, uma mãe solo que acaba possuída por uma força demoníaca.
Tudo começa quando três irmãos encontram o Necronomicon no porão do prédio onde moram. Sem saber, eles libertam uma entidade maligna que transforma sua própria mãe em um Deadite brutal. O impacto emocional é imediato. Ellie, no início, é retratada como uma mulher exausta, enfrentando dificuldades financeiras e lutando para proteger seus filhos. Por isso, ver essa figura protetora se transformar em uma criatura que ameaça a própria família torna a experiência ainda mais angustiante.

Sutherland entrega uma atuação memorável. Alta, magra e com feições marcantes, ela usa cada centímetro de seu corpo em movimentos distorcidos, quase impossíveis, que acentuam o horror de sua presença. Entre gritos, risos insanos e ameaças sádicas, Ellie se torna uma entidade monstruosa — uma verdadeira personificação do pesadelo familiar.
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