Lançado em 1993, O Estranho Mundo de Jack é considerado um clássico da animação stop-motion, conquistando gerações com sua estética e história única. Com os anos, a produção tornou-se tradição nas celebrações de Halloween, assistida anualmente por fãs do carismático Jack Skellington.
A história acompanha Jack, o Rei das Abóboras da Cidade do Halloween, que, entediado com a rotina anual de assustar as pessoas, descobre acidentalmente a mágica Cidade do Natal. Encantado pelo espírito alegre e colorido da festividade, Jack decide trazê-la para sua própria cidade. Com a ajuda dos excêntricos habitantes, ele tenta recriar o Natal à sua maneira, mas suas boas intenções acabam gerando uma série de situações caóticas e hilárias.
Além do enredo único, o filme cativou o público pela complexidade da animação stop-motion. Para a época, a produção, com centenas de bonecos detalhados e cenários minuciosos, era impressionante, estabelecendo o longa como um marco técnico e artístico que inspiraria futuras gerações de animadores. Pensando nisso, reunimos 20 curiosidades imperdíveis sobre O Estranho Mundo de Jack que você, provavelmente, não sabia. Confira:
Um poema recusado pela própria Disney

Antes de se tornar filme, O Estranho Mundo de Jack começou como um poema escrito por Tim Burton nos anos 1980, enquanto ele trabalhava em “O Caldeirão Mágico”, da Disney. Originalmente pensado para se tornar um livro infantil ilustrado, o texto foi apresentado ao estúdio, que rejeitou a ideia por considerá-la “sombria demais” para o público infantil. Anos depois, a Disney revisitou o projeto, dando vida à história que se tornaria uma das animações mais icônicas do cinema.
Tim Burton não dirigiu o filme

Embora o longa traga o nome dele no título, a direção foi de Henry Selick, enquanto Burton cuidou da produção e do conceito visual. Na época, ele estava ocupado com “Batman: O Retorno”.
A produção levou mais de três anos

Com 24 quadros por segundo, cada segundo exigia 24 fotografias individuais. No auge da produção, cerca de 120 pessoas trabalhavam no projeto, e foram necessárias mais de 109 mil fotos para completar o filme.
A equipe produzia apenas um minuto de filme por semana

Devido à dificuldade para a montagem das cenas, o ritmo da produção da animação era extremamente lento: cada animador conseguia gravar de um a dois minutos por semana. Qualquer erro, por menor que fosse, podia forçar o reinício completo da filmagem.
Os cenários eram minuciosamente detalhados

Foram construídos 19 sets diferentes. Cada um deles tinha com cerca de 60 cm de altura e eram operados manualmente. Tudo, das portas a luzes, precisava ser ajustado quadro a quadro.
Tim Burton quase destruiu o set

Durante a produção do longa, Burton ficou tão frustrado com uma sugestão de alterar o final que chegou a chutar um buraco na parede do estúdio. O momento foi registrado com a frase “Tim kicked a hole here” (“Tim chutou um buraco aqui”) e o pedaço da parede acabou sendo emoldurado como lembrança.
As luzes foram manipuladas manualmente

Para manter a continuidade da iluminação e das sombras, as luzes precisavam ser ajustadas manualmente a cada novo frame. Era um dos trabalhos mais técnicos e delicados da produção.
Os personagem tinham mais de um animador

Selick dividiu a equipe de animação em núcleos focados nos personagens principais. Cada núcleo era responsável por manter a consistência nos movimentos e nas expressões. Jack, por exemplo, contou com quatro animadores principais trabalhando em conjunto para dar vida ao personagem.
Jack teve mais de 400 expressões faciais

Foram criadas 400 cabeças diferentes para Jack, cada uma com uma expressão única. Essas cabeças permitiram que Jack tivesse transições sutis de emoção sem cortes bruscos na cenas. O resultado é uma performance visual extremamente fluida, algo raro para animações da época.
Sally foi a personagem mais difícil de animar

Sally exigiu um dos trabalhos mais complexos de toda a produção. Como ela tinha membros finos e articulados por fios internos, era comum que as juntas se soltassem ou quebrassem durante a filmagem, o que atrasava as cenas.
Além disso, diferente de Jack, cuja cabeça podia ser substituída para expressar diferentes emoções, o cabelo de Sally impedia esse processo. A solução foi desenvolver um sistema de máscaras removíveis para trocar as expressões faciais sem comprometer o visual da personagem.
Luz negra exigia proteção dos animadores

As cenas no covil de Oogie Boogie foram gravadas sob luz negra intensa, o que obrigava os animadores a usarem óculos de proteção e protetor solar para suportar as longas horas sob iluminação ultravioleta.
A luta para manter Jack sem olhos

No começo da produção, a Disney queria que Jack apresentasse olhos mais “amigáveis”, mas Burton e Selick optaram pelos tradicionais buracos escuros que se tornariam marca do personagem.
Segundo a MousePlanet, Burton explicou que a decisão ia contra o que normalmente se espera na animação: “A primeira regra da animação desenhada é que você precisa ter olhos para expressão. Achei que seria ótimo dar vida a esses personagens que não têm olhos.” Ele acrescentou: “A Disney realmente tentou nos convencer a dar a Jack esses olhos amigáveis em vez de buracos escuros, mas não cedemos.”
O terno risca de giz foi uma solução técnica

O icônico traje listrado de Jack surgiu de uma necessidade prática. O diretor Selick percebeu que o corpo preto do personagem se perdia nos cenários sombrios, então adicionou listras brancas para destacá-lo.
A trilha sonora foi composta antes do roteiro

Danny Elfman escreveu quase todas as canções antes mesmo do roteiro estar pronto, baseando-se apenas no poema de Burton. A estrutura musical do compositor guiou o desenvolvimento da história.
Danny Elfman também dublou Jack

Além de compor a trilha sonora, Elfman dublou o protagonista nas partes cantadas. As falas ficaram por conta de Chris Sarandon, escolhido por ter voz semelhante ao músico.
Oogie Boogie quase teve final inesperado

No roteiro inicial, Oogie Boogie seria revelado como o Dr. Finkelstein disfarçado, mas Burton odiou a ideia e exigiu que os dois personagens permanecessem distintos.
Jack aparece em outros filmes de animação

Jack teve algumas participações especiais em outras produções, como “James e o Pêssego Gigante“, “Coraline e o Mundo Secreto” e até “Beetlejuice: Os Fantasmas se Divertem“. São easter eggs deixados por Selick e Burton nas outras obras.
Uma pequena referência a personagens clássicos da Disney

Durante a cena final, na qual as crianças acordam na manhã de Natal, é possível ver que elas vestem pijamas do Mickey e do Donald, uma pequena referência ao estúdio que, ironicamente, achou o filme “sombrio demais”.
O filme foi indicado ao Oscar, mas não por animação

Em 1994, O Estranho Mundo de Jack foi indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais, uma das primeiras vezes que uma produção em stop motion recebeu destaque técnico na premiação.
Continuação em CGI foi cogitada

Nos anos 2000, a Disney sugeriu fazer uma sequência digital de O Estranho Mundo de Jack. Selick recusou imediatamente, afirmando que uma continuação poderia destruir a história original. “Disseram-me ‘Ah, queremos fazer uma sequência, mas precisa ser em CGI’ e eu respondi ‘Não, absolutamente não’”, contou o diretor em entrevista ao GamesRadar+.
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