Lembra quando ir ao cinema era praticamente um ritual? Comprar ingresso, escolher o lugar (de preferência longe de quem fala alto), gastar um rim na pipoca e, claro, assistir àquele filme que estava sendo aguardado há meses, com trailers, fila e toda a atmosfera da sala escura. Pois é… essa cena tá cada vez mais rara. E a pergunta que muita gente faz é: será que o streaming matou o cinema?
De uns anos pra cá, principalmente depois da pandemia, o que mais tem bombado é a sessão particular no sofá de casa. E, sejamos sinceros, quem nunca ficou feliz por assistir a um lançamento de pijama, sem fila, sem pagar R$ 25 na pipoca e ainda podendo pausar o filme pra ir ao banheiro sem perder nada?
Não dá pra fingir que o streaming não mudou o jogo. Netflix, Prime Video, Disney+, HBO Max e outras plataformas estão entregando produções direto na nossa casa. E, por mais que o cheirinho de pipoca do cinema ainda tenha seu charme, muita gente simplesmente não vê mais necessidade de sair de casa pra ver um filme — principalmente quando o ingresso custa o preço de uma assinatura mensal de streaming.
Mas calma, será que isso significa o fim do cinema? Não exatamente. O que está rolando é uma transformação no jeito que a gente consome entretenimento. E spoiler: tem muito mais coisa envolvida nessa equação do que só “comodidade”.
Os números mostram: as salas estão mais vazias, principalmente nas sessões de filmes menores, aqueles que não têm super-heróis, efeitos especiais absurdos ou grandes astros. O público parece cada vez mais seletivo. Ou é o novo Vingadores, ou é o próximo fenômeno tipo Barbie, ou… fica pra ver em casa mesmo.
E isso gera um efeito dominó: com menos gente indo ao cinema, os estúdios apostam menos em produções feitas “pra telona” e mais em filmes pensados direto pro streaming. Aquela experiência cinematográfica, grandiosa, que só funciona no escuro da sala com som potente, tá virando quase artigo de colecionador.
Outro ponto que pesa — e muito — é o preço. Vamos combinar: ir ao cinema hoje não sai barato. Ingresso, estacionamento, pipoca, refrigerante — quando você vê, gastou o equivalente a três meses de streaming. E, na comparação, o custo-benefício do sofá acaba ganhando fácil.
Só que ao mesmo tempo, tem coisa que o streaming não entrega. O impacto de ver um filme como Duna, Oppenheimer ou Avatar no cinema é outra história. É aquela vibe coletiva, o som vibrando no peito, a tela gigante te engolindo. Em casa, por melhor que seja a TV, não tem a mesma graça.
O problema é que o cinema virou “evento”, não mais rotina. A gente vai pro cinema quando o filme promete ser um espetáculo visual, um mega blockbuster ou algo que todo mundo vai comentar. No resto do tempo, o bom e velho sofá resolve. Isso afeta o mercado? Com certeza. Salas vazias significam menos lucro, menos empregos, menos produções arriscadas.
Mas será que dá pra culpar só o streaming? Nem tanto.

O que muda quando o cinema vira só pra quem tem grana (e paciência)
A verdade é que ir ao cinema virou algo elitizado em muitos lugares. Os preços subiram tanto que não dá mais pra ser um rolê casual. Muita gente precisa escolher: ou vai ao cinema, ou paga o streaming do mês. E, claro, a segunda opção parece muito mais vantajosa.
Sem falar que o cinema, como espaço físico, também perdeu muito do conforto em algumas regiões. Poltronas apertadas, som mal calibrado, salas mal cuidadas… Enquanto isso, os streamings investem cada vez mais em tecnologia, conteúdo exclusivo e experiências personalizadas. E, sinceramente, isso pesa na decisão de sair ou ficar em casa.
Tem também a questão do tempo. A vida tá corrida, e parar tudo pra ir ao cinema nem sempre encaixa na rotina. Já o streaming, tá ali, disponível 24h, pronto pra ser consumido quando der. É prático, é rápido, é flexível.
E a pandemia só acelerou esse processo. Durante quase dois anos, o cinema ficou fechado ou funcionando com restrições. Nesse período, as plataformas se aproveitaram e ganharam milhões de novos assinantes. Muita gente criou o hábito de ver tudo em casa e, agora, não vê mais sentido em mudar isso.
O resultado? Salas vazias, principalmente em filmes que não são megaproduções. Aquelas comédias românticas, dramas, filmes cults ou produções mais autorais, que antes tinham seu público fiel, hoje mal enchem uma fileira.
Mas o buraco é mais embaixo. Não é só o streaming que precisa ser apontado como vilão. Tem uma série de fatores: o preço, o conforto, a experiência oferecida (ou a falta dela) e até o tipo de conteúdo que tá sendo produzido.
Afinal, a gente ainda se emociona, vibra e comenta quando um filme consegue entregar uma experiência completa no cinema. O problema é que essa experiência tá cada vez mais restrita e, muitas vezes, cara demais.
O futuro é misturado: cinema de nicho, streaming como rei e o público no controle
Apesar do clima de fim dos tempos, o cinema ainda respira. Mas o cenário mudou. Hoje, ele funciona quase como um espaço premium, voltado pra grandes estreias e públicos mais apaixonados. As salas lotam em estreias de franquias gigantes, filmes que viram eventos culturais ou lançamentos que prometem experiência audiovisual diferenciada.
O resto? Migra pro streaming. E, convenhamos, tem muita produção que já nasce pensada pra ser vista no sofá, no tablet ou até no celular. Isso não é necessariamente ruim, mas muda a forma como o público consome e valoriza o cinema tradicional.
O interessante é que o poder de escolha nunca foi tão grande. Antes, ou você ia ao cinema, ou esperava meses até o filme passar na TV. Hoje, com o streaming, a janela de espera diminuiu. Muitos filmes chegam rapidinho nas plataformas. Isso dá autonomia, mas também tira o senso de urgência de correr pro cinema.
Ao mesmo tempo, cresce o investimento em cinemas premium, com poltronas reclináveis, som de última geração, salas 4D… Tudo pra tentar resgatar o encantamento da experiência fora de casa. Mas, de novo, isso custa, e muito.
Talvez o futuro seja híbrido. Cinema pra quem busca espetáculo, streaming pra quem quer conforto. E o público no controle, escolhendo quando e onde assistir.
A única certeza? O jeito que consumimos entretenimento nunca mais vai ser o mesmo. E, sinceramente, tudo bem. Desde que a gente continue se emocionando, seja na poltrona da sala ou na poltrona do cinema.
As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Conecta Geek.
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