A um tempo atrás tive a oportunidade de testar um preview de Pacific Drive e tive, na época, um misto de sentimentos em relação ao jogo. Tudo iniciou com uma decepção, que se mantém no jogo final. Pacific Drive é um jogo que possui muitos diálogos, o que não é um problema, porém, não há suporte para o nosso idioma, algo que já foi muito comum, mas que em 2024 não é e nem deve ser aceitável.
Fora isso, o jogo me surpreendeu positivamente, tanto pelo visual quanto por suas mecânicas. Havia jogado a preview no PC, com o jogo no ultra com a resolução 4K, e o jogo era sim bonito, mas nada extraordinário. Desta vez, recebemos o código para PlayStation 5 (única plataforma que o jogo se encontra disponível além do PC) e devo dizer que novamente no quesito visual, fui surpreendido.
Apesar de o PlayStation 5 possuir uma especificação tecnicamente inferior àquela utilizada no PC, visualmente ele me pareceu bem mais bonito e fluido. Isso não quer dizer que o jogo no PS5 seja superior, mas dá um parâmetro de evolução que o jogo teve neste tempo a mais que ele ficou em desenvolvimento após a preview.
Do que se trata?
Dito isso, vamos ao que realmente interessa, que é o jogo em si. E bom, de início, é possível colocar o jogo em três diferentes gêneros: “roguelike”, sobrevivência e “survival horror”. Este último acredito que não se encaixe, mas citei, pois, vi algumas pessoas o encaixando neste gênero, de maneira errônea, na minha opinião.
Pacific Drive inicialmente se mostra como um jogo de sobrevivência bem diferenciado pois, ao invés de focar no progresso do nosso personagem, o foco fica em seu carro. Este é um mundo fantasioso, que nos possibilita desbravar Olympic Exclusion Zone, uma versão sobrenatural da parte noroeste dos Estados Unidos.
Nosso carro é um “ramnent”, um tipo de artefato sobrenatural que é objeto de pesquisa e pela primeira vez, este artefato assumiu tal forma. Bom, é por meio dele que conseguimos concluir as excursões que o jogo possui, sendo impossível concluir uma “fase” sem a sua utilização. Mas podemos nos locomover sem a sua utilização.
Como o jogo funciona?
Tanto ao dirigir o carro como fora dele, o jogo é na perspectiva de primeira pessoa. O carro tem como principal função nos locomover, mas ele também é capaz de nos proteger em muitos momentos. Fora do carro, temos muitos elementos de jogos de sobrevivência. Ao sair nas excursões, temos algumas missões principais de história, mas a principal coisa que vamos fazer é coletar recursos.
Pacific Drive está lotado dos mais variados recursos, que são principalmente utilizados para consertar e aprimorar no nosso carro. E são diversos os pontos do carro que podem ser consertados/aprimorados. Cada placa, cada porta, cada roda e cada pequeno elemento no carro possui uma barra de vida.
Essa barra de vida é diminuída de diversas maneiras, seja batendo com o carro em alguns dos diversos elementos presentes nos cenários, como placas, árvores, pedras etc. Mas também é afetada pelos inimigos que encontramos no jogo, e também pelos fatores climáticos decorrentes destes inimigos.
Quero deixar claro neste ponto que os inimigos não são do tipo que temos que lutar contra, eles são basicamente elementos dos cenários que estão lá para destruir nosso carro e nos impedir de concluir as excursões. E não é apenas o carro que possui uma barra de vida, nosso personagem também, inclusive uma barra de radiação também. Então, independente de qual dos dois perca a vida primeiro, o resultado é sempre o mesmo. Fim da excursão.
O cenário é o desafio
Voltando aos inimigos… O cenário é basicamente o nosso maior adversário. Iremos passar por áreas com alto índice de radiação, pequenos furacões, serras cortando o chão, áreas eletrificadas, corpos petrificados, entre outros. Existem também alguns inimigos mais padrão, geralmente com um visual mais robótico. Alguns não há a necessidade de lutar, porém, outros causam efeitos negativos enquanto estiverem vivos.
A maneira de enfrentá-los nos faz retornar aos elementos de sobrevivência citados mais acima na análise. Temos alguns materiais que possuem funções bem específicas, mas que podem ser utilizados no combate também. Para coletar recursos, em grande parte dos casos, teremos que destruir alguns elementos do cenário, que quase sempre se apresentam na forma de destroços de carros.
Nós temos uma ferramenta semelhante a uma serra circular que utilizamos para destruir destroços e assim, gerar os recursos para coleta. Essa mesma serra utilizada para coletar os recursos, pode ser utilizada em combate. Assim como um pé de cabra, que é comumente utilizado para arrombar portas, pode ser utilizado para atacar. Porém, estas ferramentas também possuem durabilidade limitada, o que requer uma análise antes da utilização.
Mas além destes elementos citados, existem uma grande variedade de outras ferramentas, que existem para coletar recursos específicos, mas que podem ser utilizadas de outras formas. Variedade na jogabilidade é algo que não falta aqui, e é bom citar também que a gasolina e a bateria do carro não são infinitas, sendo outro elemento a ficar de olho.
Fuga complicada
Existe um local no qual podemos consertar o carro, fazer upgrades, criar os itens etc. Ao completar um objetivo, sempre voltaremos a esta base, e a maneira de voltar para a base é bem curiosa e é o principal ponto a deixar clara a importância do carro.
Além de coletar os recursos para melhorias, existe um recurso específico que temos a obrigação de pegar, caso contrário, não será possível terminar a excursão. Este recurso se apresenta na forma de um globo energético, e por meio dele podemos abrir os portais que nos levam de volta para a garagem.
Mas não é simplesmente abrir o portal e já era. Os portais costumam ficar em uma distância considerável de onde o carro se encontra (só podemos abrir o portal dentro dele). Ao abrir um portal, temos que ir correndo para ele ou então iremos morrer. Eeste elemento funciona semelhante aos Battle-Royale que existem no mercado. Ao abrir o portal, corremos contra um círculo radioativo que nos causa dano ininterrupto ao contato. E existe também um segundo círculo que basicamente destrói tudo.
Porém, abrimos o portal apenas quando quisermos, e é aí que o elemento “roguelike” entra. Ao entrar em uma excursão, podemos coletar recursos e ir embora. Ou podemos avançar para um próximo mapa para coletar recursos. Mas pode ter certeza que será necessário avançar pelos mapas para concluir a história, e se por um acaso, você estiver no décimo mapa e morrer, isso mesmo, vai precisar fazer tudo de novo.
Caso precise dar uma saída, acredito que o jogo salve automaticamente no início do mapa mais recente acessado. Isto pois, em uma das minhas “runs”, o meu jogo “crashou”, porém, ojogo voltou no início do último mapa. Tive que fazer todo o avanço novamente, mas pelo menos não foi desde o início.
Mas em determinado momento aconteceu… Tive que começar novamente do zero, o que sempre dá uma raiva absurda, não é mesmo? Mas o jogo em si não é difícil, só requer uma atenção grande em todos os sentidos, principalmente na sua vida e nas partes do carro. Como não temos nenhum inimigo para lutar, estes elementos podem acabar passando em branco, mas fazem uma diferença absurda para concluir o jogo.
Tem história?
Bom, com este resumo de como o jogo funciona, acredito que tenha ficado claro que o principal objetivo de Pacific Drive é coletar recursos para melhoria do carro, mas para atingir o seu potencial completo, vai ser necessário realizar algumas missões principais da história.
Como disse lá no início, o jogo possui muitos diálogos (reiterando, todos em inglês), e todos eles referente a maneiras de explorar o “remnant” (o carro) e como ele pode ser utilizado para responder algumas das dúvidas que a humanidade possui naquele universo misterioso.
Mas o ponto forte mesmo é a gameplay, pois a história basicamente serve como combustível para melhoria nos elementos de jogabilidade. Caso seja uma preocupação sua um enredo, ele existe e é até interessante, mas para mim, é apenas mais um elemento do jogo.
Visual e trilha sonora
Acredito que na introdução desta análise, tenha ficado claro que Pacific Drive é bem bonito, e ficou ainda mais bonito despois do seu lançamento. O jogo possui uma gráfico cartoonizado, porém, isso não faz com que o jogo seja menos bonito. A paleta de cores do jogo é bem terrosa, com uma saturação bem baixa em quase tudo, com exceção de alguns pequenos elementos.
Isso faz com que estes elementos tenham um peso maior na cena quando se encontram em tela; O clima do jogo é dinâmico e muito bonito, e o visual do jogo é muito inspirados nos filmes dos anos 80, lembra bastante até mesmo Stranger Things.
Já a trilha sonora, não fica muito longe. É uma trilha muito presente e que cumpre bem o papel de criar uma boa atmosfera. O jogo possui mais de 20 faixas exclusivas que fazem você se sentir realmente naquele universo.
Vale a pena?
Para finalizar Pacific Drive, vão ser necessários cerca de 15 a 20 horas de jogo, que pode variar de acordo com cada jogador, afinal, “roguelike”. Mas todas essas horas não deixaram de ser divertidas. A jogabilidade é muito boa, são muitos elementos, mas que depois de certo tempo, ficam bem fáceis de assimilar.
O visual é bem maneiro e a trilha sonora também, fazendo um papel muito bem-feito na inserção daquela atmosfera. O jogo é desafiador, mas não é tão punitivo quanto alguns jogos são. Você vai sentir raiva em muitos momentos, com certeza, mas faz parte da experiência. E quando concluímos, a recompensa não poderia ser melhor.
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