A pirataria de mangás atingiu níveis alarmantes em 2024, com um crescimento de 56% no número de visualizações de conteúdo ilegal, segundo dados divulgados pela Muso, empresa especializada em monitorar a pirataria digital. O relatório revela que, nos últimos cinco anos, o consumo de mangás por meio de plataformas ilícitas cresceu impressionantes 347%, movimentando bilhões de dólares e colocando em xeque as estratégias de distribuição legal das editoras.
Conforme o Muso, apenas no primeiro trimestre deste ano, a pirataria de mangás gerou um prejuízo estimado em 16,5 bilhões de dólares, valor que saltou para 27,7 bilhões no quarto trimestre. Em comparação, a pirataria de programas de TV, que também registrou alta, ficou em 25,1 bilhões de dólares no início do ano e 32,2 bilhões no final. Os Estados Unidos e a Indonésia aparecem como os países que mais consomem conteúdo pirata, destacando-se no cenário global.
A dificuldade de acesso aos mangás de forma legal é apontada como um dos principais motivos para o aumento da pirataria. Entre os obstáculos estão a falta de lojas físicas, volumes esgotados e os altos preços cobrados pelas plataformas digitais oficiais, que muitas vezes não estão disponíveis em todos os países ou não oferecem traduções em diversos idiomas. Enquanto isso, os sites piratas suprem essas deficiências com traduções não oficiais, lançamentos simultâneos aos originais e, claro, a gratuidade ou preços bem mais acessíveis.
Diante desse cenário, editoras e o governo japonês têm intensificado esforços para combater a pirataria. Medidas como campanhas de conscientização sobre os prejuízos econômicos e culturais causados pela distribuição ilegal, além do aumento das penas para crimes de pirataria, estão sendo implementadas. Um exemplo recente foi o caso de Romi Hoshino, criador do site Manga Mura, condenado a pagar uma multa de 56 milhões de reais e cumprir três anos de prisão – a maior punição já aplicada no Japão por crimes desse tipo.
Conforme o jornal japonês, NHK, as editoras japonesas planejam expandir o combate a pirataria para fora do Japão. Inicialmente, segundo o advogado Hiroyuki Nakajima, o objetivo é derrubar sites e aplicativos ilegais, mas também é importante encontrar os operadores e penalizá-los criminalmente.
Enquanto o consumo ilegal continua a crescer, a indústria de mangás busca equilibrar a necessidade de proteger seus direitos autorais com a demanda por acesso mais democrático e acessível às obras. A questão, no entanto, ainda está longe de ser resolvida, e os números de 2024 mostram que o desafio só tem se ampliado.
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