Laufey
Foto: reprodução/NME

Popload Festival | Conheça Laufey, a estrela do jazz pop que está prestes a encantar o Brasil

Você pode até não saber pronunciar direito o nome dela — é “Lay-vay”, aliás —, mas, com certeza, já ouviu ou vai ouvir falar muito dela: Laufey. Aos 25 anos, essa islandesa-chinesa é uma das artistas mais adoradas da nova geração e vem conquistando o mundo com um som que parece saído de outra época, mas que conversa perfeitamente com quem vive agora, em 2025, fazendo playlists no Spotify, maratonando vídeos no TikTok e buscando músicas que falem de amor, saudade e recomeços.

Neste sábado (31), ela desembarca pela primeira vez no Brasil como uma das atrações mais aguardadas do Popload Festival. O show, no Parque Ibirapuera, promete ser daqueles para sair de alma lavada, meio melancólico, meio apaixonado, completamente encantado. Quem já conhece hits como “From the Start”, “Valentine” ou “Let You Break My Heart Again” sabe bem do que estamos falando.

A história de Laufey Lín Jónsdóttir — esse é seu nome completo — tem tudo para virar filme. Nascida em Reykjavík, na Islândia, filha de mãe chinesa e pai islandês, ela cresceu cercada por música clássica. Sua mãe, uma violinista profissional, fez questão de apresentá-la ao mundo das partituras desde pequena: violino, piano, violoncelo… todos esses instrumentos faziam parte da sua rotina. Desde cedo, ficou claro que ali havia talento, mas também uma dedicação admirável. Com menos de 15 anos, já se apresentava como solista com a Orquestra Sinfônica da Islândia.

 Laufey
Foto: reprodução/NME

Mas como toda boa história, veio a virada: na adolescência, Laufey se apaixonou perdidamente pelo jazz. Foi ouvindo vozes como Ella Fitzgerald, Chet Baker e Billie Holiday que ela começou a desenvolver sua identidade musical. A base clássica se misturou com melodias jazzy, um toque folk aqui, uma estética pop ali, tudo sutil, sofisticado, com uma melancolia envolvente que logo virou sua marca registrada.

Ela decidiu levar essa paixão adiante e se mudou para os Estados Unidos para estudar na prestigiada Berklee College of Music, em Boston. Ali, entre palcos pequenos e gravações caseiras, a mágica começou a acontecer. Em 2020, ainda estudante, lançou sua primeira faixa autoral, “Street by Street”, que viralizou rapidamente e revelou ao mundo uma artista única. De lá pra cá, sua carreira só cresceu. O EP Typical of Me, lançado em 2021, trouxe letras sinceras, arranjos minimalistas e uma honestidade emocional difícil de encontrar. Era jazz, sim, mas um jazz moderno, íntimo, que soava mais como uma conversa do que uma performance.

Em 2022, veio o primeiro álbum: “Everything I Know About Love”. Quase um diário musical, ele falava sobre ser jovem, se apaixonar, quebrar a cara e aprender com isso tudo. Músicas como “Valentine” e “Beautiful Stranger” são como pequenos poemas cantados, que confortam o ouvinte como um abraço. Não por acaso, os ingressos das primeiras turnês internacionais de Laufey se esgotaram em tempo recorde em lugares como Londres, Paris, Tóquio e Nova York.

Foi em 2023, com o álbum “Bewitched”, que Laufey deu um verdadeiro salto. A sonoridade ficou mais orquestrada, madura, e ela parecia ainda mais confiante como compositora. A faixa “From the Start” viralizou no TikTok e apresentou sua música para um público ainda maior, que talvez nunca tivesse escutado jazz, mas se encantou pela suavidade e emoção da sua voz. Laufey virou um fenômeno e, mais do que isso, uma espécie de símbolo para uma juventude que busca algo mais profundo na música, algo que fale com o coração, sem precisar gritar.

Em 2024, esse reconhecimento foi coroado com um Grammy de Melhor Álbum de Jazz Tradicional por Bewitched. Sim, aos 24 anos, Laufey já tinha um Grammy na estante e uma legião de fãs ao redor do mundo. E tudo isso mantendo seu jeito tímido, sua estética vintage inspirada nas divas dos anos 50 e 60, e uma sensibilidade artística que parece vinda de outro tempo mas que, paradoxalmente, se encaixa perfeitamente no agora.

Essa estética, aliás, é parte essencial do apelo de Laufey. Seus clipes, figurinos e materiais visuais evocam uma aura retrô irresistível: vestidos de cetim, cabelo ondulado, fotos com tons sépia, tudo muito pensado, mas nunca artificial. É uma estética que combina com sua proposta musical e que reforça a ideia de que o delicado, o sutil, o calmo também podem ser poderosos. Em tempos de música super produzida, refrões explosivos e clipes hiperativos, Laufey surge como um antídoto: ela desacelera tudo, convida o ouvinte a prestar atenção, a sentir.

Sua chegada ao Brasil, portanto, tem um sabor especial. O Popload Festival, conhecido por escalar artistas que estão redefinindo a música contemporânea, acerta em cheio ao trazer essa voz que é, ao mesmo tempo, clássica e moderna. O Parque Ibirapuera, com seu clima outonal, sua natureza e seu astral acolhedor, parece o cenário perfeito para o que promete ser uma noite inesquecível.

No setlist, o público pode esperar as favoritas dos fãs — “Promise”, “Lovesick”, “California and Me” —, entre outras, com arranjos que passeiam entre o folk, o jazz, a música clássica e o pop mais sensível. Quem já viu a artista ao vivo diz que seus shows têm um clima quase mágico: como se o tempo parasse por alguns instantes e tudo o que existisse fosse aquela voz doce, aquele violão preciso e aquela entrega sincera. É o tipo de apresentação que marca, que toca fundo, que a gente leva pra casa no peito.

 Laufey
Foto: reprodução/NME

Laufey se tornou, também, um fenômeno cultural entre jovens que procuram músicas mais introspectivas, que falam de saudade, amor, vulnerabilidade e pertencimento. Num mundo onde tudo parece performático demais, ela surge como alguém que canta porque sente, e isso faz toda a diferença. É quase raro, hoje em dia, encontrar uma artista que não se apoie em fórmulas fáceis, mas que ainda assim alcance tanto sucesso. Laufey prova que ainda há espaço para o sensível, para o simples, para o verdadeiro.

Se você ainda não ouviu, a recomendação é clara: corra para escutar “From the Start”, “Let You Break My Heart Again” e “Falling Behind”. Deixe-se envolver pelas melodias, pelas letras, pela atmosfera. E, se tiver a sorte de estar no Popload Festival, prepare-se para um show que provavelmente vai morar com você por muito tempo.

Porque Laufey não é só uma cantora. É uma experiência emocional. E, depois de ouvi-la, você talvez veja a música — e o mundo — com um pouco mais de poesia.

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Jornalista e formada em Cinema, apaixonada por cultura asiática e por contar histórias. Provavelmente já assisti tanto aos filmes do Adam Sandler que poderia atuar em qaulquer um sem precisar de roteiro.