Marvel Rivals veio como uma grande surpresa em forma de Beta Fechada no mês passado e terminou no começo de agosto no dia 4. Mas o período em que o Beta esteve disponível valeu cada segundo, proporcionando muita diversão e boa competitividade. Contudo, antes de falar sobre ele, eu preciso falar sobre os outros Hero Shooters que existem nesse meio dos games.
Contextualizando os Hero Shooters
Estamos distantes de 2016, o ano em que Overwatch pegou o mundo de surpresa e simplesmente criou um tipo de shooter novo – um tipo de combinação de Team Fortress 2 com League of Legends e muita inspiração em anime e jogos de luta em geral.
Overwatch criou o Hero Shooter: o gênero nos traz personagens únicos, cativantes, e cheios de personalidade, cada um com um gameplay diferente do outro, e com classes diferentes das outras, como tanques, DPSs (que são focados em dano) e suportes; bem como diferentes modos em que uma equipe de 6 (hoje 5) jogadores precisavam confrontar outro time cujos objetivos eram defender ou atacar bases; ou mover cargas até o final do mapa –muito parecido com a estrutura de League of Legends. A forma como o jogo te fazia ser um campeão em todas as partidas era um grande diferencial.
Então, pasmem, com o “boom” do gênero na época (ele até ganhou o Game of the Year da The Game Awards), todo mundo queria um pedaço desse sucesso. Nasce, enfim, a era dos Hero Shooters – e devo dizer que a maioria dos jogos não chegou nem aos pés do sucesso de Overwatch.
Tínhamos Paladins, LawBreakers, Battleborn, umas variações mais criativas – e que até deram certo, como Valorant e Apex Legends. Assim, os elementos de Overwatch dominaram até mesmo outros shooters de sucesso, como Call of Duty e Rainbow Six.
Assim, CoD veio com a ideia de usar operadores com o objetivo de dar mais uma “identidade” para o jogador. Apesar de não terem habilidades diferentes, essas identidades têm maneirismos, falas e algumas animações diferentes, mas nada tão drástico em mudanças, é mais uma skin mesmo.
Além de operadores, jogada da partida e uma espécie de votação dos melhores players da partida também foram introduzidas. Então, todo tipo de jogo online queria parte do que fazia Overwatch especial, e isso é uma prova do quão influente ele foi, mesmo com sua série de problemas.
Então, muitos tentaram surfar na onda do Hero Shooter, mas poucos foram aqueles que conseguiram a força que Overwatch tinha. Eu, pessoalmente, nunca me interessei por um Hero Shooter além de Overwatch, e quando anunciaram Marvel Rivals, eu via o potencial que o jogo tinha, mas não coloquei um pingo de fé que ele iria se manter ou ser bom como Overwatch e, felizmente, eu acredito que me enganei.
Um Hero Shooter com Personalidade
A primeira coisa que me surpreendeu de cara em Marvel Rivals foi sua arte. Geralmente, quando falamos de jogos de marcas licenciadas, estamos falando de um jogo que é feito para ser um cashgrab – feito para lucrar acima de tudo – sem nenhum tipo de personalidade.
Muitos jogos licenciados têm um estilo de arte que parece que foi feito por IA. Felizmente, não é o caso aqui! Marvel Rivals tem um estilo artístico muito maneiro e original, com ótimas rendições dos clássicos heróis da Marvel e que felizmente não segue a onda de tentar ser parecido com o estilo visual do MCU, e é muito satisfatório ver a interpretações desses heróis aqui.
Como Marvel vs Capcom fez antigamente, ele não deu um Ctrl C, Ctrl V no visual dos heróis: eles pegaram um dos artistas da Capcom (Bengus) e fizeram ele redesenhar os personagens para deixá-los com o aspecto da Capcom.
Esse é um tipo de choque de cultura que faz um grande diferencial jogos do gênero, e apesar de Marvel Rivals não ter a excelência artística de Marvel vs Capcom, ela sem dúvidas tem muita personalidade e isso é refletido no jogo inteiro: seus menus dinâmicos; a apresentação do jogo em geral; e seus gráficos, que tem esse visual com cel shade feito para deixar o jogo mais cartunesco.
Tiro, porrada e magia
O gameplay de Marvel Rivals é extremamente divertido, viciante e fluido. Ele é bem parecido com Overwatch em relação a estrutura geral, dividido em time aliado e inimigo de 6 jogadores.
Mas é importante dizer que não temos limite de papel: o time pode fazer a composição que que bem entender. Ou seja, se quiser jogar apenas com DPS, manda bala. Contudo, assim como Overwatch no começo de sua vida, dá pra perceber claramente que a composição certa é com dois personagens de cada papel designado. Então, eu espero que eles dividam o jogo em modos futuramente para não causar frustrações – como Overwatch causava.
Nessa beta também tivemos os modos de jogo de mover carga, e dominar território, mas sem muita surpresa até aqui.
O jogo também se diferencia sendo em terceira pessoa ao invés de primeira, o que é bem maneiro pois um dos grandes atrativos dele é o visual dos personagens e suas skins. Além disso, a gameplay de tiro é extremamente fluida e bem-feita, com uma variedade gigante de personagens e diferentes gameplays
Personagens
Me surpreendeu bastante eles conseguirem colocar o Homem-Aranha e o Venom nesse tipo de jogo, que sem dúvidas são uns dos personagens mais difíceis para fazer funcionar em um jogo competitivo como esse.
Ambos possuem o Web Swing e ele funciona bem, já que as fases tem bastante espaço e verticalidade – elas foram feitas pensando em personagens que pulam alto, correm bastante, se locomovem pelas paredes e, claro, voam.
Mesmo assim, não é a baderna desbalanceada que se espera. Um personagem como o Justiceiro, por exemplo, não voa e nem salta como um canguru, mas ele tem bastante controle no chão, e sua metralhadora pode trucidar personagens voadores que não possuem o cuidado de tirar a cara quando levam dano – além de poder trocar para uma shotgun se algum outro personagem vier para cima dele.
Mas isso não é garantia de que o jogo vai ser um show de balanceamento. Na verdade, ele possui muita roubalheira e personagens que irritam a beça. A Feiticeira Escarlate foi uma grande frustração para mim, visto que ela controla como a Moira de Overwatch, em que você só precisa segurar o botão de ataque para que ela sugue a energia vital dos personagens. Além disso, ela também tem bastante opção de fuga, então caso você esteja perto de “deitar ela no tiro”, ela se transforma em um corvo e foge para se curar ou esperar suporte. No fim das contas, ela é o que muito jogador de Moira sonha em ser: um char inteiramente DPS.
Um dos maiores destaques para mim foi a variedade de personagens voadores! Ao contrário do que se imagina, eles não são irritantes. Eu amei, de coração, jogar com o Senhor das Estrelas, ele funciona como uma Tracer da vida: tem esquivas especiais e pode voar por um tempo limitado. O que eu fiz de combo divertido com ele não está escrito.
Apesar de chamarmos ele de um shooter, o jogo possui personagens porradeiros, então o Hulk, Homem-Aranha, Venom, Pantera Negra etc, são personagens corpo a corpo focados em melee, mas eles funcionam tão bem quanto os atiradores, e têm ferramentas que os ajudam na gameplay.
Outra mecânica que faz Marvel Rivals se diferenciar dos demais são as habilidades de time que, dependendo da formação e dos personagens escolhidos, eles ganham habilidades únicas que podem mudar totalmente o rumo do jogos e, claro, incentiva o time a escolher bem a sua formação de heróis para ter acesso a essas habilidades.
Então, se você escolher Senhor das Estrelas, Mantis e Adam Warlock (Guardiões da Galáxia), eles terão a habilidade de voltar à vida na hora caso morram, além do posicionamento escolhido pelo jogador.
Rocket Racoon e Justiceiro possuem uma sinergia que lhes dá munição infinita por área, Homem-Aranha e Venom dá ao Peter o simbionte, então ele ganha uma habilidade nova baseada no simbionte etc. É uma das partes mais importantes da composição de time e da gameplay em geral, e é um ótimo diferencial e incentivo para que os jogadores não montem os piores times da terra, mas claro que nada os impede de escolher um time ruim.
Cenário
Um último ponto a se mencionar, mas não menos importante, é a destruição no cenário. O cenário pode se destruir quando atacado (e pode se reconstruir também), o que pode fazer os inimigos – ou seu time – a engajarem mais, então não dá pra ficar parado em quase nenhum ponto do mapa. Foi glorioso ver o meu time trucidando o cenário do jogo junto a equipe inimiga, foi um show de visual e poderes se colidindo.
Ótima dublagem e ótimo design de sons
Outro ponto a se elogiar é, sem dúvidas, o design de som de Marvel Rivals, que é sempre um ponto importante pAra shooters e, principalmente, para Hero Shooters, porque grande parte da identificação dos personagens se dá pela forma com que eles emitem sons: o som de seus ataques, de suas falas e até mesmo de seus passos são partes vitais do gameplay.
Você identifica que o inimigo ou aliado está usando uma Ult (ultimate) quando ouve o grito que eles dão. Isso te faz ficar alerta ao que está acontecendo e te dá margem para pensar no que fazer. Marvel Rivals faz tudo isso muito bem, e devo elogiar a sua dublagem, pois eles pegaram ótimos dubladores pra cada um dos personagens (apesar de achar a voz do Homem-Aranha bem irritante por aqui).
Se você joga no PlayStation 5 como eu, então sim, o controle emite sons também, mas nesse caso se você estiver no chat de voz do jogo ( e estiver jogando sem fone), o que o seu amigo ou aliado falar vai sair pelo controle, além de você também pode se comunicar se o microfone do controle estiver ativo. Isso é bom para entender com mais clareza o que o time está falando (se eles forem de se comunicar), mas claro que pode ser irritante. Então, como todo bom jogo, o jogador pode desativar essa função.
E já que eu falei das funções do Dual Sense, o gatilho adaptável também funciona aqui, e é bem-feito de modo geral. Ele emula muito bem o peso e a vibração da arma ao atirar, ou o peso das porradas dos personagens, mas é claro que se você for um jogador um pouco acima do casual, você pode desativar essas funções para ter mais precisão na hora de apertar os botões.
O que esperar?
O que jogamos foi apenas uma Beta, o jogo ainda vai ter mudanças e melhorias (assim espero) e o que foi apresentado mostra um polimento e qualidade acima da média.
Eu nunca boto fé em Heroes Shooters. O Concord que vai sair em breve se mostrou uma decepção pra mim, principalmente no estilo visual dele. A gameplay não me agradou muito também, mas não era ruim, ela apenas não tem um visual chamativo o suficiente para me agradar.
Em contrapartida, Marvel Rivals, além de possuir essa forte identidade visual, é muito divertido e relaxante de se jogar, e mostra que é um oponente a altura de outros jogos FTP se o suporte do jogo se mostrar competente. Ele tem tudo para ser um título de sucesso.
Marvel Rivals será Free to Play e tem previsão de sair em meados de 2025 para PlayStation 5, Xbox Series X e S, Microsoft Windows e macOS, com direito a Crossplay entre as plataformas.
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